Informação como ferramenta de transformação social

Elizabeth Oliveira – direto da Guatemala – WaterReach.

Mais do que difundir informação sobre a importância da água, os comunicadores ambientais, pesquisadores, organizações governamentais e não-governamentais, entre outros segmentos, terão que assumir o desafio de saber traduzi-la se quiserem realmente contribuir para o exercício da cidadania e mudanças sociais. Essa foi a tônica das discussões da sessão plenária “A informação para a gestão da água e a interface ciência- conhecimento-comunicação”, realizada nesta quinta-feira, como parte da programação do Sexto Diálogo Interamericano sobre Gestão da Água (D6), evento sediado na Cidade da Guatemala.

A coordenadora da Iniciativa Water Reach, Maria do Carmo Zinato, chamou a atenção para a importância de simplificar informações de conteúdo técnico-científico com objetivo de aproximá-las da realidade de cada região. Mostrar às comunidades a relação que existe entre a água e as florestas, a conservação da biodiversidade e a sua importância para a melhoria da qualidade de vida local, a seu ver, pode ser uma alternativa viável para facilitar a compreensão sobre o tema.

Segundo reforçou, estratégias de comunicação para o desenvolvimento social precisam levar em conta que a maioria da população está distanciada dos problemas ambientais, embora seja prejudicada pelas conseqüências da degradação da natureza, tais como o desmatamento que interfere diretamente na qualidade da água.

Mostrar a relação sociedade-natureza como um fenômeno indissociável, na opinião da coordenadora, pode ser o ponto de partida para fortalecer mecanismos de diálogo que levem a população a reconhecer-se como parte integrante do meio ambiente e, consequentemente, responsável pelo uso sustentável dos recursos naturais. “Podemos aproveitar a temática dos recursos hídricos para desenvolver estratégias de alfabetização e também de inclusão digital”, opinou Maria do Carmo.

“Abrir a fronteira para falar de água”, é uma recomendação do decano da Universidade Católica de Caracas, Jose Ochoa. O especialista considera fundamental o fortalecimento das relações entre países vizinhos para pensar estratégias comuns de recursos hídricos.

Analfabetismo ambiental

Ochoa também defendeu a necessidade de aproximação da academia, dos comunicadores e dos governos, entre outros segmentos sociais, com objetivo de facilitar a comunicação de informação técnica de forma mais compreensível para a sociedade. Em debate com participantes da sessão plenária, o decano da Universidade Católica de Caracas concordou que de nada adianta falar de Bacias Hidrográficas, ecossistemas e utilizar outras terminologias se existe um “analfabetismo ambiental” que impede a compreensão da população sobre como as condições de funcionamento desses ambientes naturais interferem diretamente na vida de cada cidadão.

Os componentes da mesa de debates, Leonard Berry, Maria do Carmo Zinato, Jose Ochoa, Lakhdar Boukerrou, Zelmira May e David Moody vão apresentar recomendações para facilitar a difusão de informação sobre recursos hídricos à para a sociedade, que se somarão a outros encaminhamentos de ordem prática resultantes de todos os debates do D6. O evento, realizado em parceria entre a Rede Interamericana de Recursos Hídricos (RIRH) e o Governo da Guatemala, tem apoio de inúmeros organismos internacionais, e reúne desde o último final de semana, mais de 400 participantes na Guatemala.

Leave a Reply

Your email address will not be published.