Anderson Soares Pereira
A irrigação assumiu papel fundamental no desenvolvimento do agronegócio brasileiro nos últimos anos. Dentre os principais benefícios à nossa agricultura podemos citar:
1. Aumento da produtividade das culturas e do lucro dos agricultores, melhorando a qualidade de vida no meio rural;
2. Diminuição de riscos de investimentos em uma agricultura de nível tecnológico mais elevado;
3. Aumento da produção agrícola nacional;
4. Permite a utilização mais eficiente de fertilizantes;
5.Aumento da qualidade dos produtos agrícolas produzidos;
6. Em áreas cultivadas com culturas anuais, permite fazer dois ou mais cultivos por ano, na maior parte das regiões brasileiras;
7. Permite a introdução de culturas de maior valor econômico em determinadas regiões, como por exemplo, a fruticultura na região semi-árida do Nordeste;
8. Possibilidade de aumento da demanda de mão-de-obra no meio rural, contribuindo para a diminuição do êxodo rural e aumento da oferta de empregos.
Por outro lado, a adoção da tecnologia da irrigação não deve apenas considerar a relação financeira de benefício-custo, mas também os impactos ambientais relacionados com a atividade.
A irrigação é uma atividade que necessita de um grande volume de água quando comparada à outras atividades realizadas pelo homem, devendo a sua utilização ser feita com cuidados e racionalidade objetivando minimizar os impactos ao meio ambiente.
Atualmente, verificamos um grande desperdício de água aplicada pelos diferentes sistemas de irrigação. A imprensa especializada nos últimos anos vem alertando sobre a aplicação exagerada de água pelos sistemas de irrigação. Porém, outro grave problema que está ocorrendo, menos evidente, é o desperdício ocasionado por irrigações que aplicam pequenas quantidades de água, insuficientes para suprir às necessidades das plantas cultivadas.
O grande reservatório da água aplicada pela irrigação é o solo, onde através do sistema radicular, as plantas retiram a água armazenada para o processo de transpiração. Irrigações leves, com aplicação deficiente repõem água apenas nas camadas superficiais do solo, restringindo o desenvolvimento radicular das plantas, impossibilitando-as de explorar o volume de solo disponível, ocasionando um desenvolvimento deficiente das plantas com redução da produção agrícola.
De maneira análoga, irrigações excessivas causam perdas de águas e nutrientes devido à drenagem para camadas mais profundas do solo, fora do alcance do sistema radicular das plantas, ocasionando desperdício de recursos e riscos de contaminação ambiental. Plantas com desenvolvimento deficiente devido a problemas de falta de água (estresse hídrico) ou plantas em ambientes de alta umidade são mais susceptíveis a problemas fitossanitários, ocasionando muitas vezes a necessidade de utilização de agrotóxicos para o seu controle, elevando ainda mais os riscos de contaminação ao meio ambiente nas áreas irrigadas, além de aumentar o custo de produção das culturas.
Assim, a água de irrigação deve ser adequadamente manejada e aplicada em proporções tais que as plantas cultivadas não sejam expostas a déficits ou excedentes hídricos que comprometam o seu rendimento e aumentem o risco de contaminação ambiental.
Ciência e técnica
A irrigação consiste em aplicar artificialmente a água para o desenvolvimento das culturas, que será consumida pela transpiração das plantas e pela evaporação no solo, em um processo conjunto denominado pela ciência de evapotranspiração.
A quantificação da água necessária a ser aplicada na irrigação pode ser feita através de diversos métodos, envolvendo a quantificação da evapotranspiração através de dados meteorológicos, medidas diretas da umidade do solo ou métodos que combinam essas metodologias.
Pesquisa
Diversos trabalhos de pesquisa no Brasil têm sido desenvolvidos objetivando fornecer informações para o manejo da água de irrigação, principalmente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa nas diversas regiões do país e também nas universidades, através de projetos de pesquisa a nível de graduação e pós-graduação. O manejo da água de irrigação é um trabalho que envolve diversos conhecimentos técnicos e deve ser supervisionado por um profissional qualificado.
Realizando o correto manejo da água de irrigação o agricultor ganha com o uso mais eficiente de seus recursos e com o aumento da produtividade das culturas e principalmente o meio ambiente e a sociedade são beneficiados com o uso racional de um recurso natural cada vez mais escasso e de disponibilidade limitada que é a água.
Autor
Anderson Soares Pereira é engenheiro Agrônomo, doutor em Irrigação e Drenagem, Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente www.cnpma.embrapa.br
anderson@cnpma.embrapa.br
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