
A água é um recurso de primeira necessidade, mas escasso em Lima, a segunda capital com déficit hídrico no mundo depois do Cairo (Egito). Roubá-la é um delito grave que prejudica não somente a empresa abastecedora, mas a todos os que têm que esperar mais tempo para tê-la ao abrir suas torneiras.
A empresa de saneamento Sedapal – que opera o sistema de água e esgoto da capital peruana – calcula que há mais de 30.000 conexões de água clandestinas na cidade (aproximadamente 3% do total de instalações existentes entre domiciliares, comerciais e industriais) que reapresentam 750.000 metros cúbicos de água não faturados ao mês. Em outras palavras, se trata de 1,125.000 milhão de soles (R$ 1,00= 1,7 novo sole) mensais que se perdem ou literalmente somem na água.
Antes que iniciar ações legais, a Sedapal preferiu adotar, há três anos, o caminho das anistias como uma forma de incorporar novos usuários ao serviço. Este ano não foi exceção: até 31 de março vigorou a anistia para que as pessoas que utilizavam conexões clandestinas regularizassem sua situação.
A meta era regularizar pelo menos 5.000 conexões ilegalis, que em conjunto representaria um volume de recuperação projetado de 1.800.000 m³ de água potável (média de 25 m³ por conexão).
Passada a campanha de regularização e incorporação de novas conexões de água potável e esgoto, os inspetores da Sedapal intensificarão as operações denominadas Água Zero para cortar as ligações e aplicar sanções aos que roubam o recurso de canalizações domiciliares ou adutoras da cidade.
O furto do serviço de água tem várias modalidades: há usuários que mesmo tendo uma conexão formal em sua casa buscam a via incorreta para reduzir o pagamento de seu consumo. Outros fazem ligações clandestinas alterando uma rede matriz. Disto também se utilizam as mafias (caminhões-cisterna informais) para vender o recurso nos assentamentos humanos. “Todas essas formas de roubo são detectadas pela empresa com nova tecnologia adquirida. Entretanto, nossa intenção não é somente punitiva, mas que as pessoas paguem o que realmente consomem”, diz o engenheiro Augusto Maldonado, chefe da equipe de Serviços e Clientes Especiais. Durante este ano, até o mês de fevereiro, foram regularizadas 183 conexões clandestinas.
Há outro indicador onde se registra também o problema do furto de água potável: as conexões inativas, que não registram serviços suscetíveis de serem faturados. Segundo um estudo da Superintendência Nacional de Serviços de Saneamento (Sunass), a Sedapal tem atualmente 8% de usuários inativos (cerca de 7.440). Desse total, se estima, por experiências desenvolvidas em outras empresas, que 20% estão reconectados ao sistema clandestinamente. Em todo o país há 578 mil conexões de água inativas.
No informe “Vencendo o déficit de infra-estrutura de água potável e esgoto em Lima e Callao”, publicado pela Sunass em janeiro passado, se informa que os clientes formais se prejudicam com as conexões clandestinas, pois estas colocam em risco a qualidade da água potável e também, a longo prazo, os usuários formais terminam pagando as perdas através de maiores tarifas o de uma menor qualidade do serviço.
Hilda Abuid, chefe de Relações Públicas da Sedapal, adverte porém que os maiores prejudicados com a má qualidade e perigo para sua saúde são os que se servem da conexão clandestina, e não os demais clientes.
Afirma também que a empresa elabora um cadastro de conexões para identificar os usuários que diminuem intempestivamente seu consumo de água potável ao longo de um período e das conexões que foram cortadas por falta de pagamento, pois estes clientes poderiam estar roubando este recurso.
Fonte:
elcomercioperu.com.pe.
Somente empresas éticas e sustentáveis sobreviverão
São Paulo, 28 de maio de 2008 – Agir – e promover ações – de forma a proteger a vida, a manter o ser humano em pé, digno, pronto a construir seu futuro. Na opinião de Mário Sérgio Cortella, palestrante do painel “Ética da Sustentabilidade”, na Conferência Internacional 2008 do Instituto Ethos, essa é a única fórmula para a sobrevivência das empresas no mundo contemporâneo.
O filósofo defendeu a “Ética da Sustentabilidade” como o conjunto de idéias e iniciativas a serem necessariamente adotadas pelas empresas e pela sociedade para a defesa da vida. “A Ética da Sustentabilidade é a que protege efetivamente a vida, que não é só de fachada, não é cínica, é totalmente coerente entre preceitos e ações”, definiu.
Lucratividade, competitividade e produtividade não podem estar dissociadas da sustentabilidade, mesmo no meio empresarial. Até porque não haverá outra alternativa para as empresas que pretendem sobreviver.
“A empresa que não estiver atenta à combinação dessas quatro forças estará sofrendo de falta de inteligência competitiva e, portanto, fadada ao fracasso”, sentenciou Portella. Na sua análise, o consumidor está cada vez mais atento e progressivamente consciente e começará a condenar produtos que sejam resultado de uma empresa anti-ética em seus processos e práticas.
A organização da sociedade, do mercado, para destruir o que ameaça a sua sobrevivência é tendência natural, decorrente da evolução do pensamento crítico do ser humano e da sua maior conscientização enquanto consumidor. “Não podemos apenas subsistir, o ser humano quer dignidade, e ele é dotado de compaixão e senso de preservação para rejeitar tudo o que ameaça sua espécie”, avisa.
Em sua opinião a mobilização da sociedade moderna é o primeiro passo para a preservação do futuro. “Estamos fazendo um saque antecipado do futuro, com um consumo acelerado a qualquer custo, nunca feito antes por outras gerações, e temos de resgatar isso, fazer depósitos de recursos para a preservação do planeta, da vida. É nosso papel, é da nossa natureza construir o porvir e já está mais do que na hora de fazermos isso”, afirmou Cortella.
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