Consumidor brasileiro está disposto a pagar mais por produtos sustentáveis

As questões ambientais influenciam diretamente a decisão de compra de 52% dos consumidores brasileiros, e 83% estariam dispostos a pagar mais por produtos e serviços ecologicamente corretos. Os dados são do estudo global “Our Green World” (Nosso Mundo Verde), do grupo TNS, realizado em junho de 2008 pela internet com mais de 13 mil pessoas de 17 países, inclusive o Brasil, onde 400 pessoas foram entrevistadas.

Segundo Lucas Pestalozzi, diretor de Negócios da TNS Brasil, “embora os resultados sejam animadores, ainda percebe-se a existência de uma lacuna entre a intenção e a efetivação da compra”. Mas a percepção geral dos entrevistados, acrescenta o executivo,” é que um posicionamento das empresas a favor do meio ambiente teria forte ressonância entre os consumidores brasileiros”.

A maioria dos latino-americanos realmente acredita no comprometimento das empresas com a “causa verde” e com o meio ambiente. Na Argentina, mais da metade dos entrevistados (52%) demonstraram essa convicção, e no México 42%. No Brasil, 44% dos pesquisados não têm essa certeza. Aqui os consumidores afirmaram que as organizações adotam a prática por questões exclusivamente mercadológicas, ou seja, para vender mais. E apenas 19% apontaram a defesa do meio ambiente como driver das atividades corporativas.

“Ações de sustentabilidade não podem ser vistas como meros instrumentos de imagem e de marketing, mas sim como ferramentas de gestão que agregam valor aos cotistas e aos consumidores”, diz Pestalozzi. Segundo o diretor da TNS Brasil, “adotar o ‘verde’ apenas para aumentar vendas é uma estratégia que não passa despercebida aos olhos dos brasileiros”.

Práticas essenciais

Os entrevistados indicaram, ainda, algumas práticas “imprescindíveis” que deveriam ser implementadas pelas empresas para corrigir danos ambientais, como, por exemplo, a adoção de programas de uso racional de água e de energia; coleta seletivo de lixo não-industrial; avaliação de impacto ambiental; obtenção de certificados que comprovem o respeito ao meio ambiente e a exigência do cumprimento da legislação ambiental pela cadeia de fornecedores. “Se no passado essas ações eram vistas apenas como desejáveis pelo consumidor, agora passaram a ser indispensáveis, sinal de que as empresas terão que incorporá-las rapidamente às suas estratégias mercadológicas”, adverte Pestalozzi

Entre os diferentes setores da economia avaliados, o automotivo foi citado por 51% dos pesquisados como o que deveria dar maior contribuição à questão ambiental. Em seguida estão o de eletroeletrônicos (49%), de transporte (37%) e agrícola (33%).

Outro ponto avaliado no levantamento foi o papel das empresas na preservação da Floresta Amazônica. Para a maioria dos entrevistados (58%) as companhias brasileiras não estão comprometidas com essa questão. Eles acreditam que as organizações que exploram a biodiversidade da região deveriam assumir mais responsabilidades em relação ao meio ambiente, pagando inclusive taxas ao governo e “royalties” sobre o uso de substâncias com propriedades farmacológicas.

O papel do varejo

Os brasileiros também avaliaram positivamente o “choice editing”, tendência em que o setor varejista realiza a seleção prévia de produtos, excluindo das gôndolas as opções que agridem o meio ambiente. Para 95% dos entrevistados (percentual superior à média mundial, 71%), essa é uma atitude que deveria ser praticada pelo varejo e oferecida como benefício aos consumidores. A maioria (92%) revelou que daria preferência a estabelecimentos que adotassem o sistema seletivo de produtos.

Diesel menos poluente

O Movimento Nossa São Paulo enviou uma carta à procuradora Ana Cristina Bandeira Lins solicitando que o Ministério Público Federal não aceite a proposta apresentada pela Petrobras para compensar o descumprimento da resolução 315/2002 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

A resolução determina a redução do teor de enxofre no diesel vendido em todo o Brasil para 50ppm (S-50), a partir de 1º de janeiro de 2009. Hoje, a proporção é de 500ppm de enxofre (S-500) nas regiões metropolitanas e de 2.000ppm no interior (S-2.000).

A procuradora está negociando com a Petrobras, as montadoras de veículos e distribuidoras de combustível as medidas de compensação que vão constar no termo, já que as empresas alegam a impossibilidade de cumprir a resolução na data prevista.

A proposta da Petrobras apresentada à procuradora é considerada um retrocesso pelas entidades que estão se mobilizando pelo diesel mais limpo. A empresa propôs a distribuição do diesel S-50 em 2009 somente nas frotas de ônibus urbanos das Cidades de São Paulo, Rio de Janeiro (em janeiro) e Curitiba (em agosto). O fornecimento em Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador seria em janeiro 2010. No interior, seria substituído o atual diesel S-2.000 pelo S-1.800.

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