Brasil extrai água do Rio Apa sem autorização do Paraguai

Através destas tubulações

são captadas águas do rio Apa

no território brasileiro, em Bela Vista, (MS).

O fato foi corroborado

pelo ministro paraguaio do Meio Ambiente,

eng. Alfredo Molinas

que aparece na embarcação.

Walberto Caballero -walberto@abc.com.py.

As águas do Rio Apa estão sendo extraídas por brasileiros para irrigações de plantações na zona de Bela Vista, no Estado de Mato Grosso do Sul, sem conhecimento nem autorização do governo paraguaio. O fato é considerado irregular pelas autoridades paraguaias por violar tratados internacionais e leis ambientais do Paraguai, e será feita uma reclamação via Chancelaria, conforme explicou o ministro do Meio Ambiente paraguaio, eng. Alfredo Molinas.

Na Secretaria de Meio Ambiente (SEAM) informaram que o ministro Molinas liderou uma equipe de fiscais de sua área e do Ministério Público (fiscais do Meio Ambiente) para verificar a denúncia feita pelo intendente Municipal de Bella Vista Norte, Departamento de Amambay (Paraguai), Dr. Rigoberto Caballero González, sobre a extração da água do Apa através de canalizações para a zona brasileira, mediante bombeamento para irrigar pastagens. Coincidentemente, ambas localidades vizinhas têm o mesmo nome.

Durante a intervenção realizada no último sábado (10/09), a missão confirmou a denúncia. Foi detectado que a água estava sendo extraída do Apa através de motores de bombeamento com enormes tubulações de duas tomada, de 1,5 metro de circunferência e uma extensão aproximada de 500 metros, irrigando pastagens em território brasileiro.

O intendente municipal de Bella Vista atribuiu esta ação irregular a Dorival, de nacionalidade brasileira, que reside em Bela Vista, Brasil. Conforme o ministro Molinas, este fato infringe legislações ambientais do Paraguai, como as leis de Avaliação de Impacto Ambiental, de Pesca, de Delitos Ecológicos, de Áreas Protegidas, entre outras relacionadas à conservação e proteção dos recursos hídricos.

O ministro Molinas afirmou que esta atividade não conta com uma autorização nem foi objeto de um acordo entre o Paraguai e o Brasil para realizar a captação de água do rio Apa. A bacia hidrográfica serve de limite entre os dois países e sua gestão é compartilhada.

“Não existe autorização alguma na SEAM nem na Chancelaria”, disse Molinas, que exigirá do Brasil, através do Ministério de Relações Exteriores, as explicações sobre este grave fato, que afeta diretamente o equilíbrio ecológico do Ecossistema do Rio Apa.

Na SEAM, em Assunção, informaram que através de imagens de satélites se constatou também o desvio para o lado brasileiro de vários cursos hídricos tributários (que desembocam) no rio Apa. Conforme os técnicos em hidrografia, este fato pode gerar graves alterações e desequilíbrios ecológicos na bacia do rio Apa.

Pesquisa Aguaonline

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Lodo como adubo

Thiago Romero – Agência FAPESP

Imagine as prateleiras dos supermercados repletas de verduras e legumes cultivados em solo tratado com esgoto. Se os estudos desenvolvidos na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) derem certo, isso pode ser realidade no futuro.

Os pesquisadores estão avaliando a produção de alface em solo tratado com diferentes doses de lodo de esgoto como fonte de matéria orgânica.

Os técnicos do Centro de Ciências Agrárias da Ufes fizeram cinco experimentos comparativos com a alface do tipo Lívia. As mudas foram cultivadas em solo sem adubação e com o lodo de esgoto em proporções crescentes. O material orgânico utilizado foi proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto do município de Jerônimo Monteiro (ES).

“Nossa meta é achar possibilidades inovadoras de utilização do esgoto produzido nos grandes centros urbanos. Esse material já vem sendo testado em culturas de feijão, milho, cana, maracujá e em plantações de coqueiros”, disse José Carlos Lopes, coordenador da pesquisa, à Agência FAPESP.

Antes de ser agregado ao solo, o lodo de esgoto precisa ser higienizado com diferentes produtos químicos, o mais importante deles o óxido de cálcio (cal). As mudas foram semeadas em vasos individuais, sendo que todos receberam uma adubação básica com superfosfato.

Depois de aproximadamente dois meses, os pesquisadores verificaram, durante a colheita, a massa seca da parte aérea e o número médio de folhas por planta. “O crescimento das plantas que receberam o tratamento com esgoto higienizado foi estatisticamente superior ao das plantas controle. À medida que se aumentou a dosagem do lodo, maior foi o índice de produtividade das mudas de alface”, conta Lopes

.

Depois do sucesso em termos produtivos, os obstáculos agora são do ponto de vista da saúde humana. Apesar de baixo, o estudo registrou a presença de microrganismos patogênicos em algumas amostras de alface. “As culturas que passam por esse tipo de tratamento ainda não são recomendadas para o consumo humano. Apesar de significativos, os testes ainda são preliminares”, alerta Lopes.

Atualmente, a equipe coordenada pelo professor do Departamento de Fitotecnia da Ufes está trabalhando no aprimoramento de novas tecnologias de higienização para melhorar as características físico-químicas do lodo urbano e possibilitar o consumo seguro dos alimentos estudados.

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