Desmatamento sobe 290% em relação a setembro de 2013 na Amazônia

Dados divulgados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), operado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia (Imazon), reforçam a informação de que o desmatamento na Amazônia Legal está em alta desde maio e que a taxa oficial para 2014 poderá subir pelo segundo ano consecutivo.

Os dados do SAD informam que foram detectados 402 km² de desmatamento na Amazônia Legal em setembro de 2014, um aumento de 290% em relação ao mesmo mês de 2013. Neste ano, apenas 7% da área monitorada pelos satélites usados pelo SAD estavam cobertos por nuvens, enquanto em setembro de 2013 a cobertura era de 21% – ou seja, a visibilidade do desmatamento neste ano foi maior do que no ano passado, aumentando o percentual de acerto dessa estimativa.

A suspeita de que o monitoramento realizado pelo INPE, por meio do sistema Deter, tenha indicado elevação do corte raso nos meses de agosto e setembro – que já correspondem ao calendário do desmatamento de 2015 – foi apontada em 10 de outubro. Até aquela data, os dados do Deter referentes a esses meses não haviam sido publicados, impossibilitando saber se o crescimento na área de corte raso observado nos três meses anteriores (maio, junho e julho) havia arrefecido ou se mantinha a tendência de alta.

Com base no fato de que, segundo o próprio INPE, os dados do Deter devem ser publicados mensalmente nesta época do ano (já que a cobertura de nuvens é baixa), o site Mídia e Desmatamento na Amazônia requisitou, por e-mail, duas vezes ao órgão informações sobre a ausência dos dados na Internet. Mas, diferentemente de outras ocasiões, não obteve respostas.

Dias depois, reportagem de um grande diário de São Paulo informava que, segundo o Diretor de Políticas de Combate ao Desmatamento, do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Oliveira, os dados do Deter só seriam divulgados “após as eleições”. A justificativa para tal decisão seria de que novos satélites estariam sendo adotados pelo Deter – que faz verificações diárias da cobertura florestal na Amazônia, apontando as tendências espaciais do corte raso –, e que isso aumentaria a acurácia do monitoramento.

Dois anos de desmatamento em alta?

Embora a decisão do Ministério do Meio Ambiente de adiar a divulgação desses dados crie grande expectativa na sociedade brasileira, a publicação dos resultados do SAD, somados aos dados referentes aos meses de maio, junho e julho do Sistema Deter, reforçam a possibilidade de que, não tenham sido tomadas as medidas necessárias para impedir que o desmatamento subisse por dois anos seguidos.

Se essa elevação for confirmada pelos dados e estimativas preparados pelo INPE, a serem divulgados nas próximas semanas, será a primeira vez que isso ocorrerá desde o que o plano federal de controle do desmatamento, o PPCDAm foi lançado, em 2004.

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