Créditos ambientais abrem mercado para ações de conservação e remediação

Ser ambientalmente correto e ainda ganhar dinheiro com isto é o sonho de qualquer empresário tenha ele um empreendimento pequeno, médio ou grande. Desde que o Protocolo de Quioto entrou em vigor em várias parte do país começaram a surgir empreendedores interessar em aproveitar as facilidades creditícias oferecidas internacionalmente. A tal ponto que o Brasil é hoje um dos países com maior número de projetos concorrendo nas várias alternativas disponíveis.

Passar a limpo este mercado emergente e trazer exemplos bem sucedidos de atividades que já vêm aproveitando estes recursos disponíveis foi um dos objetivos do II Evento Brasileiro de Créditos Ambientais, em desenvolvimento em Florianópolis (SC). E isto ficou claro na primeira tarde de atividades. Na abertura o presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Cacildo Maldaner disse que o “assunto está na mesa” e que o Banco tem todo o interesse em participar dos financiamentos que possibilitem às empresas dos três Estados (PR,SC e RS) usufruir dos créditos ambientais.

Um dos palestrantes, Renato Sehn, proprietário da Pousada do Papagaio, historiou toda a evolução do empreendimento que sua família administra há 30 anos. Ele foi um dos pioneiros na elaboração do Código de Conduta Ambiental para Hotéis. Entre os desafios que ele considera mais difíceis de vencer está o custo ainda elevado das soluções ambientalmente corretas e a falta de incentivos para sua adoção. Entre elas ele sugere uma diferenciação em termos de cobrança de impostos que beneficie os que vêm adotando ações e alternativas de conservação e recuperação ambiental.

Uma das sugestões apresentadas por Sehn é a instituição de um selo que destaque o empreendimento que adota posturas ambientais corretas. “À semelhança das estrelas que estabelecem categorias de hotéis poderiam ser adotadas um selo de arvorezinhas que pudesse divulgar os estabelecimentos.

O engenheiro Tedeschi, do Ministério de Minas e Energia, listou as várias alternativas disponíveis no campo de geração de energia com várias fontes como a eólica, solar, biomassa, etc. Ele exemplificou com a questão do tratamento de dejetos de suínos que podem receber tanto pela eliminação do lançamento do metano da atmosfera com a geração de energia pelo aproveitamento do gás.

Ele citou o exemplo de um conjunto habitacional da África do Sul onde foram adotadas várias alternativas de desenvolvimento limpo (fontes renováveis, reciclagem, uso de lâmpadas economizadoras, etc.) que podem receber os benefícios do crédito ambiental. Também relatou a experiência de Brasília onde um regimento de cavalaria obteve recursos com a adoção de um biodigestor que sequestrou o metano utilizando-a, ainda, para geração de energia.

E deixou claro que o principal componente para aprovação dos projetos de MDL é a capacidade de comprovação de que a alternativa sugerida reduz emissões e poder quantificar o percentual dessa eliminação.Ressaltou ainda que os créditos podem ser comercializados em qualquer das etapas do projeto variando os valores pagos.

Adicionalidade

Segundo Roulien Paiva Vieira, analista ambiental da MAR Assessoria Ambiental e Internacional, que também palestrou no evento, um item importante para aprovação dos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é a adicionalidade. Ou seja: o quanto da poluição é absorvida pelo projeto. Também deve ser visto do ponto de vista dos benefícios ambientais, econômicos e sociais.

Iniciativa Verde viabiliza o restauro de parte da Mata Atlântica

No dia 10 de novembro, a Iniciativa Verde realizará uma cerimônia de restauro, com plantio de 82 mil mudas nativas da Mata Atlântica. Essas árvores recuperarão 50 hectares de áreas ciliares degradadas e absorverão 15.580 toneladas de gases de efeito-estufa.

A Iniciativa Verde conferiu o selo Carbon Free para mais de 100 eventos e empresas durante o ano de 2007. A ONG se responsabiliza pelo cálculo, plantio e monitoramento das áreas restauradas.

Após o plantio é realizada uma manutenção intensiva do restauro por um período de dois anos, tempo que demora até que as mudas sejam auto-suficientes. Após esta etapa é realizado um monitoramento periódico por técnicos da Iniciativa Verde e agentes locais. Este monitoramento é realizado durante todo o período de absorção de CO² , através da metodologia para projetos florestais AR-AM0001 (Revised simplified baseline and monitoring methodologies for selected small-scale afforestation and reforestation project activities under the clean development mechanism) aprovada pelo conselho executivo da UNFCCC. Além disso, devido ao caráter legal das áreas a serem reconstituídas (APPs) haverá fiscalização de órgãos ambientais estaduais e federais, sendo o corte das árvores considerado crime inafiançável perante a legislação ambiental brasileira.

Água é tema da reunião da SBPC

A água no século 21, o homem, o Semi-árido e a revitalização da bacia do rio São Francisco. Estes são alguns dos assuntos que serão discutidos durante a Reunião Regional da SBPC no Vale do São Francisco, que vai acontecer entre os dias 27 e 30 de novembro nos campi da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, em Petrolina, PE e Juazeiro, BA.

Com o tema “Água: Abundância e escassez”, a programação da Reunião inclui ainda assuntos como: impactos sociais resultantes das grandes barragens no rio São Francisco, dessalinização de águas: uma solução alternativa para o Semi-árido e contaminação dos recursos hídricos. Serão apresentados 50 sub-temas distribuídos entre 4 conferências, 18 mesas-redondas e 20 minicursos e oficinas.

Segundo o coordenador da Reunião Regional da SBPC no Vale do São Francisco, Aldo Malavasi, o evento será inteiramente voltado para o desenvolvimento da tecnologia e da ciência como ponto de transformação da realidade local. “Partindo do ponto de vista científico, teremos que tomar decisões políticas sobre a água, assim os temas selecionados condizem com a realidade mundial como também a local, já que vamos reunir representantes de instituições como UNICAMP, USP, UFRJ, UFC, UFRPE e UFPE para promover o debate da pesquisa científica levando-a de forma simples para o homem comum”. Aldo Malavasi adiantou também que os nomes dos palestrantes estão sendo confirmados e serão anunciados até o próximo dia 14.

Elaborada para um público formado por estudantes, professores, pesquisadores e a população em geral, a Reunião da SBPC no Vale do São Francisco é uma realização da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC e a Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, e conta com a parceria da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Embrapa Semi-árido e Biofábrica Moscamed Brasil. Tem ainda o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e do Ministério da Ciência e Tecnologia. As inscrições on-line podem ser feitas através do site

www.sbpcnet.org.br até o dia 20 de novembro.

Serviços ambientais

Ao plantar as árvores de diversos projetos, neutralizados em uma única área a Iniciativa Verde viabiliza a criação de um novo segmento de floresta, o qual proporciona diversos serviços ambientais como a preservação dos recursos hídricos, solo e biodiversidade.

A nova floresta madura garantirá também a manutenção do carbono fixado por longos períodos, pois a morte de uma árvore centenária abre espaço para o crescimento de muitas outras sementes e mudas que antes estavam dormentes.

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