Evento analisa relação entre saneamento e saúde

Em busca de um conceito de Saúde mais abrangente do que a simples “ausência de doença” o médico canadense Marc Lalonde publicou em 1974 um relatório em que chamava a atenção para a ênfase que vinha sendo dada à Medicina curativa em detrimento da prevenção. Dizia que se prestava atenção demais à “organização dos cuidados médicos apesar de termos identificado nas primeiras causas de mortalidade razões baseadas em três conceitos: biologia, meio ambiente e estilos de vida”. E concluía: “Parece evidente, portanto, que vultosas somas de dinheiro estão sendo gastas erroneamente somente para tratar as enfermidades e não preveni-las efetivamente”.

Este alerta foi o ponto de partida para que em 1986 a Conferência sobre Saúde realizada na cidade de Ottawa, no Canadá reconhecesse como pré-requisitos fundamentais para a Saúde: “a paz, a educação, a habitação, o poder aquisitivo, um ecossistema estável, a conservação dos recursos naturais, a justiça social e oportunidades iguais para todos”..

Neste mesmo ano os americanos Leonard Duhl e Trevor Hancock usaram pela primeira vez o termo “cidades saudáveis” enfatizando o papel do município na promoção da saúde. Para eles “uma cidade é saudável quando coloca em prática, de modo contínuo, a melhoria de seu ambiente físico e social, utilizando os recursos de sua comunidade com o objetivo de permitir a seus cidadãos uma aptidão de ajuda mútua em todas as atividades humanas que levem a sua plena realização”.

É preciso deixar claro que a saúde de uma pessoa pode ser tanto o resultado das condições de habitação, da escola, do trabalho, como a atenção de saúde de que dispõe. Saúde para todos implica portanto em:

# Ambiente limpo, seguro e de alta qualidade;

# Ecossistema estável e sustentável a longo prazo;

# Satisfação das necessidades básicas (alimentos, água, habitação, recursos, segurança e trabalho);

# Economia inovadora, diversificada;

# Incentivo à vinculação com o passado e herança cultural;

# Ótimo nível dos serviços de saúde pública e atenção aos doentes acessível a todos e boa situação sanitária.

Este laço de dependência entre saúde e ambiente é lembrado de maneira eloqüente pela Agenda 21, no seu capítulo 6, consagrado à “Proteção e Promoção das Condições da Saúde Humana”. E também no Cap. 18 cujas estatísticas citadas deixam evidente esta interdependência:

“Estima-se que 80% de todas as moléstias e mais de 1/3 dos óbitos dos países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de água contaminada e, em média, até 1/10 do tempo produtivo de cada pessoa se perde devido a doenças relacionadas com a água. Uma em cada três pessoas do mundo em desenvolvimento ainda não conta com água potável segura e saneamento”. (Agenda 21 – Capítulo 18 – 18.47).

Para analisar e debater as diversas interfaces entre saúde e saneamento a seção gaúcha da A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES/RS) realizará de 27 a 29 de agosto, no Centro de Eventos Plaza São Rafael, em Porto Alegre, o III Seminário Sulbrasileiro de Saneamento Ambiental.

O programa científico será desenvolvido por meio de conferências, palestras e painéis com debates para as seguintes abordagens: saúde como resultado das condições do ambiente; reflexões sobre as inovações e alternativas no tratamento de esgotos; ligações domiciliares de esgoto: um problema a enfrentar; interfaces saúde – ambiente: instrumentos de gestão; experiências de integração da gestão; a qualidade da água na prática; casos concretos de contaminação química e seus desdobramentos, e a justiça ambiental como um critério de avaliação de políticas públicas.

Informações: www.abes-rs.org.brou pelo telefone: (51) 3231 0311.

Porto Alegre promove seminário sobre sacolas plásticas

Está confirmado, para 8 de agosto, a realização de seminário que debaterá a utilização de embalagens plásticas em lojas e supermercados. Os vereadores querem analisar as alternativas antes de votar uma lei que não teria efeitos práticos.

O presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre (RS), vereador Sebastião Melo (PMDB), elogiou a iniciativa dos vereadores Mariestela Maffei (PCdoB) e Bernardino Vendrusculo (PMDB) e destacou a importância de reunir todos os segmentos para que o debate seja o mais plural possível. Melo disse que a Câmara dará todo suporte necessário para a realização do evento.

Maristela Maffei, autora de projeto que propõe a substituição de sacolas plásticas, em tramitação no Legislativo, disse que mais importante do que votar a proposta neste ano é promover debates sobre todas as alternativas possíveis com a sociedade. O projeto proposto por ela, com três artigos, “obriga os supermercados utilizar sacolas e sacos de material reciclado e estabelece multa para o não-cumprimento”.

O vice-presidente do Sindiplast, Luís Henrique Hartmann, considera propício o seminário para o esclarecimento de diversas dúvidas. Para o diretor da Braskem, João Ruy Dornelles Freire, é importante buscar soluções conjuntas das alternativas para o equilíbrio e esclarecer as diferenças entre embalagens biodegradáveis e oxibiodegradáveis.

Também a indústria de papel apóia a realização do evento. O diretor-executivo do sindicato papeleiro, Alício Bottin da Silva, disse que o setor tem condições de atender o mercado, mas que o debate é sempre muito importante.

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