
A relação das mudanças climáticas no Brasil com o sistema de saneamento básico brasileiro nos seus mais diversos aspectos foi o tema do grande painel inaugural realizado no 28º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, aberto na noite de ontem, no Riocentro, no Rio de Janeiro.
Coordenado pelo presidente nacional da ABES, Dante Ragazzi Pauli, o debate envolveu lideranças do segmento, como o Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, Professor Paulo Ferreira, representando o Ministério das Cidades; a diretora de Planejamento da ANA (Agência Nacional da Água), Gisela Forattini; o diretor de Produção da CEDAE, Edes Fernandes de Oliveira, representando o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão; dois técnicos internacionais: o diretor do Banco Mundial, Cristophe de Gouvello; e o relator da ONU para o Saneamento, Léo Heller; além do diretor da Funasa, Vítor Hugo Mosquera.
Ao dar início ao grande painel, Dante Ragazzi Pauli levantou uma série de questões e indagações provocativas que serviram de base para as manifestações dos painelistas “Afinal, sabemos que as grandes soluções para o saneamento no Brasil dependem de soluções transversais. Há falta de articulação na busca dessas soluções? Como anda o uso da água no Brasil? A lei determina que a prioridade seja para o uso humano: como equilibrar com o uso na agricultura, na indústria e nos demais segmentos? E finalmente, como enfrentar a crise hídrica que prossegue?”, indagou o presidente da ABES e coordenador do painel. A partir dessas questões, os participantes foram expondo seus pontos de vista e apontaram as diversas soluções e propostas.
Apesar da grande crise hídrica nos anos de 2014 e 2015, que afetou particularmente a região Sudeste os participantes do painel consideram que ainda foi possível manter os usos múltiplos da água. Mas alertaram que as mudanças climáticas indicam um cenário de dificuldades para o futuro.
“As mudanças climáticas têm que ser levadas a sério pois influenciam diretamente na disponibilidade de água para os diversos usos e pode acontecer o dilema de ter que optar pelo uso humano e dessedentação de animais – que é prioritário – em detrimento, por exemplo, da irrigação”, reconheceram os participantes.
O representante do Banco Mundial,Cristophe de Gouvello, fez uma profunda análise da matriz energética do Brasil e também analisou o crescimento exponencial de eventos extremos característicos das mudanças climáticas nos últimos 15 anos. Ele alertou que apesar de o Brasil ter uma matriz energética limpa o efeito das mudanças do clima e da redução das chuvas pode impulsionar o uso de termoelétricas que acabam “sujando” esta matriz,
Ele citou medidas que podem auxiliar o Brasil a se adaptar às mudanças climáticas, entre as quais estão:
Criar, testar e ampliar os instrumentos econômicos e sociais para promover atividades de mitigação e sequestro e desenvolver a capacidade de adaptação desde as instituições federais, no topo, até as comunidades, na base.
Apoiar a emergência de uma nova governança da mudança do clima transversal promovendo a coerência das políticas climáticas em todos os níveis de governo.
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