
O Dia Mundial das Áreas Úmidas 2008 (DMAU) – comemorado no dia 2 de fevereiro – tem importância fundamental, já que as necessidades em matéria de saúde se multiplicam enquanto permanecem existindo altos níveis de pobreza nos países em desenvolvimento, os mais afetados pelos impactos das mudanças climáticas globais. E são precisamente as áreas úmidas que cumprem funções insubstituíveis tanto para enfrentar doenças como para encontrar soluções sanitárias que assegurem bens essenciais como água doce, pescado ou plantas medicinais”, disse Julieta Peteán, da Fundação Proteger, com sede na Argentina, em comunicado da instituição alusivo ao DMAU.
Para assinalar a data a Convenção Ramsar (acordo mundial para conservação e preservação desses ecosssistemas) vem destacando, através de casos concretos, os benefícios diretos e positivos para a saúde humana de manter áreas úmidas preservadas – como provisão de alimentos, água limpa, produtos farmacêuticos, etc., e os efeitos negativos diretos de um mau manejo destas áreas, o que se traduz na deterioração da saúde e inclusive em perda de vidas, devido a enfermidades relacionadas com a água, incêndios, inundações ou contaminação da água.
Um dos objetivos do DIA MUNDIAL DAS ÁREAS ÚMIDAS 2008 é ressaltar a forte relação que existe entre estes ecossistemas quando funcionam de forma adequada e a saúde humana, assim como alertar para a importância de contar com estratégias de manejo que apóiem tanto a saúde dos ecossistemas como a saúde das pessoas.
As estimativas indicam que a cada ano mais de 3 milhões de pessoas morrem devido a problemas de má conservação ou perda de áreas úmidas em todo o mundo.Por isto o lema deste ano é Áreas Úmidas Preservadas (sãs) Pessoas Sadias.
A questão dos Alimentos
Um requisito essencial para que as pessoas tenham boa saúde é contar com alimentos adequados e de qualidade, e nesse sentido a contribuição das áreas úmidas é fundamental, pois proporcionam pescado (incluindo mariscos), frutas e plantas comestíveis. Um bilhão de pessoas dependem da pesca como sua principal ou única fonte de proteínas. Em termos de plantas cultiváveis das áreas úmidas, o arroz é a mais importante globalmente, proporcionando 20% do suprimento mundial de alimentos energéticos. O cultivo de vegetais nas áreas úmidas é uma importante fonte de alimentos para uso local e para os mercados internacionais. De forma indireta, as plantas das áreas úmidas desempenham um papel essencial como alimento para o gado do qual depende a saúde de outras bilhões de pessoas.
Uma boa gestão destes ecossistemas garante alimentos que ajudam a manter a saúde. Mas há muitas atividades humanas que afetam negativamente a capacidade das áreas úmidas para seguir proporcionando bem-estar. A contaminação, a extração excessiva de água, o saneamento deficiente, a super-exploração de seus recursos e a destruição de áreas úmidas são fatores que reduzem ou destróem a capacidade delas de oferecer alimentos para o consumo humano.
Água limpa
As áreas úmidas continentais (rios, arroios, lagos, mangues, banhados, pântanos, etc) cumprem uma função vital ao filtrar e purificar a água doce, devolvendo-a em boas condições para ser potabilizada para o consumo humano. Este serviço jamais havia sido tão valioso para as populações humanas como hoje, quando mais de 1 bilhão de pessoas carecem de acesso à água segura. Mas quando elas são deterioradas ou aterradas perde-se essa fonte de água limpa e segura bem como todos os demais serviços dos ecossistemas que elas oferecem.
Contaminação da água
Mesmo que as áreas úmidas de água doce tenham capacidade para purificar a água, esta é limitada. Só podem tratar uma certa quantidade de resíduos agrícolas e despejos domésticos e industriais. E a espécie humana é capaz de acrescentar muito mais: produtos químicos tóxicos (como bifenilos policlorados como PCB, DDT ou dioxinas), resíduos de antibióticos procedentes do gado, águas residuais humanas não tratadas e praguicidas que atuam como disruptores endócrinos. Em todo o mundo essa capacidade de purificação das áreas úmidas tem sido ultrapassada de forma que essas fontes de água doce e os alimentos que proporcionam se tornam inapropriados para o consumo e se convertem em um perigo para a saúde humana.
Particularmente preocupante é o fato de que ainda existam 2,6 bilhões de pessoas que carecem de acesso a um saneamento adequado; e quando ele é deficiente se acrescenta a contaminação microbiana da água proporcionada pelas áreas úmidas, resultando em doenças e às vezes, perdas de vidas.
O poder medicinal das áreas úmidas
Muitas plantas de áreas úmidas e espécies de animais vêm sendo utilizadas há milhares de anos como remédios tradicionais. Também fornecem princípios ativos largamente utilizados na farmacologia moderna. A superexploração, as técnicas de coleta destrutivas e a perda e alteração de habitats ameaçam a capacidade das espécies de áreas úmidas de continuar cumprindo essas funções.
Mais informações:
www.ramsar.org.
Meio ambiente e os países pobres
Os prejuízos ambientais causados pelos países desenvolvidos aos paises em desenvolvimento, custarão mais caro que os prejuízos da dívida externa. Esta é a conclusão de um estudo publicado por um grupo estadunidense formado por ecologistas e economistas.
De acordo com o documento, a destruição dos recursos naturais pelos ricos entre as décadas de 1960 e 1990 deverá significar uma perda de mais de R$ 13 trilhões aos países de renda per capita baixa e média. A dívida externa dos países pobres na mesma época ficou em torno de R$ 3 trilhões.
Segundo os autores da pesquisa, apenas por meio da emissão proporcional de gases de efeito-estufa, o grupo rico pode ter imposto danos climáticos aos pobres maiores do que a dívida externa destes.
Os custos calculados levam em conta as atividades humanas ligadas à mudança climática, destruição da camada de ozônio, expansão da agricultura, desmatamento, pesca predatória e danos a mangues.
Os pesquisadores estimam que o dano ambiental trará à humanidade como um todo um prejuízo de mais de R$ 85 trilhões. O aquecimento global e o problema com o ozônio foram considerados os fenômenos mais impactantes, representando mais de 97% das perdas.
De São Paulo, da Radioagência NP.
Bem-estar mental
A população mundial vem se concentrando nas zonas urbanas, especialmente nas regiões costeiras, e os citadinos estão cada vez mais sedentários do ponto de vista físico.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a depressão e seus males conexos chegarão a ser a causa mais importante de má saúde antes de 2020.
Além disso, os efeitos da inatividade física das populações urbanas cada vez resultam mais onerosos no que se refere a tratamento médico. Os espaços verdes, incluídos os rios, lagos e restingas e suas zonas ribeirinhas e as áreas úmidas associadas são cada vez mais utilizadas para recreação, educação e veraneio.
O valor dos espaços verdes para melhorar a saúde mental e física das populações urbanas está adquirindo maior reconhecimento e os estudos atuais indicam que do contato habitual com estes locais nas áreas urbanas se obtém benefícios quantificáveis físicos e psicológicos. Nesse aspecto, as áreas úmidas urbanas têm um papel muito importante a desempenhar.
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