
Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O modelo brasileiro de gestão das águas é considerado exemplo pela Organização das Nações Unidas. Segundo relatório da ONU que será apresentado nesta quarta-feira (22) no IV Fórum Mundial da Água, no México, o Brasil é uma das 14 nações que apresentaram progressos importantes em políticas de recursos hídricos nos últimos três anos.
Foram analisados 108 países, entre eles nove sul-americanos. “O Brasil é citado explicitamente no relatório como um exemplo de progresso na gestão integrada de recursos hídricos, embora a gente saiba que ainda há muito a caminhar”, diz o coordenador de Ciência e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Celso Schenkel.
Produzido pelo Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos das Nações Unidas, cuja secretaria é mantida pela Unesco, o relatório traz uma análise detalhada sobre a condição dos recursos hídricos no planeta e analisa os progressos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio relacionados à água. Também avalia aspectos como crescimento populacional, urbanização, mudança de ecossistemas, produção de alimentos, saúde, indústria e energia e faz recomendações para guiar e encorajar ações futuras sobre uso, produtividade e gestão sustentáveis das fontes de água potável. “O relatório toma como premissa que só a cooperação global pode garantir uma gestão integrada e sustentável da água”, explica Schenkel.
Em sua segunda edição, a publicação, chamada “Água: uma responsabilidade compartilhada”, foi lançada uma semana antes do IV Fórum Mundial da Água. O Brasil é o único país sul-americano destacado pela ONU. “Desde o estabelecimento da Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, em 97, o Brasil vem avançando na construção de instrumentos institucionais, de gestão participativa e na consolidação de planos e programas em nível nacional”, destaca o representante da ONU.
Avanços fundamentais, segundo ele, foram a criação da Agência Nacional e das agências estaduais de Águas e o desenvolvimento de um Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Lançado no dia 3 deste mês, o PNRH apresenta um conjunto de diretrizes, metas e programas para assegurar o uso racional da água no Brasil até 2020. O documento é resultado de dois anos e meio de discussões, com cerca de 7 mil pessoas de diversos segmentos da sociedade.
Schenkel acredita que o reconhecimento, pela ONU, das políticas implementadas pelo governo brasileiro, credencia o país a liderar um processo de compartilhamento de bacias e gestão integrada dos recursos hídricos na América do Sul.
Guatemala quer sediar Diálogo V

O Governo da Guatemala apresentou a postulação para sediar, em 2007, o V Diálogo sobre Água, promovido pela Rede Interamericana de Recursos Hídricos (RHRI), durante a reunião do Comitê Executivo da Rede, realizada no dia 19/03, durante as atividades do IV Fórum Mundial da Água.
Os Diálogo são reuniões continentais que se realizam a cada dois anos reunindo representantes de governos, especialistas, ONGs e entidades interessadas nos temas de água das Américas.
Livro e carimbo celebram 40 anos da Corsan

No mês em que festeja 40 anos de existência, a Companhia Riograndense de Saneamento é homenageada com um carimbo alusivo à data, que será comemorada oficialmente no dia 28. O carimbo da Corsan terá lançamento nesta quarta-feira (22/03), quando se celebra o Dia Mundial da Água.
O evento será realizado no Café da Usina, na Usina do Gasômetro (Av. Presidente Goulart, 551, Porto Alegre), a partir das 18h. O carimbo é uma peça filatélica que será utilizada durante 30 dias para postar correspondências, propagando as quatro décadas da Corsan em várias regiões do Estado e do país. Depois do período de utilização, o carimbo será encaminhado ao Museu Postal e Telegráfico dos Correios.
Na mesma ocasião, será lançado o livro Tempo da Águas, que percorre a história do saneamento, tendo um capítulo dedicado à fundação da Corsan.
Diálogo sul-sul pode ampliar cooperação sobre água
As bases para uma troca de experiências e cooperação em temas como gestão e pesquisas relacionadas com a água entre os países latino-americanos e os do continente africano foram lançadas durante o IV Fórum Mundial da Água.
Um dos países interessados nessa aproximação com o Brasil é a África do Sul, que veio ao México com uma expressiva delegação. Em entrevista exclusiva à Aguaonline o diretor-geral do Departamento de Assuntos de Água e Florestas, J.I. Sindane, disse que os problemas enfrentados por esses dois países são muito semelhantes o que indica uma base comum de cooperação. “O que temos visto aqui no Fórum é que os desafios são os mesmos na maioria dos países o que torna interessante essa troca de experiências entre os especialistas”, disse o diretor geral. Ele revelou que diariamente a delegação sul-africana se reúne para atualizar as informações sobre as atividades realizadas no dia anterior e planejar as próximas ações.
Um dos pontos que pode ser de interesse em uma futura cooperação bilateral se relaciona com a gestão dos recursos hídricos um tema prioritário para o governo federal da África do Sul. Os organismos ligados à gestão da água têm uma longa tradição de trabalho com a sociedade civil e que, como ressaltou Sidane, “desenvolvem um trabalho sério e colaborativo” com as instâncias oficiais.
A apresentação do Plano Nacional de Recursos Hídricos do Brasil, feita pelo secretário nacional de Recursos Hídricos, João Bosco Senra, despertou a atenção de vários países, cujos técnicos destacam como positiva a metodologia de tomada de decisão dos comitês, com descentralização no âmbito da bacia. Essa alternativa possibilita uma participação mais ampla das comunidades, ponto bastante fortalecido nos vários pronunciamentos feitos nas mais de 200 sessões técnicas do Fórum.
As agência bilaterais de cooperação, como a União Européia, têm incentivado a troca de informações e experiências sobre formas de atuação em países cuja problemática é comum. Isso pode gerar uma sistemática que incorpore os aspectos positivos de cada um dos projetos e possa ser útil para melhorar o manejo dos recursos hídricos.
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