Pela primeira vez especialistas dão importância à área de Comunicação

Iniciativa WaterReach capacitou 25 jornalistas online e mais 30 na Guatemala.

VI Diálogo Interamericano de Recursos Hídricos, Guatemala.

Walberto Caballero Achucarro – WaterReach

Neste VI Diálogo Interamericano da gestão dos recursos hídricos o tema da

comunicação foi amplamente debatido em quase todos os painéis por

técnicos de países latino-americanos, distribuídos em diferentes salões do Hotel Westin Camino Real, na Cidade da Guatemala. O encontro deixa como acordo-marco a conformação de mesas de alianças sobre a gestão da água nas Américas.

Os cinco diálogos anteriores foram basicamente de participação técnica, sem participação do componente comunicacional. Neste VI Dialogo foi dado amplo destaque à importância da comunicação, sob o enfoque de que nenhuma gestão terá o êxito desejado sem acompanhamento do componente comunicacional. Os técnicos sempre mantiveram uma certa distância dos comunicadores, por temor ou por desinteresse em divulgar os temas tratados.

A Iniciativa WaterReach, que tem como uma das coordenadoras a especialista em Comunicação Cecy Oliveira, abriu o espaço para que o tema comunicação seja considerado eixo transversal do evento. “Não só os jornalistas necessitam capacitação, mas também os técnicos para que se expressem em linguagem fácil para os jornalistas e para a população toda. É preciso socializar estes temas da gestão da água”, disse Cecy Oliveira.

Neste VI Diálogo, os jornalistas não somente se encarregaram da cobertura do evento; também integraram uma mesa de debate aberto com os técnicos sobre a importância da comunicação em todo o processo relacionado com os recursos hídricos. Esta coparticipação é inédita nestes tipos de fóruns internacionais e deixa um bom precedente na inter-relação entre especialistas técnicos em água e comunicadores.

A opinião dos jornalistas

Durante o Sexto Diálogo Interamericano sobre a Gestão da Água foi abordado o tema, “Gente Ao redor da Água: Comunicação, Conscientização, e Cultura da Água” no qual jornalistas de diferentes meios de comunicação em âmbito latino-americano e especialistas no tema dos recursos hídricos dialogaram em torno da necessidade de melhorar o conteúdo de suas mensagens encaminhadas a promover o uso racional da água.

Nas diferentes apresentações, os comunicadores destacaram a necessidade de que aproveitando as novas tecnologias utilizadas nos processos comunicativos e informativos, mundialmente seja dada uma guinada no manejo de temas hídricos e sejam utilizados como uma ferramenta eficaz para conscientizar o consumidor.

A Iniciativa WaterReach, cujo projeto piloto foi desenvolvido com foco no D6, coloca como um desafio que o jornalista em suas notas informativas, fale das causas de um desastre natural e não só dos efeitos e consequências como atualmente se faz, para que a população conheça as origens de eventos como inundações, secas e outros fenômenos

climáticos. Além disso, os comunicadores, recomendam dar ao leitor em seus artigos, elementos de reflexão, trazendo lições do passado, realidades atuais e cenários futuros.

O técnico argentino, Roberto Montes, do Projeto Aquífero Guarani, considerou que a atual lógica informativa e comunicativa que utilizam os meios de comunicação massiva não favorece a divulgação de temas excessivamente técnicos. Alertou que “os especialistas em temas de água, devem conhecer as técnicas dos meios de comunicação e do comunicador”.

Jorge Martínez, coordenador de Comunicação do Instituto Mexicano de Tecnologia de Água, fez referencia à necessidade de fazer prevalecer o conceito de comunicação como un compartilhar de conhecimentos, “o aspecto fundamental é o intercâmbio de conhecimentos e de saber. A comunicação não pode ser unidireccional, mas um canal de duas vías. Temos que aprender a escutar, para poder propiciar os intercambios de conhecimentos”, concluiu.

Walberto Caballero, jornalista paraguaio, considerou necessário que o jornalista busque os espaços necessários para introduzir os temas ambientalis de forma atraente. Walberto citou alguns artigos publicados em seu país que motivaram mudança na forma de atuar de autoridades e grupos interessados em temas ambientais.

Ao apresentar os pontos principais do WaterReach a especialista em Recursos Hídricos, Maria do Carmo Zinato, uma das coordenadoras do WaterReach, ressaltou que a proposta é também propiciar o diáologo entre técnicos e comunicadores para que ambos se apóiem na difusão dos temas de gestão para um público mais amplo.

A géologa Heidi Wiens, que participou do WaterReach-Guatemala, como especialista considerou fascinante a experiência de conviver com os comunicadores e especialmente aperfeiçoar sua forma de escrever para um público não especialista.

Mesas de alianças

O VI Diálogo, que congregou cerca de 500 especialistas em recursos hídricos foi encerrado na Cidade da Guatemala com o compromisso de conformar mesas de alianças regionais para a gestão integrada da água na América Latina.

O compromisso final do evento inclui alianças, governança e fortalecimento, com o objetivo dos países em alcançar as metas de desenvolvimento do milênio.

Avanços muito lentos

Os técnicos consideraram que não se conseguiu definir a bacia como unidade de planejamento, nem se fez muito para definir políticas de manejo de bacias compartilhadas e que os impactos negativos nelas foram incrementados nos anos recentes.

Como algo positivo se mencionou a ampliação da participação dos atores engajados, como comunidades e grupos étnicos jovens, mulheres.

Marco jurídico

O evento deixou acordos importantes como o de estabelecer o marco jurídico vinculado à água nos países, além da necessidade de legislar sobre o recurso água e fortalecer o papel dos municípios.Houve acordo em recomendar aos países que a gestão da água seja considerada parte da política de Estado.

Também se recomenda a formulação de uma política pública na gestão da água, através de organizações rurais, municipais, departamentais e nacionais. Além de fortalecer as redes de informática e comunicação para a coordenação, cooperação e aprendizagem com ênfase no manejo da contaminação.

Mudanças climáticas e a comunicação

Um dos painéis do Fórum sobre Mudanças Climáticas, moderado pela jornalista Cecy Oliveira – editora da Aguaonline – tratou do papel dos meios de Comunicação na informação da comunidade sobre o aquecimento global. Desta vez, disse Cecy Oliveira, as más notícias foram dadas pelos especialistas que alertaram sobre as consequências funestas do aquecimento global. E relacionou uma série de boas notícias divulgadas na imprensa relacionando medidas de empresas e prefeituras com vistas a diminuir a emissão de gases causadores do efeito-estufa.

Participaram do painel as jornalistas Sharon Pringle, do Panamá, Elizabeth Oliveira, do Rio de Janeiro, Cecilia Marreo, do Uruguai – todas participantes do projeto-piloto da Iniciativa WaterReach – e Marta Pilon de Pacheco, da Guatemala, que ressaltou a importância do jornalismo ambiental de opinião.

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