Universidades pesquisam alternativas para desinfecção

Ainda existem no Brasil mais de 15 milhões de pessoas que ingerem água cuja qualidade não é controlada regularmente. Isto representa uma porta aberta para a proliferação de doenças que consomem anualmente mas de R$ 1,5 bilhão do Sistema Único de Saúde com tratamento e internações hospitalares, sobrecarregando o sistema público de saúde. Gasta-se com doenças preveníveis mais de cinco vezes o que poderia ser investido para melhoria da infra-estrutura de Saneamento.

Ferver a água, usar um filtro caseiro, ou usar os sistemas clássicos – e ainda muito eficientes – com desinfecção usando cloro, há muito deixaram de ser as únicas soluções para levar água tratada aos lares brasileiros. Outras opções, como o uso do ultravioleta ou das técnicas com membranas, estão ganhando terreno, podendo ser altamente recomendáveis e economicamente viáveis, dependendo das características da localidade a ser abastecida e do manancial que vai ser utilizado.

Cinco das principais universidades públicas brasileiras estão integradas em uma rede de pesquisa – Prosab 2 – buscando testar métodos alternativos de tratamento de água. Integram a rede a Escola de Engenharia de São Carlos – EESC-USP, Universidade de Brasília – UnB, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Na justificativa da opção por este tema está o fato de que a desinfecção de água de abastecimento é um dos principais instrumentos para o controle e erradicação de doenças que têm a água como veículo de transmissão. Além disso, segundo a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), responsável pela coordenação e apoio financeiro ao projeto, “a dimensão territorial do Brasil, as diferenças regionais e entre pequenas comunidades e grandes centros urbanos resulta na necessidade de se utilizar métodos ou processos de desinfecção que sejam coerentes com a realidade local.

Nesse contexto, abre-se a possibilidade de se empregar desde processos individuais nas comunidades rurais aos processos avançados e sofisticados de desinfecção nos grandes centros urbanos”. Entre as alternativas objeto das pesquisas estão sistemas de tratamento com o uso de outros desinfetantes, como radiação ultravioleta, radiação solar, ozônio, ferrato de sódio, fotocatálise heterogênea e outros oxidantes.

Esses métodos alternativos devem atender basicamente a dois propósitos: simplicidade de operação dos processos a serem aplicados nas unidades individuais ou em pequenas comunidades e os processos avançados para desinfecção de águas provenientes de mananciais que tenham a qualidade comprometida pelo lançamento de esgotos sanitários e efluentes industriais, apresentando coliformes fecais em número superior ao recomendado para a tecnologia empregada para o tratamento da água e com concentração de matéria orgânica elevada e, ainda, com presença de produtos tóxicos, provenientes de atividades agrícolas (agrotóxicos) e industriais.

Com os resultados obtidos pelos grupos que compõem a rede de pesquisa será possível realizar a comparação de diferentes métodos de desinfecção, diferentes processos de aplicação e controle e a aplicabilidade em comunidades de pequeno a grande porte, atendendo, portanto, as necessidades em termos de Brasil.

No Quadro 1, estão os desinfetantes utilizados nas pesquisas, e no Quadro 2 os títulos das pesquisas propostas. A rede está composta por 30 pesquisadores, incluindo professores, recém-doutores, alunos de pós-graduação de doutorado e de mestrado, alunos de graduação (iniciação científica) e técnicos.

Veja no arquivo abixo os quadros 1 e 2.

DNA na água

Um novo modelo de análise, baseado em DNA, que está sendo testado na cidade de Atlanta (EUA), poderá ser capaz de detectar mais de 400 mil tipos de organismos presentes na água de abastecimento o que diminuirá, futuramente, a transmissão de doenças de veiculação hídrica. A tecnologia do DNA, que opera mapeando a impressão digital dos vírus e bactérias e pode identificar se os microorganismos estãovivos ou mortos, deverá estar disponível dentro dos próximos dois anos.

Além da prevenção de doenças o teste vai possibilitar a identificação de possíveis adições de venenos à água, hipótese bastante viável em tempos de armas biológicas.

Os testes estão sendo feitos no sistema de tratamento de água da cidade de Atlanta onde uma subsidiária da empresa francesa venceu a concorrência para operação em novembro do ano passado.

A multinacional Lyonnaise des Eaux gerencia a qualidade da água em 30 cidades ao redor do mundo incluindo Paris, Barcelona, Budapest, Casablanca, Buenos Aires, Jacarta e Manila.

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