Eficiência começa pela redução das perdas

Cecy Oliveira – direto de São Paulo (*).

Em um cenário em que a média de perdas na área de Saneamento beira os 50% da água produzida, incluindo as chamadas perdas físicas e a água não contabilizada, a redução neste item vai ser um dos carros-chefe dos operadores em busca da eficiência.

Os especialistas recomendam que a caçada ao desperdício deve começar pela identificação da água não faturada – segundo o Sistema Nacional de Informação em Saneamento (SNIS), 2006, este índice chega a 39,8% em termos globais.

Na avaliação dos palestrantes do workshop as perdas (e o seu controle) não devem mais ser encaradas como problema mas como oportunidade. Como diz Jorge Dietrich, temos que tirar o S da palavra CRISE, o que significa estimular a criatividade.

Exemplos do reflexo imediato deste controle não faltaram nos debates do workshop. Um case citado foi o do serviço municipal de Joinville (SC) que teve incremento de 70% na arrecadação com um bem estruturado plano de redução de perdas.

(*) A jornalista Cecy Oliveira viajou a São Paulo a convite da Pezco Pesquisa e Consultoria Ltda.

A hora de enfrentar a realidade

Piza: coragem de virar a página.

O engenheiro civil Francisco Piza foi um dos mais contundentes na análise do setor e de suas debilidades e vícios que vêm comprometendo a caminhada rumo à universalização. Em sua avaliação uma das dificuldades de conseguir o entendimento necessário para uma ação conjunta das três esferas de poder (União, estados e municípios) é a excessiva autonomia municipal, um caso peculiar mundialmente, conforme afirmou.

Outra crítica é quanto ao subsídio, as chamadas tarifas sociais, que acabam beneficiando estratos da sociedade que não precisam. “Temos que ter coragem de virar esta página”, disse.

Do ponto de vista técnico ele vê uma distorção nos projetos e obras ao afirmar que “as redes brasileiras foram feitas para ampliar e consertar e não para operar”. Também fez reparos às normas brasileiras para Engenharia Sanitária que em sua opinião estão defasadas. E exemplificou com a diminuição do consumo nas residências com o uso de metais e bacias sanitárias economizadoras fatores completamente ignorados pelas normas de construção e dimensionamento das redes.

Tarifas – cobrança e equilíbrio

Mesmo que tenham abordado resumidamente os itens relativos à questão da tarifa os especialistas alertaram para a necessidade de atenção a este ponto.

O plano tem que prever o equilíbrio entre a tarifa praticada e a chamada tarifa de equilíbrio visando às metas de universalização. Esta deve ser suficiente para equilibrar as receitas com as despesas de operação, manutenção, reposição administrativa, investimentos de expansão e melhoria, amortização dos juros de empréstimos e consonância com a capacidade de pagamento.

Nos caso em que a tarifa de equilíbrio seja muito superior à tarifa prevista para ser praticada é necessário prever formas de buscar subsídios às classes mais desprotegidas para garantir a sustentabilidade e o não comprometimento das metas fixadas visando à universalização dos serviços de água e esgoto.

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