
Cecy Oliveira
Existem certas datas que têm o dom de transformar todos em anjos. É assim no Dia Mundial da Água (22 de março) e na Semana do Meio Ambiente (1o. a 07 de junho).
As redações ficam inundadas de “boas” notícias.
Montadoras, fábricas de cigarro e empresas das mais variadas atividades se esmeram em mostrar “avanços” na área ambiental. Estão reciclando resíduos, economizando água (nada mais do que obrigação), plantando árvores (mas consumindo milhares de toneladas de madeira em suas embalagens ou nos fornos de suas siderúrgicas através do carvão vegetal). Todos têm certeza de que o futuro será cor-de-rosa, os rios se limparão como por encanto, o lixo será pulverizado por um anjo misterioso, as florestas brotarão espontaneamente…
No entanto as atitudes desejadas são exatamente aquelas mais simples: buscar alternativas mais perenes, como energias não poluentes, uso racional e sustentável dos recursos naturais durante todo o ano.
E sobretudo, para os consumidores: frear o desenfreado consumismo!
Será que apenas um aparelho celular não é suficiente para que você seja eficiente em seu trabalho e feliz em sua vida pessoal?
Será que é preciso que cada membro da família tenha o seu carro e ajude a paralisar o trânsito da cidade, empestar o ar que eles mesmos respiram e consumir combustíveis fósseis a rodo para que todos se sintam plenamente realizados?
Será que é ambientalmente correta uma empresa ou instituição que no resto do ano continua agredindo a natureza e inundando o planeta com embalagens anti-ecológicas?
Autora
Cecy Oliveira é jornalista e editora da Aguaonline.
Mais do que boas intenções
As verdadeiras boas notícias seriam aquelas em que as empresas demonstrassem que a preocupação com o meio ambiente e com a informação correta à sociedade é legítima e permanente.
Que estão buscando modificar seus processos e produtos para torná-los ambientalmente corretos e seu ciclo de produção sustentável.
Que suas propagandas não induzem a um consumismo desenfreado e desnecessário e que ao contrário contribuem com a educação, a cultura e a preservação ambiental.
Que estão empenhadas na correta disposição de seus resíduos, incluindo a questão das embalagens e dos produtos descartados.
Que seu papel na sociedade é muito mais do que pagar impostos e gerar empregos.
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