
Juan Mateo Horrach.
As chuvas destas últimas semanas nos recordaram da importância de uma boa gestão das águas pluviais e drenagem urbana dentro do que se chama o ciclo da água.
Porque a verdade é que, em geral, e especialmente nos municípios pequenos, não existe tal gestão. A maioria de municípios dispõe de algumas redes executadas sem planejamento nem visão global integrada, e aproveitando alguma das múltiplas subvenções que periodicamente são liberadas pela união ou pelo Estado.
As águas pluviais e drenagem urbana urbanas são resultantes dos episódios de chuva que dão lugar ao escoamento superficial, ao não se evaporar ou não poderem ser infiltradas no terreno. Estas águas carregam importantes quantidades de contaminação, em alguns casos de grave impacto sobre o meio se não são adequadamente canalizadas e tratadas, e geram episódios de inundações e alteração de processo de saneamento das águas residuais de origem doméstica.
Não podemos desvincular as águas pluviais e drenagem urbana das águas residuais. Efetivamente, na maioria dos casos as águas pluviais e drenagem urbana acabam nas redes de esgoto, provocando um importante incremento do caudal de chegada às estações de tratamento de esgoto sanitário, o que afeta os processos de tratamento se não são adequadamente separadas.
A gestão das águas pluviais e drenagem urbana toma importância com a urbanização e a constituição do entorno urbano, que altera substancialmente as condições de drenagem, incrementando a superfície impermeável e dando lugar ao escoamento. De fato, as redes de águas pluviais e drenagem urbana vieram antes das de esgotamento sanitário, já que inicialmente as casas utilizavam as fossas negras ou despejavam o esgoto diretamente no ambiente, enquanto que nas ruas já se haviam implantado canais de águas pluviais para escoar a água de chuva.
Como administrar o problema?
Não obstante, por desgraça nos encontramos em geral bastante alijados dessas demandas, e a atual penúria de investimentos públicos não parece que permita esperar grandes modificações em curto prazo.
Portanto, sendo realistas, se faz necessário inicialmente tomar consciência do problema e proceder a elaborar ou introduzir planos simples para projetar e executar infraestruturas de coleta e gestão das águas pluviais e drenagem urbana, fundamentalmente redes e seus elementos anexos, que permitam escoar a água pluvial de forma ordenada e evitando, na medida do possível a alteração dos sistemas de tratamento e os escoamentos descontrolados.
Também é importante estabelecer nas legislações municipais critérios de atuação nas residências e futuras urbanizações ou reformas das existentes, tendentes à separação desde a origem das águas pluviais e drenagem urbana com relação aos esgotos sanitários, as tipologias de pavimentos a utilizar preferentemente e outros aspectos relacionados com a gestão de águas pluviais e drenagem urbana.
Igualmente, consideramos muito importante ações de manutenção daquelas infraestruturas existentes. Assim, as limpezas periódicas das redes e demais componentes sistema de drenagem facilitarão seu ótimo funcionamento nos momentos em que seja necessário.
Por último, integrar a gestão das águas pluviais e drenagem urbana no ciclo da água. Isto significa que se inclua essa área nos contratos de concessão os nos contratos de serviços com as empresas privadas do ciclo de água, ou no caso de gestão direta, incluí-lo nos serviços de água com responsáveis que tenham uma visão global de todo o ciclo.
Comunidade Europeia
Em termos normativos, no caso da Comunidade Europeia, a Diretiva Marco de Água é a atual norma inspiradora dos modelos de projeto em engenharia de saneamento, com o objetivo fundamental de proteção do ambiente.
Um pouco de história
As doenças de origem sanitária motivaram a construção de desagues de esgoto sanitário nos edifícios e inicialmente se conectaram com as redes de águas pluviais, constituindo as primeiras redes mistas de esgoto.
Mas tarde, no século XIX começaram as redes separadoras de águas pluviais e drenagem urbana e esgotamento sanitário. Entretanto, ainda hoje, a gestão dos esgotos sanitários e das águas pluviais e drenagem urbana é feita de forma funcionalmente separada. Inclusive, vemos como a drenagem e a depuração são geridas por entidades distintas e separadas administrativamente.
Autor
Juan Mateo Horrach
Engenheiro Industrial pela ETSEIB, UPC. M.B.A. por IESE. Pós-graduado e Investimentos e financiamento UPM. Engenheiro Industrial do Serviço de Resíduos do Conselho de Mallorca. Engenheiro consultor. Professor associado UIB.
(Artigo publicado originalmente no Diário de Mallorca, Espanha).
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