Mensageiros da sustentabilidade

Alfried Karl Plöger

A partir da revolução industrial, ao longo de todo o Século XIX e quase até o final do XX, a humanidade preocupou-se tão somente com a produção desenfreada, superestimando a capacidade do Planeta de assimilar a exploração ilimitada dos recursos naturais e o poder dos ecossistemas de se reciclarem ante a devastação. Somente algumas mentes mais lúcidas anteviam a armadilha em que se estava convertendo o modelo quase irresponsável de desenvolvimento. Uma delas era o filósofo, paleontólogo e teólogo francês Pierre Teilhard de Chardin. Em “O futuro do homem”, coletânea de textos escritos entre 1920 e 1952, ele já discutia a questão da sobrevivência.

E esse futuro previsto pelo pensador chegou. Felizmente, a consciência sobre a sustentabilidade não é mais o alerta isolado de alguns cientistas e pesquisadores. Trata-se de desafio assumido por parte expressiva dos empresários, trabalhadores e organismos multilaterais, dentre eles instituições que, há algumas décadas, ninguém imaginaria que estivessem hoje dedicadas à equação da sobrevivência.

Exemplo emblemático dos riscos e do indispensável comprometimento com os preceitos do desenvolvimento sustentável encontra-se em recente estudo do Banco Mundial, intitulado “Desenvolvimento com Menos Carbono — Respostas da América Latina ao Desafio da Mudança Climática”. O documento contém importante alerta: “Se os líderes nacionais demonstrarem visão de futuro, poderão evitar a armadilha de sacrificar a sustentabilidade ambiental em favor das necessidades macroeconômicas de curto prazo e se beneficiar das oportunidades para enfrentar as questões associadas às mudanças climáticas. Em particular, políticas e programas destinados à abordagem dos problemas urgentes de hoje podem ser formulados e implementados sob uma perspectiva de longo prazo”.

O Banco Mundial, contudo, assim como a ONU, o Fundo Monetário Internacional e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), não está preocupado apenas com as mudanças climáticas. De modo muito correto, aliás, todos vêem a questão de maneira mais ampla e holística, focando, também, o uso racional dos recursos naturais, a recuperação e preservação de biomas e ecossistemas, a oferta de energia e de alimentos, conforme preconizam os preceitos relativos à criação do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho. A data foi recomendada em Conferência das Nações Unidas sobre o tema, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia.

A indústria gráfica, como integrante da cadeia produtiva da comunicação, tem particular responsabilidade na difusão de uma consciência universal sobre a importância do voluntariado e dos procedimentos corretos nos aspectos social e ambiental. Livros, jornais, revistas, cadernos, manuais de distintos produtos, embalagens e numerosos outros impressos interagem no dia-a-dia com todos os cidadãos. Que sejam, cada vez mais, portadores da mensagem da sustentabilidade e da sobrevivência digna da presente civilização.

Prêmio à sustentabilidade

As preocupações dos organismos multilaterais quanto a todas as vertentes da sustentabilidade podem ser sintetizadas na observação do presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, quanto à necessidade urgente de se reagir às ameaças da devastação, do aquecimento terrestre e da escassez de alimentos e energia. Numa releitura do que dizia Teilhard de Chardin, salientou ser “necessário construir as bases para maximizar a oportunidade e a esperança para todos no longo prazo”.

O universo corporativo, obviamente, não pode ficar alheio a esse movimento voltado à sobrevivência (com dignidade e um mínimo de qualidade de vida) da presente civilização. Todos têm de fazer a sua parte.

É com essa meta que foi criado o Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental, cuja primeira edição é a de 2009. É uma resposta consistente da indústria gráfica brasileira ao desafio da sustentabilidade, estimulando todo o setor — composto por 20 mil empresas e empregador de 200 mil trabalhadores — às boas práticas da produção limpa e ao exercício da chamada cidadania empresarial.

Autor

Alfried Karl Plöger é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional) e vice-presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

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