Uso de sacos plásticos reune especialistas e consumidores

Alessandra Pires: o problema não está na produção das sacolas plásticas, mas no uso que as pessoas fazem delas.

Que tipo de sacola deve ser utilizada no comércio de Porto Alegre? Como garantir o desenvolvimento sustentável na cidade? Para responder a estas e a outras questões, a Câmara Municipal da Capital promoveu, na manhã desta sexta-feira (8/8), o seminário Qual é a sacola correta?

Participaram das discussões sobre o uso ideal do plástico entidades, organizações, associações e empresas envolvidas com o segmento. O evento serviu para aprimorar os debates sobre sustentabilidade e buscar contribuições da população para o projeto de lei PLL 061/77 que tramita na Casa.

De iniciativa da vereadora Maristela Maffei (PCdoB), a proposta obriga grandes supermercados e estabelecimentos comerciais no Município de Porto Alegre a utilizarem sacolas e sacos de material reciclado. Além disto, o projeto prevê penalidades pelo não-cumprimento da referida lei. Também tramita no Legislativo substitutivo ao projeto, elaborado pelos vereadores Bernardino Vendruscolo (PMDB) e Maristela Maffei (PCdoB).

Ao abrir os trabalhos, o presidente da Câmara, vereador Sebastião Melo (PMDB), disse que o maior desafio urbano que Porto Alegre enfrenta diz respeito aos resíduos sólidos. Por isso, as pessoas têm que aprender a separar o lixo, a valorizar a reciclagem e ajudar o parlamento a construir alternativas para a questão”, registrou. Atualmente são produzidos no país, mais de 2,2 milhões de toneladas de resíduos plásticos, dos quais menos de 400 toneladas passam por reciclagem. Parte dos resíduos sólidos contamina riachos, rios, mares e entope bueiros e bocas-de-lobo nas grandes cidades.

Segundo a coordenadora da equipe de resíduos sólidos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), Alessandra Pires, o problema não está na produção das sacolas plásticas, mas no uso que as pessoas fazem delas. “Se as sacolas plásticas utilizadas forem encaminhadas aos galpões de reciclagem, podem virar novos sacos, tampas e até lixeiras. Se forem jogadas em arroios ou esgotos gerarão muitos resíduos”, explicou.

Conforme informação da Smam, Porto Alegre produz cerca de 1,000 toneladas de lixo por dia e apenas 200 toneladas são recicladas. Para Alessandra, a redução do número de sacolas deve ser a meta das empresas e dos setores envolvidos com o meio ambiente “As bolsas de pano devem ser mais aproveitadas no comércio e no dia-a-dia”, sugeriu.

O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, informou que são fabricadas pelos supermercados cerca de 1,5 bilhão de sacolas plásticas por ano. No entanto, diversos cursos de qualificação e conscientização têm sido realizados pelos estabelecimentos como forma de garantir a reutilização do produto. “Muitas lojas já pagam cerca de 5% da energia elétrica com a reciclagem. Existem mais de 37 formas de reúso do plástico, e os consumidores precisam aprender a manuseá-lo”, frisou.

Defensor dos plásticos por sua praticidade, Francisco de Assis Esmeraldo Filho, do Instituto Socioambiental dos Plásticos – Plastivida -, reiterou que a maior vantagem do produto é a possibilidade de ser 100% reciclável. Segundo ele, para ampliar a prática é preciso aumentar o alcance das pessoas ao processo de coleta seletiva. “A embalagem plástica não pode ser vista como nociva. Ela protege os produtos, garante a segurança alimentar, evita contaminação, transmissão de doenças, proliferação de insetos e roedores”, argumentou.

A reciclagem do plástico permite a conversão de resíduos plásticos pós-industriais ou pós-consumo em grânulos que podem ser reutilizados na fabricação de outros produtos, como sacos de lixo, solados, pisos, conduítes, mangueiras, componentes de automóveis, fibras e embalagens não-alimentícias. Ao finalizar os trabalhos, o vereador Bernardino Vendruscolo (PMDB) parabenizou os debatedores e propôs que novos fóruns de discussão sejam realizados em Porto Alegre antes do plenário votar o projeto de lei sobre a reciclagem das sacolas plásticas.

Entre as entidades presentes ao evento estavam o Sindicato das Indústrias de Papel (Sinpasul), Sindicato das Indústrias de Material Plástico do RS (Sinplast), Rede de Supermercados Wall-Mart, Secretaria Administrativa de Recursos Humanos do Estado, Escola Estadual Rafaela Remião, Colégio Marechal Floriano Peixoto, Petroquímica Braskem, Metroplan, Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Celulose Irani SA, Fórum de Defesa do Consumidor e a Usina Verde – Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos Urbanos com Geração de Energia.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

Agricultores de Rolândia recuperam bacia do Ema

Num trabalho conjunto entre Sanepar e Instituto Ambiental do Paraná (IAP), de recuperação da bacia do Ribeirão Ema, em Rolândia, 45 produtores rurais assinaram um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) para o plantio de mata ciliar. Desta forma, cada agricultor compromete-se a efetuar o plantio de árvores em sua propriedade, às margens do ribeirão, num prazo de 180 dias, prorrogáveis por mais 90. O documento é assinado entre o agricultor e o IAP.

A partir da próxima semana, uma empresa contratada pela Sanepar começa a fazer a medição da área que deve ser destinada ao plantio das árvores. A estimativa é que, em 40 dias, todas as 83 propriedades que margeiam os 30,6 km de extensão do Ribeirão Ema sejam demarcadas. Naquelas em que há atividade pecuária, os produtores devem cercar a Área de Preservação Permanente (APP) – como é chamada a faixa de mata ciliar.

A recuperação da bacia do Ema foi priorizada em Rolândia porque o ribeirão é o principal manancial de abastecimento do município. Segundo o coordenador regional de Meio Ambiente da Sanepar, Maurílio Tedardi, existe um avançado processo de erosão na área, que compromete o abastecimento da cidade em dias de chuva. “É fundamental que os agricultores façam a sua parte para a preservação do Ema”, diz.

O agricultor Vicente Michels, que cuida da propriedade de 15 alqueires do filho, às margens do Ema, conta que a área já tem mata ciliar. “Essa obrigatoriedade é muito positiva. Se for preciso, é melhor plantar mais do que menos. Ninguém pode perder tempo. Temos que plantar urgentemente porque as águas estão secando e não tem mais mata”, diz.

Na opinião de Leila Villanueva, que tem gado em cinco alqueires, é formidável essa exigência do TAC. “Tenho uma parte de vegetação na beira do Córrego Nhanduti, afluente do Ema, mas agora vou cercar. Temos que fazer isso porque é o futuro do nosso Planeta que está em jogo. A situação está grave não só em Rolândia ou no Brasil, mas no mundo todo”.

Justiça ambiental em debate no RS

Com o tema A justiça ambiental como um critério de avaliação de políticas públicas, o Prof. Dr. Marcelo Firpo de Souza Porto, da Fiocruz, fará a conferência de encerramento do III Seminário Sulbrasileiro de Saneamento Ambiental. Considerado um dos principais articuladores do movimento pela justiça ambiental e idealizadores da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, o pesquisador é um dos destaques do programa científico do evento promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-RS), que acontece de 27 a 29 de agosto, no Centro de Eventos do Plaza São Rafael, em Porto Alegre.

Segundo Marcelo, o conceito de justiça ambiental permite pensar de forma integrada o desenvolvimento de ações de prevenção e promoção da saúde. “A mudança de paradigmas nos campos teóricos e operacionais engajados na análise e enfrentamento de problemas de saúde e ambiente também contribui para a renovação do conceito de saúde humana. Este novo conceito de olhar de forma global o ecossistema social, deve também transcender a concepção biomédica, integrando-a á saúde das comunidades e dos ecossistemas”, explica o pesquisador.

O III Seminário Sulbrasileiro traz outras atrações dentro de uma programação atualizada e abrangente sobre os principais temas que cercam a relação saneamento-saúde.

Informações e inscrições: www.abes-rs.org.br ou pelo telefone: (51) 3231 0311.

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