NASA encontra sinais de oceano em lua de Saturno

Foto: Titã, a lua de Saturno. NASA.

A nave espacial Cassini e a Rede do Espaço Profundo (Deep Space Network), da NASA, descobriram evidências de que Titã, a lua de Saturno, abriga um enorme oceano subterrâneo, o que alimenta o interesse científico nesta lua como um possível lar para micróbios extraterrestres.

Em 2005, quando a nave Cassini descobriu vapor de água e gelo que emanavam de fumarolas localizadas perto do polo sul desta lua, os pesquisadores formularam teorias sobre a presença de uma reserva interior de água líquida. Novos dados sobre seu campo de gravidade, divulgados em 4 de abril de 2014, na edição da revista científica Science, reforçam o tema de um oceano oculto dentro de Titã.

As medições da gravidade sugerem um enorme, e possivelmente regional, oceano de aproximadamente 10 quilômetros de profundidade, localizado sob uma capa de gelo de aproximadamente 30 a 40 quilômetros de espessura. A evidência do oceano subterrâneo respalda a inclusão de Titã entre os lugares do sistema solar onde é mais provável que possa haver vida microbiana. Antes que a nave espacial Cassini chegasse a Saturno, em julho de 2004, nenhuma versão dessa curta lista incluía a esta lua gelada, que tem apenas 500 quilômetros de diâmetro.

“A variação da gravidade é um conceito que em física se chama Efeito Doppler, o mesmo princípio que se usa para o radar que mede a velocidade”, disse Sami Asmar, do Laboratório de Propulsão a Jato (Jet Propulsion Laboratory ou JPL), da NASA, localizado em Pasadena, Califórnia. Asmar é coautor deste material.

“À medida que a nave espacial voa por Titã, sua velocidade se vê perturbada. Quanto? Isso depende das variações do campo gravitacional, que estamos tratando de medir. Vemos a mudança na velocidade como uma alteração na frequência de rádio recebida em nossas estações localizadas aqui na Terra e que viajam através do sistema solar”, explica.“Isto nos oferece uma possível história para explicar porque a água está saindo aos borbotões destas fraturas que vemos no polo sul”, acrescenta David Stevenson, que é um dos coautores do trabalho, no Instituto de Tecnologia de Califórnia (California Institute of Technology), localizado em Pasadena.

“O material dos jorros do polo sul de Titã contém água salgada e moléculas orgânicas, que são os componentes químicos fundamentais para a vida”, afirma Linda Spilker, cientista do projeto Cassini no JPL. “Seu descobrimento expandiu nossa visão da ‘zona habitável’ dentro de nosso sistema solar e em sistemas planetários de outras estrelas. Esta nova validação de que um oceano de água se encontra atrás dos jatos fomenta a compreensão deste intrigante ambiente”.

Grande parte do entusiasmo pelo descobrimento do jorro de água em Titã, feita pela missão Cassini, provêm da possibilidade de que se origine a partir de um ambiente úmido que poderia ser um entorno favorável para a vida microbiana.

Chave são as mudanças de velocidade

A sonda Cassini já voou em torno de Titã 19 vezes. Três sobrevoos, desde 2010 até 2012, deram como resultado medições precisas da trajetória.

A técnica de analisar um sinal de rádio entre Cassini e a Rede do Espaço Profundo torna possível a detecção de mudanças tão pequenas na velocidade que podem ser menores que 90 micros por segundo. Com esta precisão, os dados do sobrevoo ressaltam a evidência de uma zona no interior do extremo sul da lua com maior densidade que outras porções do interior.

Não há certeza de que o oceano subterrâneo produza o jato de água pulverizada que emana das fraturas da superfície de Titã. Não obstante, os cientistas afirmam que é uma possibilidade real. As fraturas podem levar para baixo, a uma parte da lua que esquenta devido à maré ocasionada pelas repetidas flexões da lua, à medida que segue uma órbita excêntrica ao redor de Saturno.

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