
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou ontem (17/08) a aprovação de uma cooperação técnica de dois anos não reembolsável de US$1,2 milhão para um programa de melhoria da proteção e gestão ambiental da bacia do rio Uruguai, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O financiamento será concedido pelo Fundo Fiduciário Japonês.
A operação prevê a preparação de um plano mestre para o desenvolvimento sustentável da região do Alto Uruguai com o objetivo de guiar as atividades na bacia, principalmente para proteger seu papel na recarga do aqüífero Guarani. O aqüífero se estende por uma área de 1,18 milhão de quilômetros quadrados, sendo 71% em território brasileiro, 19% na Argentina, 6% no Paraguai e 4% no Uruguai.
Com um volume de cerca de 40.000 km³ e uma velocidade de recarga total proveniente de precipitação de 166 km³/ano, este aqüífero é o maior reservatório de águas subterrâneas no mundo, capaz de suprir água potável por 200 anos, segundo Kleber Machado, chefe da equipe responsável pelo projeto no BID. “Perto de 15 milhões de pessoas vivem na área do aqüífero Guarani e até 500 cidades se abastecem, parcial ou inteiramente, de suas águas.”
“O aqüífero é um recurso hídrico estratégico para a região e para o mundo, por isso necessita ser protegido e gerenciado”, acrescentou Machado. “A ameaça principal provém da perfuração desordenada e da contaminação nas áreas de extração e recarga. Devido à magnitude do aqüífero, que inclui a área de rios regionais e transnacionais, os programas de melhoria da gestão tratarão de uma bacia de cada vez, mas de maneira coordenada e participativa.”
Três bacias hidrográficas fornecem águas de superfície que alimentam o aqüífero a do Paraná, do Paraguai e do Uruguai. A bacia hidrográfica do Uruguai, com 371.000 quilômetros quadrados, é a mais importante pelo potencial de impacto sobre a conservação do aqüífero, porque é ela a maior geradora de poluição. Ainda, é de grande importância econômica para o Brasil devido ao seu potencial hidrelétrico e papel no desenvolvimento agroindustrial.
Os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul propuseram a preparação de um plano mestre para desenvolver a seção brasileira da bacia do Uruguai, como ponto de partida para um programa destinado a toda a bacia hidrográfica. O processo terá início com um diagnóstico da região, identificação de linhas estratégicas de ação e investimento, sistema de monitoramento e avaliação e um quadro institucional para implementar o plano. O projeto ajudará a melhorar as condições socioambientais e a qualidade de vida na área.
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