
Dada a imensidão dos oceanos, poucas pessoas encontram problema para despejar lixo nesses corpos d´água. Mas enormes quantidades de plásticos, que degradam a uma taxa bem baixa, podem ser encontradas a rodo nos oceanos. As vidas selvagens consomem pedaços pequenos de plásticos levando muitas delas a morrer, dado que os mesmos estão repletos de venenos. E, conforme advertem os especialistas, atingiu-se um ponto em que está ficando perigoso até mesmo para humanos consumir peixes e frutos do mar.
Consideradas tais condições, a comunidade internacional vem desenvolvendo por quatro décadas massivos esforços burocráticos na busca de liberar os oceanos do lixo. Em 1973, as Nações Unidas patrocinaram um pacto protegendo os oceanos do despejo. Adicionalmente, em seis diferentes ocasiões, provisões (destinadas à “poluição marinha”) têm sido agregadas à chamada Convenção Marpol. Há nove anos, a União Européia publicou diretrizes que proíbem qualquer despejo de resíduo marítimo no oceano enquanto as embarcações estiverem nos portos.
Entretanto, de acordo com o documento de estratégia confidencial do governo alemão,se forem somados todos os benefícios de tais medidas, o resultado é zero. O fato é que os esforços internacionais buscando proteger os oceanos falharam em todos os sentidos. Os oceanos se transformaram num vasto aterro de lixo.
Os pássaros muitas vezes têm dificuldade em distinguir entre pequenos pedaços de plástico e comida. Segundo um estudo conduzido em 2002, 80% dos pássaros examinados ao longo do Mar do Norte continham partículas de plástico em suas bocas. Da mesma forma, os pesquisadores do Centro de Pesquisa e Tecnologia da Costa Oeste, da cidade de Büsum do nordeste da Alemanha, determinaram recentemente que quase todos (93%) os pássaros mergulhadores do Mar do Norte têm pedaços de plástico em seus estômagos.
Outro estudo encontrou, ainda, uma média de 32 pedaços de plástico nos estômagos de Fulmarus glacialis, equivalentes aos petréis. Com todos esses pedaços em seus estômagos os pássaros sentem-se cheios, desta forma eles consomem menos, adquirem menos nutrientes e, em muitos casos, morrem. Um painel de especialistas disse, à EU, que pássaros migratórios alimentam seus filhotes na Antártica com pedaços de plástico que eles encontram no Oceano Atlântico.
De acordo com o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, há, em média, 18.000 pedaços visíveis de plástico flutuando em cada quilômetro quadrado do mar. Algumas nódoas de lixo flutuante são até mesmo visíveis em fotos de satélite. Pesquisadores da Fundação de Pesquisa Marinha Algalita pesquisaram 11 sítios randomicamente escolhidos no meio do Oceano Pacífico e descobriram uma massa de plástico seis vezes maior do que a massa de plâncton. Através do tempo o plástico se desintegra em pedaços cada vez menores, mas leva séculos até que ele desapareça completamente.
Ao longo das praias do Mar do Norte e do Atlântico Norte, segundo o relatório do governo, perto de 700 pedaços de lixo podem ser contados em cada faixa de 100 metros, em média. Algumas faixas contêm até 1.200 pedaços. “Não é suficiente apenas varrer as praias de vez em quando”, diz o biólogo marinho Gross. Na verdade, até 67 por cento do lixo afunda até o fundo do mar. Abaixo das águas do Mar do Norte descansam 600.000 metros cúbicos de entulho, de acordo com os cálculos oficiais – grosseiramente o volume de duas pirâmides de Giza. Cada quilômetro quadrado do Mar do Norte contém um metro quadrado de lixo.
Pescadores podem ajudar
Mas o governo também tem algumas medidas concretas que gostaria de ver implementadas. “Sacos de lixo reforçados” devem ser distribuídos aos pescadores de modo que 500 deles possam servir de coletores de lixo do Mar do Norte. Os sistemas de reciclagem também devem ser promovidos a bordo dos navios, propõe o documento.
“Os livros de registro de lixo devem, finalmente, nos dar insights sobre o montante atual de lixo produzido, diz Onno Gross, da Deepwave. Um navio contêiner padrão produz alguns 100 kg de lixo por dia. Caso os navios descartem um montante suspeitavelmente menor de lixo ao aportar, deveriam ser forçados a pagar “penalidades drásticas”, diz Thilo Maack do Greenpeace.
Gross propõe utilizar as taxas portuárias para financiar o descarte de lixo. “O sistema que alguém tende a encontrar em acampamentos de lazer deveria também ser utilizado em navios,” diz ele. Mas o governo alemão não tem grandes esperanças para melhorias. O documento argumenta que o descarte de lixo deve permanecer livre de cobrança, se alguém esperar mudar o comportamento dos marítimos.

Opinião do Leitor:
Tardes de chuvas e enchentes tornaram-se parte do dia-a-dia do paulistanos. Outro dia, depois da chuva, voltando para casa, testemunhei o inverossímel alagamento da estação Jardim São Paulo do metrô.
Falando com funcionários do metrô, soube que tudo foi provocado por sacos e sacos de lixo, carregados pela chuva que acabaram bloqueando as grelhas de drenagem nas entradas da estação. Daí, a água encachoeirou nas escadarias, alagou mezanino, plataforma e até o leito dos trens, paralisando toda a linha Norte-Sul. Então, sacos de lixo paralisaram o metrô de São paulo no horário de pico.
Tudo se resume ao hábito arraigado – quase displicente – de depositar seu lixo diretamente nas calçadas, muitas horas antes da passagem dos carros coletores. Acho que está na hora de a Prefeitura organizar esse serviço e talvez multar os imóveis que ostentarem lixo em suas fachadas antes do horário de coleta. Devemos criar horário, padronizar conteineres e principalmente nos educarmos para nunca jogar o nosso sagrado lixo no chão.
Vamos começar?
Marcos de Sousa –
marcos@mandarim.com.br.
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