
Em pesquisa recente da H2C – Consultoria e Planejamento de Uso Racional da Água, notou-se que o brasileiro gasta, em média, cinco vezes mais água do que o volume indicado como suficiente pela Organização Mundial da Saúde – a organização recomenda o consumo de 40 litros diários por pessoa, enquanto no Brasil são consumidos 200 litros dia/pessoa, em média.
De acordo com a consultoria, faltam políticas globais de incentivo ao uso racional da água e as iniciativas existentes estão sempre voltadas para o aumento da produção de água, e não para a diminuição do consumo. “Até quando vamos deixar as campanhas de uso racional da água nas mãos das concessionárias; isto é contraditório, porque o negócio delas é vender água. Assim, quanto maior o consumo e, por decorrência, a venda de água, mais as concessionárias lucram”, destaca Paulo Costa, consultor em projetos de Uso Racional da Água.
O especialista explica que há alternativas que permitiriam reduzir o consumo de água imediatamente, sem necessidade de novos investimentos. “Programas racionalizadores do uso da água foram empregados com sucesso por cidades como Nova York e Austin, nos EUA, e Cidade do México, por exemplo”, relata Costa. De acordo com o consultor, a Prefeitura de Nova York implementou um programa de incentivo à substituição de equipamentos gastadores de água – bacias sanitárias, especialmente – por outros, racionalizadores.
O programa foi implementado, entre 1994 e 1996, com investimento de US$ 240 milhões no incentivo à troca de bacias e válvulas sanitária, permitindo a economia de 288 milhões de litros por dia. Os consumidores passaram a economizar até 35% na sua conta de água mensal. Além disso, os técnicos da prefeitura nova-iorquina constataram também que conservar/economizar 100 milhões de litros de água, por exemplo, sai até 1/4 do custo exigido para captar, tratar e distribuir igual volume de água, ou seja, é muito mais barato racionalizar do que aumentar a produção.
Para o consultor as prefeituras, os governos estaduais e federal deveriam começar dando o exemplo. “Se os prédios públicos, as escolas, hospitais adotassem medidas racionalizadoras, seria além de um belo exemplo para a sociedade, uma economia gigantesca no gasto da água.
Ele acrescenta que com o dinheiro economizado essas autarquias poderiam investir em campanhas de conscientização através de ações educativas junto à comunidade, esclarecendo sobre as maneiras de evitar o desperdício, as formas de economizar e as fontes alternativas para a captação de água, bem como a diferenciação dos usos da mesma, ou seja: para algumas atividades não há necessidade de utilização de água tratada.
AmBev Reduz Consumo de Água em 22%
A AmBev reduziu em um ano de 4,30 para 4,19 litros a água usada na produção de cada litro de cerveja. A economia gerada com a redução representa, em volume, a quantidade de água suficiente para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes por um mês. No total, em cinco anos a AmBev reduziu em 22% o índice geral de economia de água.
“A gestão de recursos hídricos é uma prioridade para a AmBev, por isso implementamos uma série de medidas em todas as unidades, tanto no Brasil como no exterior, e cada uma das unidades têm metas de redução do consumo de água”, diz Beatriz Oliveira, Gerente Corporativa de Meio Ambiente da AmBev. “O foco na racionalização de um bem tão precioso, além de contribuir com a preservação ambiental, reduz os custos de captação e tratamento de água”, explica.
A AmBev reaproveita ainda toda a água proveniente da produção em atividades como lavagem de tanques, garrafas e limpeza em geral. A água que enxágua as garrafas é aproveitada, por exemplo, para lavar os engradados. Na pasteurização, a mesma água usada para elevar a temperatura da cerveja é usada para resfriá-la. Esse circuito fechado reduz a necessidade de captação.
Os resultados das práticas do Sistema de Gestão Ambiental mostram que a cada ano o consumo de água diminui. Q
Quando se trata de refrigerantes o índice é ainda melhor. A média usada pelas unidades da AmBev que produzem refrigerante em 2007 foi de 1,71 litros de água para cada litro de bebida produzida. A filial Jundiaí, por exemplo, reduziu de 1,78 para 1,63 litros a água usada na produção de cada litro de refrigerantes, tornando-se referência entre todas unidades da companhia. Em 2006, a filial Contagem, de Minas Gerais, atingiu um recorde histórico de econômia, chegando a 1,25 litros de água para cada litro de bebida fabricado.
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