Algumas observações registradas desde radares terrestres já haviam sugerido que nas crateras que estão permanentemente na sombra nos polos de Mercúrio poderia haver água congelada. Agora a nave Mercury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging (Messenger), em órbita ao redor do planeta, parece confirmar a previsão.
Os últimos dados desta sonda da NASA revelaram a presença de superfícies brilhantes e escuras ao analisar sua refletância (propriedade de um corpo para refletir a luz). Os cientistas consideram que poderiam conter água congelada e materiais orgânicos, respectivamente. Estes depósitos se localizam nas regiões sombreadas do polo norte de Mercúrio, o planeta mais próximo do sol.
Três estudos publicados na revista Science desta semana, que também reproduzem informação facilitada por altímetro laser e espectrômetro de nêutrons do Messenger, mencionam estas descobertas. O primeiro trabalho é coordenado pelo pesquisador Gregory Neumann, do Goddard Space Flight Centery da NASA e o segundo por David Lawrence, do Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory (EUA).
“Os novos achados nos permitem descartar que os radares tenham podido detectar outros materiais refletivos distintos do gelo”, assinala Neumann. “Agora podemos centrar-nos na compreensão dos processos que tem depositado elementos voláteis – a possível matéria orgânica– nos polos de Mercúrio”.
Os cientistas consideram que as quantidades detectadas de hidrogênio “são consistentes com a presença de água congelada nessas regiões”. O gelo poderia ter se conservado aí durante milhões de anos depois de “ter sido levado por um cometa ou um asteroide”, segundo a hipótese que propõem os pesquisadores.
A mesma proposta é defendida no terceiro estudo, liderado por David Paige, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EEUU). Esta equipe confirmou os mesmos resultados com imagens infravermelhas: possível água congelada nas zonas brilhantes, junto a regiões mais escuras onde o gelo pode estar coberto por uma capa rica em matéria orgânica.
Muito além da água
“É incrível. Encontramos uma substância sobre o gelo que é mais escura do que o resto de Mercúrio, que já é um planeta realmente escuro”, aponta Paige, acrescentando:
“Pelo menos, isso significa que algo fora do comum sucede dentro destas áreas permanentemente na sombra onde foi-se acumulando o gelo”.
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