Lago de Amatitlán espera que a consciência cidadã o reavive

Sharon Pringle – direto da Guatemala – WaterReach.

Ainda há tempo de salvar nossas águas contaminadas. Este é o pensamento de quem conhece o Lago de Amatitlán, um manancial que enfrenta sérios problemas de contaminação e cuja sobrevivência depende da consciência da população guatemalteca. Como parte das atividades do Diálogo 6 os coordenadores do evento organizaram uma visita de jornalistas ao Lago de Amatitlán.

Localizado a 28 quilômetros da cidade de Guatemala, este lago dá sinais de que está sofrendo pela atividade de sua própria gente. É que na bacia, se encontram vários rios cujas águas arrastam grandes quantidades de resíduos e substâncias daninhas. Por exemplo, o rio Villalobos, que desemboca no lago e é o mais extenso, arrasta em um ano 80 mil toneladas de lixo provenientes dos barrancos, ruas e lixões clandestinos.

A contaminação do Lago de Amatitlán tem múltiplas causas. Outra delas, é que na bacia se localizam 25% das atividades industriais do país, que inclui atividades têxteis, agroquímicas, químicas, metalúrgicas, de cosméticos, gesso, cerâmica, alimentícias, entre outras, que são a principal fonte de ocupação dos habitantes desta localidade.

Produto destas atividades, todo o resíduo vai a dar ao Lago de Amatitlán, cujas águas ao longo de 15 quilômetros estão contaminadas. Os sintomas desta situação são claros: nestas águas se observa uma cor verde, determinada pela presença de algas, que se desenvolvem com o excesso de matéria orgânica. O lago é também onde é depositada toda a espécie de lixo, desde garrafas PET a latas, vidros e outras podendo ser perceptível a fermentação que reflete a presença de gás metano.

Edgar Zamora, diretor técnico da Autoridade para o Manejo Sustentável da Bacia e do Lago Amatitlán –AMSA-, organismo da Presidência da República, explica que o laboratório desta instituição pode detectar a origem da contaminação e de que tipo de resíduos se trata. Mas ele admite que existe o problema de que cada município é autônomo, e por isso, cada um decide suas políticas de gestão dos recursos naturais, entre estes, a água. Assegura, que é ali onde se apresenta o problema, que permite que a cidade esteja entre as mais contaminadas do mundo, e isso detectam a partir das amostras de 24 rios das bacias.

Diante desta problemática, AMSA desenvolveu um plano estratégico que inclui a soltura de peixes da espécie tilápia, a instalação de um equipamento de aeradores e uma barreira de retenção de material sólido utilizando garrafas plásticas na superfície como suporte.

Importância da ação cidadã

Mesmo com estas iniciativas, o arquiteto Juan Pablo Vidaurre, subdiretor técnico da AMSA, reconhece que as ações atuais tomadas pelo Governo central, não são suficientes para minimizar o problema, e diz que o trabalho dos aeradores se torna inócuo diante do constante fluxo de contaminantes, que chega em um ritmo maior do que a capacidade deste sistema.

O caso do Lago de Amatitlán evidencia que somente uma iniciativa governamental não basta se não for acompanhada da atenção cidadã e que tal parece não ter sido alcançado, embora este aspecto seja vital para a sobrevivência deste recurso natural.

Neste projeto, o papel da cidadania é fundamental e pode contribuir para a conservação do lago com ações tais como: promover a educação e consciência ambiental, apoiando o manejo integral dos rios que desembocam no lado, e demandando, uma melhor gestão. Seja qual for o mecanismo que optem por utilizar, o importante é a integração da população guatemalteca frente à contaminação do Lago Amatitlán, um problema que não é potencial, mas que está tocando a suas portas, e a afeta diretamente.

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