
Liphadzi: como incrementar o desenvolvimento e proteger os recursos hídricos?
Foto: Aguaonline.
Standley Liphadzi, do Grupo de Gestão da Comissão de Recursos Hídricos da África do Sul comentou que as características da gestão da água em seu país chamaram a atenção do Paquistão e da Índia.
A África do Sul é um país com um regime semiárido, com precipitações médias de 500 mm anuais, em especial no sul. Segundo os indicadores que desenvolveram cada vez estão mais secos. Os desafios são: como incrementar o desenvolvimento e proteger os recursos hídricos?
O especialista enfatizou a necessidade de ter presente a qualidade da água, quando se fala de caudal ecológico. “Se tenho quantidade, mas a qualidade é ruim, pode ser pior”, afirma.
Em relação com a legislação, destaca que a África do Sul está dividida em províncias, com diferentes leis (exemplo Water Service Act, Natural Water Act) e diferentes instituições (ambiente, águas, mineração, agricultura) cada uma das quais tem iniciativas diferentes de proteção do recurso.
Há uma grande inequidade no país, com uma enorme quantidade de população que não tem acesso à água, situação que se reproduz de geração em geração.
Liphadzi apresentou um caso de estudo, sobre a bacia hidrográfica de Olifants, muito povoada, com diferentes variáveis intervenientes para sua análise (coexistência de agricultura familiar, comercial, parque nacional Kruger, minas, assentamentos). Os resultados indicam que o balanço hídrico é negativo ao longo de toda a bacia hidrográfica.
A prioridade com que trabalham é que primeiro devem satisfazer as necessidades do consumo humano, logo dos ecossistemas e finalmente o resto dos usos. A maior queda na qualidade se deve ao incremento na exploração mineira.
“Necessitamos de boa governança para alcançar sustentabilidade, crescimento e desenvolvimento”, disse Liphadzi.
Soja e descaso
A última intervenção do painel foi realizada por María Leichiner, da associação Ecos, do Uruguai.
Ecos foi criada em 1994 para atuar nas questões de meio ambiente e diversidade em ecossistemas aquáticos.
Leichiner, que é a representante do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) na América do Sul, destacou que o Uruguai aparece nos primeiros lugares no índice de sustentabilidade ambiental. Com uma das maiores disponibilidades de água na região, ocupa o sexto lugar no mundo e o primeiro lugar nas Américas.
Em 2004 o país declarou a água como um direito humano. Tudo isto, segundo a especialista, não favorece a tomada de consciência sobre a importância de cuidar o recurso. “A abundância de água tem feito com que não nos preocupemos em cuidá-la”, disse.
Nas últimas eleições o mau estado e mau odor da água tiveram um papel importante na derrota das eleições por parte do partido governante, opina. A água tem excesso de fósforo e nitratos. Há preocupação também com a expansão das plantações de soja por causa da alta valorização de terras para o plantio.

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