Ambiente: A Europa oscila entre extremos

Paris, 08/09/2005 – (IPS/Envolverde)

As condições climáticas extremas manifestadas nos últimos meses na Europa, desde incêndios florestais a severas inundações, são conseqüência do aquecimento do planeta, afirmam cientistas. As inundações deste verão em rios da Europa central, como o Danúbio, o Isar e o Inn, mataram mais de cem pessoas. Milhares de aldeias e cidades foram evacuadas na Alemanha, Áustria, Bulgária, França, Hungria, Romênia e Suíça. Ao mesmo tempo, os incêndios provocados por altas temperaturas destruíram centenas de milhares de hectares de florestas na Espanha, França, Itália e Portugal.

“Já estamos presenciando o aquecimento da Terra. As altas temperaturas significam maior umidade no ar e chuvas mais fortes e freqüentes. Isto é o que os especialistas em clima estão prevendo há anos”, disse à IPS o presidente da Agência Ambiental Federal da Alemanha, Andréas Troge.

Por sua vez, o diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Klaus Toepfer, disse a jornalistas alemães que “o aumento em todo o mundo das fortes chuvas, das secas e das tempestades sugere que o efeito-estufa e o aquecimento planetário já estão ocorrendo”.

A evidência científica confirma que “as geleiras estão derretendo, bem como o gelo nos pólos, e as formas climáticas extremas são cada vez mais freqüentes. Tudo isto corresponde aos efeitos previstos pela ciência como conseqüência do aquecimento global”, acrescentou.

A conseqüência desse aquecimento é uma mudança climática global com manifestações regionais e locais, como o derretimento de gelos polares e geleiras, a elevação do nível do mar, secas, tempestades, furacões e inundações.

Nos últimos cinco anos, os incêndios nas florestas portuguesas consumiram cerca de 900 mil hectares, mais de um quarto do total desse país. As chuvas intensas e as ondas de frio ajudaram a controlar os incêndios por algum tempo no mês passado, mas recomeçaram quando a temperatura sumiu.

Outro extremo foi alcançado no nordeste da Espanha, onde ocorreram intensas nevadas na zona dos Pirineus, algo totalmente incomum no verão. Por outro lado, nas principais cidades do sul da Europa foram colocados sacos de areia na margem dos rios para conter as inundações e o exército foi enviado para socorrer os moradores. A região onde coincidem as fronteiras da Alemanha, Áustria e Suíça foi uma das mais afetadas pela inundações. As perdas são estimadas em centenas de milhões de dólares. Ambientalistas e cientistas exortam os governos a adotarem novas regulamentações para construção sobre os rios. “Está claro que os governos deveriam proibir a reconstrução nos rios e em áreas historicamente afetadas pelas inundações”, disse Troge.

A maioria dos cientistas concorda em afirmar que o aquecimento da Terra se deve a atividades humanas, sobretudo os gases liberados pela combustão de petróleo, gás e carvão, sendo que o principal é o dióxido de carbono.

Esses gases vão se acumulando na atmosfera e, por sua grande capacidade para reter o calor dos raios solares, acentuam o chamado “efeito-estufa”.

Os ambientalistas também exigem uma revisão das práticas de cultivo danosas e um retorno à agricultura natural. A agricultura intensiva provoca “crescente deterioração do solo, reduzindo sua capacidade natural para a passagem da água”, explicou à IPS Ewald Schnug, do Centro de Pesquisa Alemã para a Agricultura Orgânica.

“A capacidade da agricultura orgânica para fazer com que a água escorra no solo é o dobro da registrada pela agricultura convencional. Por isso, a agricultura orgânica não deve ser apenas considerada pela qualidade dos produtos, mas também por sua habilidade para devolver ao solo a capacidade de absorver enormes quantidades de água sem permitir a erosão”, afirmou.

Os últimos incêndios florestais na Europa destruíram mais de 200 mil hectares na Espanha, 180 mil em Portugal e 20 mil na França.

Pesquisa Aguaonline

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