Comprar um simples produto ou utilizar um serviço no dia-a-dia pode ser uma atividade de responsabilidade social com o meio ambiente. Este é um dos objetivos do projeto de doutorado desenvolvido pela pesquisadora Danielle Maia de Souza, apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) e premiado pelo Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA), responsável por catalisar ações internacionais e nacionais para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento sustentável.
A pesquisadora está analisando os métodos existentes de Avaliação de Impactos do Ciclo de Vida (AICV) dos produtos, processos ou serviços para identificar elementos que podem ser modificados e adaptados, e desenvolver a estrutura de um método adequado à avaliação de impactos em estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) em território brasileiro.
“Estamos considerando as particularidades ambientais do país. Para tanto, é realizada a comparação de métodos de AICV existentes e, em seguida, buscamos identificar um conjunto de elementos, componentes desses métodos, os quais possam ser utilizados na formulação de um método nacional”, explica Danielle Maia.
A pesquisadora atua em parceria com o Grupo de Pesquisa em Avaliação do Ciclo de Vida, criado em 2006, junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento e Pesquisa (CNPq), sob a coordenação do Professor Sebastião Roberto Soares, para desenvolver pesquisas relacionadas à ferramenta de ACV. O grupo é ligado a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde a pesquisadora desenvolve seu projeto de doutorado.
Avaliar o Ciclo de Vida de um produto ou serviço consumidos diariamente pela população é analisar os aspectos ambientais e estimar os impactos associados a este ciclo, formado desde a extração da matéria-prima, passando pelas etapas de produção, distribuição, utilização até a destinação final do produto. Na avaliação dos impactos são considerados os fatores que estão associados ao inventário do ciclo de vida.
“A AICV permite avaliar a significância de aspectos ambientais apresentados durante a etapa de inventário e agregar as intervenções em vários ou um único indicador. Os fluxos elementares do sistema são relacionados aos impactos gerados ao meio ambiente, em nível global, regional ou mesmo local”, define Danielle Maia.
Segundo a pesquisadora, o trabalho iniciou-se com uma revisão bibliográfica acerca do tema, identificando os principais métodos existentes e aplicados atualmente em estudos realizados por pesquisadores de outros países. Inicialmente, foram identificadas três grandes linhas, com métodos próprios de avaliação de impacto do ciclo de vida: a européia, a americana e a japonesa. Posteriormente, foram identificados métodos que foram desenvolvidos a partir dessas linhas. A etapa seguinte foi a identificação dos elementos que poderão ser modificados e adaptados para as condições brasileiras por meio da comparação dos métodos existentes, segundo parâmetros definidos pelo grupo de pesquisadores.
“Até o presente, foi possível averiguar a necessidade de desenvolvimento de um método regionalizado que contemple as condições ambientais não somente do Brasil como um todo, mas de suas diferentes regiões, segundo aspectos geográficos e climáticos, de forma distinta e mais precisa”, explica.
“Infelizmente, atualmente, poucas indústrias dão atenção à forma como sua produção interfere no meio ambiente e aos impactos ambientais gerados. Com os estudos em AICV, torna-se possível realizar uma análise da cadeia produtiva e, conseqüentemente, uma melhor escolha de matérias-primas e fontes energéticas, além de uma minimização mais eficiente de emissões e resíduos gerados”, declara a pesquisadora, que se mostra empolgada com os resultados que podem ser gerados em longo prazo para o meio ambiente.
“Um dos principais objetivos é fazer com que o setor industrial brasileiro tenha acesso à ACV e perceba que a decisão de avaliar os impactos ambientais também é importante do ponto de vista econômico. Além de outras vantagens, como o marketing ambiental e o reconhecimento da sociedade de que a empresa tem uma atuação ambientalmente correta”, explica.
O projeto da pesquisadora mostra que, por meio da quantificação e caracterização dos fluxos elementares, de entrada e saída de matéria e energia, com sua agregação em categorias de impacto, torna-se possível compreender a relevância ambiental do sistema de um produto. Com esta ferramenta, passa a ser viável informar a população, conscientizando-a em relação aos impactos ambientais gerados por diversos produtos, durante seu ciclo de vida. “A população seria, dessa forma, capaz de decidir pelo consumo de um ou outro produto em vista dos impactos gerados”, completa Danielle.
Antes de ser concluída, a pesquisa desenvolvida por Danielle Maia de Souza foi reconhecida pelo Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA). A pesquisadora participou do 3rd International Conference on Life Cycle Management (LCM2007), em Zurique, na Suíça, e levou duas premiações com a apresentação dos resultados já alcançados.
O segundo prêmio foi dado pela apresentação feita por Danielle, que foi escolhida como a melhor entre palestrantes de países emergentes. Com a segunda premiação, Danielle garantiu um financiamento de € 4.000,00 para sua pesquisa, fornecido pela organização Pré-Consultants, que realiza pesquisas em avaliação do ciclo de vida.
Pesquisador faz descoberta inédita sobre E. coli
Estudo desenvolvido em parceria entre a Universidade de São Paulo e instituições francesas, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), identificou uma ação importante da bactéria Escherichia coli , presente na flora intestinal e que pode gerar infecções graves, chegando à infecção generalizada.
O achado, que resultou na tese de doutorado do pesquisador brasileiro, Fabiano Pinheiro da Silva, desvendou que a E. coli consegue escapar do sistema de defesa do organismo, ligando-se ao receptor de imunoglobulinas G chamado CD16, que tem uma importante atuação no combate à bactéria. A descoberta, inédita, abre novas perspectivas para o tratamento de infecções por E. coli .
O trabalho começou a ser realizado pelo pesquisador em 2001, na Faculdade de Medicina da USP, sob orientação do Prof. Renato Costa Monteiro, e foi concluído na França, com bolsa de Doutorado-Sanduíche do CNPq, envolvendo o Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (INSERM) e a Universidade de Paris 7.
No estudo, foram utilizados camundongos geneticamente modificados. Em um grupo deles, foi nocauteado o gene que codifica a síntese do receptor CD16. Em outros, foi retirada a molécula a ele associado (cadeia gamma). Os camundongos foram, então, submetidos à indução de uma infecção do peritônio (peritonite). Acreditava-se que com estas modificações, os camundongos ficariam mais suscetíveis à infecção, mas os resultados colocaram em evidência o fato de que animais deficientes em cadeia gamma apresentam mortalidade por sepse diminuída. Os resultados, confirmados nos dois tipos de camundongos, surpreenderam os pesquisadores.
Segundo Fabiano Pinheiro, a partir dessa pesquisa, pode-se pensar, agora, em novas formas de combater as infecções por E. coli.
A perspectiva de um mecanismo de combate mais eficaz às infecções por E. coli é de suma importância para evitar a sepse, primeira causa de morte em UTIs.
Esses resultados foram publicados pela Revista Nature Medicine , em outubro deste ano. No Brasil, participaram da pesquisa, também, o Prof. Irineu Tadeu Velasco e o Dr. Murilo Chiamolera, ambos da Disciplina de Emergências Clínicas da USP.
Fonte: Assessoria de Comunicação do CNPq.
Redações viram curtas ambientais
Da folha de papel para as telas de cinema. O que antes era uma simples redação escrita em sala de aula, hoje virou motivo de orgulho para 11 alunos de escolas estaduais de Santo André e Rio Grande da Serra (SP). Com o tema “Cultura, Ambiente e Sociedade” na cabeça, os estudantes, com idade entre 13 e 16 anos, produziram seis curtas-metragens.
Os filmes fazem parte do ‘Projeto Curta Química e Natureza’, iniciativa da indústria Solvay Indupa, coordenada pelo Estúdio Brasileiro com apoio das Diretorias Regionais de Ensino de Mauá e Santo André. O trabalho durou nove meses e envolveu 11 escolas de Rio Grande da Serra e da histórica vila de Paranapiacaba, subdistrito de Santo André.
Entre os destaques nos curtas, que têm média de 6 minutos de duração, está o filme ‘Represa Billings’. Os alunos realizaram a filmagem em um barco, que atravessou grande parte do reservatório, responsável pelo abastecimento da região do ABC e da Grande São Paulo. O curta-metragem é um olhar atento sobre as belezas naturais do local e o dia-a-dia dos moradores que moram às margens da represa.
Os 11 alunos (trabalharam em duplas) participaram desde a elaboração de roteiros e captação de imagens até a finalização do material gravado, desenvolvido a partir de seis subtemas: O trem, Festas de Paranapiacaba, Represa Billings, Mata Atlântica, Patrimônio Histórico e Comunidade Escolar.
Cada filme foi produzido a partir de duas redações, de escolas diferentes e sobre o mesmo tema. O concurso de redação envolveu cerca de 900 alunos, todos da 8a. série do Ensino Fundamental. O desafio foi desenvolver um programa de educação ambiental entre a comunidade, com a abordagem de temas como desenvolvimento sustentável, cultura e cidadania.
Participam desta edição os alunos Ana Fernanda dos Santos, Isanara Marques dos Santos, Jéssica de Lima Ramos, Michel Pedrolino Silva, Edilene Cristina Avelino, Leonardo Valença Carlos, Benevenuto do Carmo Júnior, Bruna Cristina de Queiróz, Bruna Daniele Pires, Rubiana de Oliveira e Claudete da Silva, esta última de Paranapiacaba. Além da exibição dos filmes, no dia 30, o público assistirá ao making off, com depoimentos dos alunos e detalhes inéditos das gravações.

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