Glacial sem gelo

Agência FAPESP –

Do estado sólido ao líquido. Caso continue a tendência atual de elevação das temperaturas médias, o Oceano Ártico poderá perder a totalidade do seu gelo durante o verão, em situação inédita no último milhão de anos.

Segundo um relatório recém-divulgado, feito por dezenas de cientistas dos Estados Unidos, a situação não é apenas peculiar, mas extremamente preocupante. O degelo está acelerando e não se consegue descobrir qualquer processo natural que possa frear o processo.

O resultado final não é novidade, tendo sendo inclusive tema de filmes: a elevação do nível do mar em todo o planeta, com a inundação das áreas costeiras.

O relatório é resultado de uma conferência organizada pelo Comitê Científico do Sistema Ártico da National Science Foundation, agência de financiamento à pesquisa do governo norte-americano. Liderada por Jonathan Overpeck, da Universidade do Arizona, a análise foi publicada na edição de 23 de agosto da Eos, jornal da União Geofísica Norte-Americana.

Segundo o relatório, o degelo já provocou “impactos dramáticos” para os habitantes e animais do continente, que inclui partes do Alasca, Canadá, Rússia, Sibéria, Escandinávia e Groenlândia.

“O que realmente faz o Ártico ser diferente do resto do mundo não-polar é a permanente existência de gelo, seja em terra ou no oceano. Agora, estamos vendo todo aquele gelo derretendo e, infelizmente, podemos ver que irá derreter muito mais no futuro, até um estado em que não exista mais gelo”, disse Overpeck, em comunicado da Universidade do Arizona.

Além do degelo no mar e em terra, os cientistas alertam que o permafrost, a camada de solo permanentemente gelada, irá derreter a ponto de desaparecer em algumas áreas. Caso isso ocorra, a conseqüência direta será a liberação dos gases contidos durante milhares de anos na camada, que podem amplificar o peso das mudanças climáticas recentes promovidas pela ação humana.

“Portanto, é muito importante que tentemos muito arduamente, e o mais cedo possível, reduzir dramaticamente as emissões de dióxido de carbono”, afirmou Overpeck.

Porto Alegre inova no licenciamento ambiental

O secretário municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre, Beto Moesch, explicou, em palestra para os alunos do Curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário Franciscano, no município de Santa Maria, medidas inéditas no país no que se refere a licenciamentos ambientais.

Segundo ele as licenças ambientais mais importantes são encaminhadas, através de cópias, ao Ministério Público, às associações de moradores e às entidades ecológicas para que acompanhem as condicionantes da licença.

Os empreendimentos maiores, que não impliquem em EIA-RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), estão sendo discutidos com a comunidade, para que ela apresente sugestões quanto às compensações ambientais que considere adequadas. Antes de expedir a licença prévia, a Secretaria ouve a sociedade, sempre num prazo razoável, para não tornar lento o processo.

Outra medida que está sendo adotada nos licenciamentos ambientais é a reserva de 20% das áreas verdes dos terrenos onde serão implantados empreendimentos, a fim evitar a impermeabilização do solo. Ele explica que as áreas verdes absorvem a água da chuva, evitando alagamentos.

Desequilíbrio

Eduardo Geraque – Agência FAPESP

Quente, seco e perigoso do ponto de vista ambiental. A onda de calor que causou milhares de mortes na Europa em 2003 teve conseqüências também terríveis para o crescimento das formações vegetais revela um estudo publicado na revista Nature.

Baseados em modelos matemáticos que analisam as relações entre o clima e a biosfera, além de imagens de satélites e em dados sobre os fluxos de carbono regionais, os cientistas constataram que o crescimento das vegetações temperadas européias foi 30% menor do que em anos anteriores. Pior do que isso. Em vez de funcionar como sorvedouros de carbono, as plantas viraram fonte. Isso, se repetido, poderá potencializar ainda mais o aquecimento global em termos regionais.

“Ainda é muito cedo para fazer generalizações para o futuro, mesmo ficando restrito aos ambientes temperados”, disse Philippe Cias (que assinou o texto ao lado de vários colaboradores), do Laboratório de Ciências do Clima e Meio Ambiente da França, principal autor do estudo, à Agência FAPESP. Mesmo assim, o pesquisador lembra que os modelos climáticos feitos para a Europa até o momento mostram dados preocupantes.

“A expectativa é que novas ondas de calor, como as de 2003, ocorram novamente na Europa, na mesma intensidade, até 2025”, explica o pesquisador francês. A principal causa da diminuição na produção primária das plantas no ano retrasado, segundo as análises, é de origem climática. O déficit de chuvas e as altas temperaturas (algumas regiões da França registraram 40º C) foram os grandes responsáveis pelo baixo crescimento.

O artigo Europe-wide reduction in primary productivity caused by the heat and drought in 2003 pode ser lido no site da revista Nature, em www.nature.com.

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