Cresce a indústria do algodão orgânico

Carl Appleby, London Press Service

O algodão orgânico começa a ganhar espaço na Inglaterra depois que começaram os debates sobre o uso de pesticidas no cultivo de alimentos e outras culturas. A estilista britânica, Katherine Hamnett é uma das defensoras de mudanças. “De maneira geral, estamos engajados na redução do uso de pesticidas na medida do possível, sugerindo alternativas” afirmou Simon Ferrigno, encarregado do projeto algodão para Pesticide Action Network (grupo de ação para acompanhar o uso de pesticidas). “Foi assim que passamos ao algodão orgânico, ao examinar os problemas causados pelo uso de pesticidas no plantio convencional.”

O Pesticide Action Network oferece subsídios aos fazendeiros de algodão orgânico em países tais como Zimbabwe e Benin, prestando serviços às organizações africanas que fornecem apoio técnico aos plantadores de algodão orgânico.

Apenas algumas empresas menores do Reino Unido comercializam produtos e tecidos orgânicos. Simon Ferrigno acredita que isto irá mudar. “No momento, a colheita orgânica é muito pequena, o que a torna cerca de uma e meia vezes mais cara. Se o mercado triplicasse, o preço cairia de maneira significativa. Em nossa opinião, seriam necessários cinco anos para atingir este nível.”

Organizações como a Soil Association (Associação do Solo) certificam produtos como o algodão como sendo tecidos orgânicos. “Acompanhamos todo o processo, da fazenda ao fio, ou do carneiro à prateleira”, disse Lee Holstock, certificador senior da Soil Association Certification company, organização que procura aumentar o interesse do público por alimentos orgânicos, ao mesmo tempo em que certifica esses produtos.

A procura por algodão orgânico aumentará na medida em que os seus benefícios se tornarem mais conhecidos. Entretanto, um problema sem dúvida é a falta de fornecimento. Gina Moore, da loja londrina, Textiles from Nature, comentou que a procura é muito maior do que a oferta. Holstock acredita que este aspecto esteja limitando as empresas, como a Nike, que misturam algodão orgânico e convencional em seus produtos, sem mencioná-lo na sua publicidade. Holstock afirmou “As empresas estão verificando um aumento da demanda por este tipo de produto. A idéia de um produto ambiental está tornando-se a escolha por um estilo de vida. Há problemas alérgicos que foram resolvidos; temos depoimentos de consumidores que resolveram problemas de alergia usando roupa orgânica.

“Existe também a questão de responsabilidade empresarial, ou seja empresas como a Nike que recebeu muitas críticas ao seu modo de operar internacionalmente e aos efeitos provocados no planeta,” acrescentou.

Entre outras empresas interessadas em usar algodão orgânico, está a grande loja de varejo Marks and Spencer. Mas são os lojistas menores que estão na liderança. Ms Moore, autora de três livros sobre mobiliário leve, administra a loja Textiles from Nature juntamente com Jeff Gilbert, o qual já trabalhou em marketing para a indústria musical. Em suas pesquisas para escrever o livro Natural Fabrics, Ms Moore descobriu que os procedimentos para o plantio e processamento de algodão tinham consequências sérias para o meio ambiente. Ela afirmou: “Eu desconhecia totalmente o algodão orgânico. Durante minha pesquisa fiquei horrorizada com o que descobri sobre o algodão tradicional. Vinha trabalhando há muito tempo com algodão, pensando tratar-se de uma alternativa natural. Foi então que decidi abrir minha loja”.

“O algodão vem sendo vendido como uma alternativa natural e ecológica, principalmente nos últimos 20 anos, e você descobre que na verdade não é tão puro e que seu impacto sobre o meio ambiente é devastador,” acrescentou Ms Moore. Para citar um exemplo, falou do impacto causado ao meio ambiente pelos dejetos de uma fábrica de tintura. De maneira oposta, o uso de algodão orgânico tem sido surpreendente. “O algodão é cultivado em cores. Inicialmente nem todo algodão era branco, foram necessárias modificações no seu plantio. Houve um retorno para uma subespécie mais antiga que resulta em algodão numa gama de cores diferentes, do bege-amarronzado até o verde-acinzentado.

“Compramos o algodão de tecelões europeus que o trazem de várias localidades: Turquia, India e Africa subsahariana,” ela disse. “Nosso preço situa-se na faixa média, um edredom de casal custa cerca de 65 libras.

O algodão orgânico não é apenas bom para o meio ambiente. Ms Moore acredita que tem outras qualidades: “Proporciona uma sensação física mais agradável ao tato por sua suavidade” afirmou. “E é gratificante estar fazendo alguma coisa assim.”

Website: www.textilesfromnature.com

Ciclo de vida

“Do ponto de vista da agricultura, os tecidos – ou a matéria-prima agrícola – são cultivados observando padrões orgânicos, sem uso de pesticidas ou fertilizantes sintéticos” disse Ferrigno. “Este sistema é sustentável; favorecendo a biodiversidade e fertilidade do solo. Nossa certificação leva em conta também as implicações sociais da fazenda. O algodão convencional é um dos maiores usuários de agroquímicos”, ele acrescentou, calculando que a cifra seja 50% de uso mundial.

E continuou: “O segundo aspecto diz respeito a você como consumidor. Os tecidos são submetidos a muitos processos. Cobrimos todos eles, examinando fatores como nível tóxico dos produtos químicos, se são biodegradáveis, conteúdo carcinogênico. Podemos tratar de eventuais controvérsias relativas à saúde ou ao meio ambiente”.

A vez dos trituradores

Os trituradores de lixo orgânico são artigos comuns nas cozinhas dos norte-americanos. No Brasil, os aparelhos conquistam cada vez mais adeptos, que descobrem as vantagens, em termos de qualidade de vida, que um triturador pode trazer ao cotidiano doméstico.

Hoje, no país, a quantidade comercializada é pequena se comparada à dos Estados Unidos, onde 80% das cozinhas residenciais têm um triturador. Algumas cidades americanas, por exemplo, apresentam legislação que incentiva a instalação dos aparelhos.

Segundo o gerente geral de marketing da In-Sink-Erator para a América do Sul, Carlos Amadio, algumas cidades brasileiras já se sobressaem na aquisição dos trituradores. Em Brasília, por exemplo, as construtoras estão adotando a prática de entregar imóveis, de alto padrão, com cozinhas equipadas com esses produtos, como forma de estabelecer um diferencial e agregar valor aos novos empreendimentos.

O triturador de resíduos alimentares é instalado sob a pia e tritura as sobras de alimentos em minúsculas partículas, que são lançadas na tubulação de esgoto junto com a água. O processo elimina em poucos segundos restos de frutas (cascas e caroços), legumes, ossos de frango, espinhas de peixe, cascas de ovos, caroços de azeitona, entre outros resíduos orgânicos.

Além de uma cozinha higiênica e moderna, o triturador propicia a eliminação de odores característicos do acúmulo de restos de alimentos e evita a proliferação de germes e insetos. O aparelho pode, também, exercer um papel fundamental na redução da poluição ambiental, causada pela decomposição de restos orgânicos, inclusive, em aterros sanitários.

Os produtos estão disponíveis em diferentes faixas de preços, que variam de R$ 600,00 a R$ 1.200,00. Todos os modelos são indicados para uso doméstico diário.

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