Brasil precisa de R$ 6,7 bilhões para dispor adequadamente o lixo que produz

Para coletar e dar destinação adequada à totalidade dos resíduos sólidos, o Brasil precisa investir R$ 6,7 bilhões, considerando como modalidade de destinação a disposição em aterros sanitários. Este dado integra um estudo inédito que a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais apresentou durante a Conferência Internacional de Resíduos Sólidos RWM Brasil, realizada no início de outubro, em São Paulo. Na ocasião, a entidade também fez um balanço sobre a aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

“Esse montante que o Brasil precisa investir representa um custo diário per capita de apenas R$ 0,09”, enfatiza Carlos Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE, ao destacar que, caso o País mantenha o ritmo de investimentos na gestão de resíduos registrado na última década, só conseguirá universalizar a destinação final em meados de 2060.

“No atual ritmo, chegaremos a agosto de 2014, prazo estipulado pela PNRS, com apenas 60% dos resíduos coletados com destino ambientalmente correto”, alerta.

Com base na experiência de outros países, a ABRELPE estima que são necessários de 15 a 20 anos para se reduzir a geração de resíduos, primeiro passo previsto na PNRS. “Para que isso aconteça são necessárias mudanças no processo produtivo, disponibilidade de infraestrutura adequada e adaptação na postura de consumo da sociedade”, salienta Silva Filho.

O desvio de resíduos por meio da adoção da logística reversa é outro passo importante para minimizar a produção de lixo. “Temos vários fluxos de resíduos que serão gerenciados em cadeias independentes, sendo retirados do sistema de limpeza urbana”, explica o diretor da ABRELPE.

O estudo da ABRELPE leva em consideração as diferenças regionais na gestão de resíduos, que impacta no volume de recursos necessários à adequação. Enquanto na região Sul são necessários R$ 0,05 por habitante por dia para regularizar a situação, no Nordeste esse valor sobe para R$ 0,14 por habitante por dia.

2014 é prazo do PNRS

O prazo determinado pela PNRS para encerramento da destinação inadequada de resíduos é agosto de 2014 e ainda há muito para fazer. De acordo com os dados da ABRELPE publicados no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2012 ainda há cerca de 30 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos com destinação inadequada no País.

“Se não contarmos com esforços conjuntos e recursos disponíveis para custear o processo de adequação corremos o risco de ver o principal ponto da PNRS não sair do papel. Com a aplicação de 0,15% do PIB Nacional no setor de resíduos conseguiremos superar esse déficit histórico”, conclui Carlos Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE.

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