
Porto Alegre, RS – Nilza Scotti para a EcoAgência.
Foto: Luiz Abreu – Ecoagência.
Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Philip Fearnsite recebeu o Prêmio Hours Concours do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Ele é o segundo cientista mais citado no mundo sobre aquecimento global e foi um dos conferencistas do 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental,
“Evitar o desmatamento é muito mais eficaz no combate ao efeito-estufa do que o plantio de novas árvores. Claro que o plantio ajuda, mas não na mesma proporção, ainda mais com o tempo que uma nova planta leva para crescer. Infelizmente essa não tem sido a proposta do governo brasileiro”, afirmou hoje o pesquisador Philip Martin Fearnside, titular há 28 anos na Coordenação de Pesquisas em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA/MA).
Ele foi o palestrante da conferência ‘Perspectivas para a Amazônia no Século 21’, no 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, na manhã desta sexta-feira (12/10), no Salão de Atos da Ufrgs, em Porto Alegre. O pesquisador informou que estudos, na década de 80, indicavam que, para neutralizar o efeito-estufa, seria necessário o replantio de árvores em uma área correspondente a de uma Austrália. “Hoje, acredito que a área seria ampliada para o equivalente a uma Austrália e meia”.
A Amazônia é a maior floresta do mundo e, em decorrência disso, explicou, as proporções na emissão de gás carbônico com o desmatamento são muito maiores, o que torna fundamental políticas que evitem a diminuição da floresta.
O pesquisador mostrou que numa área de pastagem, a água não é absorvida pelo solo e, posteriormente por árvores plantadas, como ocorre numa mesma área de floresta. Exemplificou que se colocadas calhas para conduzirem a água da chuva que escorre para tonéis, nos dois locais, na pastagem é possível encher três tonéis enquanto que na floresta o volume é reduzido para apenas um.
Além do efeito estufa, o fenômeno El Niño também é altamente prejudicial à Amazônia, pois provoca temperaturas mais altas, secas e incêndio. Durante o período de temperaturas mais altas o desmatamento fica em torno dos 40%, o que é preocupante pois, mesmo que esse índice baixe, posteriormente, não há garantia da recuperação da mata perdida.
Por sua vez, aas queimadas, além do CO², liberam outros gases, entre eles o metano, que tem ainda mais impacto sobre o aquecimento global. O pesquisador acrescentou que parte das árvores que não são queimadas, mas sofrem com o calor provocado pelo fogo, acabam apodrecendo e liberando gases. O desmatamento, segundo ele, está mais concentrado na periferia da floresta, porém, estão projetadas obras para a abertura de grandes rodovias – e muitos ramais – para o centro com enormes impactos na floresta.
O problema, argumentou Philip, que não há estudos conjuntos com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) para avaliar os custos que serão provocados pelo impacto em comparação com os benefícios que as obras trarão para o país. Em 2004, 27,4 hectares da floresta foram desmatados. “Mas o grosso da biomassa ficou nos troncos que não foram queimados e permaneceram liberando, pelos meus cálculos, cerca de 466 milhões de toneladas de gás carbônico”.
Em relação à cobertura jornalística sobre o desmatamento da Amazônia é insignificante, na avaliação do pesquisador do INPA. “Antes da Rio 92, havia mais reportagens sobre o assunto, depois praticamente sumiu, e isso ocorreu não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. E isso é ruim, pois é importante manter o problema à vista de todos” ´, lamentou.
Convidado para ser o outro conferencista do tema, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, não compareceu e não enviou justificativa à comissão organizadora do congresso.
Clube das Baías mais belas do mundo defende turismo que preserve
Os projetos de conciliação do turismo sustentável com o desenvolvimento econômico foram as principais discussões do 4º Congresso Mundial do Clube das Baías mais Belas do Mundo, entidade que reúne 28 baías que preservam o meio ambiente. O Brasil está representado pela Praia do Rosa (SC) onde aconteceu o evento que reuniu delegações de 15 países entre 4 e 9 de outubro. O prefeito de Imbituba, José Roberto Martins (Beto), apresentou o plano de desenvolvimento sustentável da cidade, que foi adotado como um exemplo para o Clube e a partir de agora será aplicado pelas baías que ainda não tenham um trabalho nessa área.
O próximo Congresso será realizado na baía de Setúbal (Portugal), em 2009 e a Assembléia Geral do Clube será ano que vem na baía de Chaleurs (Canadá).
As baías que pertencem ao Grupo são:
Valdes Peninsula (Argentina) Praia do Rosa (Brasil); Mindelo bay (Cabo Verde); (Québec and New Brunswick)- Baie des chaleurs e (Quebec)- Tadoussac bay (Canadá); Magellan strait (Chile); St Ives & Mount bays ( Inglaterra); Bahia de Santander ( Espanha); Girolata & Porto gulf, Guadeloupe – Saintes bay, Morbihan\´s gulf/Quiberon\´s bay e Mont St-Michel bay (França), Westerland Sylt ( Alemanha); BackWaters of Kérala (Índia); Bantry bay (Irlanda); Diego Suarez bay (Madagascar); Banderas bay (México); Boka Kotorska ( Monenegro);Agadir-Taghazout bay (Marrocos); Puerto Galera Bay (Filipinas); Setubal\´s bay (Portugal); Sine Saloum Bay ( Senegal); Table bay & False Bay (África do Sul); Bodrum bay ( Turquia); San Francisco bay (EUA); Ha-Long bay e Nha Trang bay (Vietnã) e
Qingdao bay (China).
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