Cecy Oliveira – editora da Aguaonline.
Diante dos dados contundentes de uma série de reportagens que está sendo veiculada pelo jornal Zero Hora de Porto Alegre (RS) mostrando o tormento dos moradores de Porto Alegre diante da água malcheirosa fornecida pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) a autarquia continua preferindo ignorar as reclamações.
Em anúncio publicado no mesmo jornal a direção do DMAE diz “que a água que chega às torneiras de todos os moradores é um orgulho do cidadão porto-alegrense pela sua qualidade e preço: nas pesquisas que anualmente fazemos verifica-se que 80% dos moradores bebem água da torneira”. E mais adiante reafirma que a Portaria 2.914/11 é atendida em sua totalidade pelo DMAE.
Teria sido muito mais elegante e condizente com a realidade admitir que o manancial de onde vem a água bruta está apresentando floração de algas por um tempo mais longo do que o habitual e que a autarquia está fazendo esforços para eliminar os inconvenientes.
Em suma: o DMAE perdeu uma excelente oportunidade de conclamar a população a cuidar melhor do Lago Guaíba, de alertar sobre a importância da correta gestão dos recursos hídricos e da necessidade de mais investimentos na área de saneamento e até mesmo de instar os parlamentares gaúchos a se preocuparem com este assunto aproveitando a oportunidade da Semana do Meio Ambiente.
Logo ali, quando tiver que fazer campanha para que os moradores liguem suas casas às redes do Socioambiental os argumentos vão ficar fracos pois parece que tudo está no melhor dos mundos.
Portaria 2.914
Art. 5° – Para os fins desta Portaria, são adotadas as seguintes definições:
IV – padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não necessariamente implicam risco à saúde;
Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de potabilidade expresso no Anexo X a esta Portaria.
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