
Os rios do Paraná, que cortam ou margeiam as rodovias do Estado, estão maltratados e precisam urgentemente de cuidados. A constatação foi feita por 184 caminhoneiros que nos últimos anos têm acompanhado o desgaste do meio ambiente do Estado do alto da boléia do caminhão. Eles participaram de uma pesquisa inédita, cujos dados e depoimentos organizados e editados pela jornalista Teresa Urban, resultaram no livro Rios por Onde Passo, lançado no no dia 27 de novembro, no Espaço Krajcberg, no Jardim Botânico, em Curitiba, junto com a abertura da exposição sobre os resultados do trabalho, com fotos de João Urban.
Viabilizado através da Lei Rouanet e com patrocínio da Volvo do Brasil e apoio da Posigraf, o livro reúne em 108 páginas e seis capítulos (Os caminhoneiros e os rios, Os rios, As paisagens, A devastação, A natureza e os seus serviços e O que fazer?) um universo de percepções dos caminhoneiros como os locais mais bonitos do estado, os problemas que estão destruindo os rios e as paisagens e as mudanças necessárias para assegurar as condições essenciais à proteção dos remanescentes das florestas que cobriam originalmente o estado. Entre os rios mais bonitos, estão o Paraná, Iguaçu, Tibagi e o Ivaí e as paisagens mais bonitas as Serras do Mar e da Esperança. Já Salto das Sete Quedas, em Guaíra, foi citado como o local que mais deixou saudades.
O projeto foi iniciativa da Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais e surgiu durante o desenvolvimento do Programa de Educação Ambiental da APA do Irai – ProLago do Irai, na Região Metropolitana de Curitiba, entre 2002 e 2005. Na época, o trabalho tinha como objetivo alertar os caminhoneiros sobre a importância dos rios que cortam as rodovias e os cuidados necessários para evitar acidentes que pudessem afetar a qualidade da água. Na ocasião, o surpreendente interesse dos profissionais em relação às questões ambientais fez surgir a idéia do projeto.
A produção do livro Rios por Onde Passo levou cinco meses. Os depoimentos dos caminhoneiros – individual ou em grupo – foram colhidos em Curitiba e Paranaguá e relatam experiências, ensinamentos e memórias de quem dedica a vida ao trabalho nas rodovias. Entre os entrevistados, 60% têm mais de 15 anos de estrada. São memórias de quando o sul do estado era tomado por pinheiros-do-paraná e o norte por peroba, coisas que, infelizmente, apenas são encontrados em abundância nos relatos saudosos de quem viveu essa época. “Mudou tudo para pior: araucária, peroba, guajuvira, ipê, cedro, angico, são árvores que tinha muito, hoje não se vê mais”, relata Antonio Pereira de Bairos, 65 anos, 34 de estrada.
Dos 184 entrevistados, 69% são do Paraná e os demais de outros Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A maioria trabalha de 50 a 60 horas semanais e tem entre 10 e 30 anos de estrada. O Paraná é o terceiro Estado em número de caminhoneiros, atrás de Minas Gerais e São Paulo. “Os rios secaram num intervalo de tempo muito pequeno. O que era rio no passado, hoje em dia não passa de uma sanga e olha lá”, atesta Nilton Santos Martins, 49 anos, 23 de estrada.
De acordo com o relato dos caminhoneiros, as causas das mudanças na paisagem estão sempre associadas à maneira como cada uma das regiões do Estado foi ocupada. As conseqüências da devastação, para eles, já estão aparecendo como falta de peixes e regiões secas em todo o lugar.
Além dos depoimentos, dezenas de registros fotográficos feitos por João Urban no primeiro semestre deste ano e também pelos próprios caminhoneiros. As fotos foram especialmente produzidas para o livro, dão vida aos relatos e enriquecem o material. O livro também é uma ótima fonte de informação. Através de vários quadros é possível conhecer mais o perfil dos caminhoneiros, a malha rodoviária do Estado, as bacias hidrográficas, os ecossistemas, as causas da devastação, sinalização nas rodovias, aves e mamíferos em perigo de extinção e serviços ambientais.
Além do livro, o projeto inclui uma exposição itinerante que percorrerá os principais entroncamentos rodoviários do estado. A exposição, com fotos de João Urban, depoimentos dos caminhoneiros e explicações sobre os diferentes ecossistemas encontrados no território paranaense, será instalada em pontos de concentração de caminhoneiros como postos de gasolina e restaurantes.
Perfil do caminhoneiro
Hoje, o transporte rodoviário de cargas movimenta 2/3 do total de carga do País, operando com mais de 350 mil transportadores autônomos, 12 mil empresas transportadoras e 50 mil transportadores de carga própria.
No Paraná, mais de 130 mil caminhoneiros percorrem mais de 15 mil quilômetros da malha rodoviária paranaense, entre rodovias conservadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, rodovias concessionadas ou conservadas por empresas concessionárias e rodovias federais, atravessando um incalculável número de rios e de ambientes naturais relacionados.
ABCON tem nova diretoria
A Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) acaba de eleger presidente o engenheiro Yves Besse para o triênio 2008-2010. Besse, que toma posse em janeiro, vai suceder Carlos Henrique de Cruz Lima e Paulo Roberto de Oliveira.
Presidente da Cab Ambiental, Yves Besse é engenheiro civil graduado e pós-graduado pela Escola Politécnica da USP. Ao longo de sua carreira tem se dedicado ao desenvolvimento e estruturação de projetos de concessão e de Parcerias Públicos-Privadas (PPP’s) na área de saneamento básico no Brasil. Trabalhou por 24 anos no Grupo francês Suez e como consultor atendeu o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),a UBIFRANCE, a própria Abcon, o governo de Minas Gerais, o Grupo Luso Brasileiro Brasil Saneamento, Veolia, Eco-Enob e Galvão Engenharia.
Além de Besse, integram a nova diretoria da ABCON Paulo Roberto de Oliveira, da Ambient Serviços Ambientais de Ribeirão Preto; Carlos Henrique da Cruz Lima, de Águas do Brasil; Leonardo Barbirato Júnior, de Águas de Guariroba; e Fernando Ariani Mangabeira Albernaz, de Águas de Limeira.
O conselho é formado por Eduardo Castagnari (presidente), Lauro de Menezes Neto, Marco Antonio Botter, Ricardo Luiz Terzian, André Pardo Policastro, Cesar Seara Junior, Luiz Augusto Correa Galvão Rossi, José Eduardo da Costa Freitas, Carlos José Botelho Berenhauser, e Aparecida de Cássia Vale Andrade.
Também foi eleita a nova direção, o conselho diretor e fiscal do Sindicato Interestadual das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sintercon). O novo presidente da entidade é Leonardo Barbirato Junior. José Lucio Lima Machado, Osvaldo Longo, Antonio Carlos Brandão de Alencar, Paulo Eduardo Raposo integram a nova diretoria. O conselho diretor estará composto por Carlos Henrique da Cruz Lima, Dagoberto Antunes da Rocha, Carlos Roberto Ferreira, Sandro Mário Stroiek, Ivan Cezar Moura, Carlos E. Giampá, Afonso Rossetto Junior, Márcio Salles Gomes. Já o conselho fiscal terá Felipe Bueno Marcondes Ferraz, Vicente Frederico Gaiva e Marco Antônio Botter.
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