
Cecy Oliveira – direto de Fernando de Noronha
Foi um Dia Mundial do Meio Ambiente perfeito. Estar em Fernando de Noronha nesta data e ainda presenciar a eclosão dos filhotinhos de tartarugas na sua caminhada em direção ao mar é tudo que se pode pedir aos céus neste tempos em que se deve comemorar a harmonia do planeta.
Essa eclosão de vida faz com que o pensamento que surge velozmente seja o da diminuta influência que o homem deveria ter no espetáculo espontâneo da natureza.
Como mais uma homenagem às centenas de vidinhas que rompendo as cascas dos ovos se movimentavam velozmente pelas areias da praia do Boldró o mar e o sol combinaram cores douradas de um sobre o outro. A “torcida” e o aplauso das crianças e adultos que puderam ver essa reprodução de uma espécie ameaçada mundialmente pareciam incentivar ainda mais os filhotinhos a correrem para sua nova casa em busca de abrigo, alimentação e vida longa que – queiram os céus e deixem os homens e os predadores – pode ser estender até por 100 anos.
O núcleo do Projeto Tamar em Fernando de Noronha tem aproveitado estas ocasiões para orientar a população residente e os turistas sobre a vida e os hábitos das tartarugas encontradas nas praias do litoral noronhense. Nos caso desta eclosão do dia 5 de junho a espécie é a tartaruga verde.
Os biólogos explicam aos presentes que uma fêmea depositou os ovos (cerca de 170) há aproximadamente 52 dias em um buraco que ela mesma cava, de aproximadamente 70 cm de profundidade, e que é coberto de areia. O Ibama coloca sinalizações ao longo da praia onde existem ovos chocando.
Ao romperem a casca os filhotes vão subindo lentamente até a superfície com a ajuda uns dos outros, embora as tartarugas marinhas quando adultas sejam solitárias e permaneçam submersas durante muito tempo, o que dificulta o estudo do comportamento.
A equipe do Tamar faz a verificação de cada filhote medindo e anotando as características. A média de ovos que se transformam em filhotes é de 70% o que significa que mais de 100 tartaruguinhas deram seu primeiro mergulho neste Dia Mundial do Meio Ambiente nas águas cálidas de Noronha, como os moradores gostam de chamar o arquipélago.
Dentre as características deste animal, que pertence ao gênero dos quelônios, está uma fantástica capacidade de orientação que lhes permite saber o momento e o local de se reunirem para reprodução. Nessa época, realizam viagens transcontinentais para voltar às praias onde nasceram e onde vão depositar os ovos.
Fora da época reprodutiva, as tartarugas marinhas podem migrar centenas ou milhares de quilômetros. Dormem na superfície quando estão em águas profundas ou no fundo do mar, sob rochas, em áreas próximas à costa.
O acasalamento ocorre no mar, em águas profundas ou costeiras. A fêmea escolhe um entre vários machos e o namoro começa com algumas mordidas no pescoço e nos ombros. A cópula dura várias horas e uma fêmea pode ser fecundada por vários machos. A fecundação é interna e uma fêmea pode realizar em média de três a cinco desovas para uma mesma temporada de reprodução, com intervalos médios de 10 a 16 dias.
Os filhotes medem cerca de cinco centímetros e nas primeiras horas de vida são muito vulneráveis a ataques de siris, aves marinhas, polvos e principalmente peixes. A estimativa é de que apenas uma ou duas em cada 1.000 filhotes cheguem à idade adulta. Mas, depois de atingirem a maturidade sexual – em torno dos 20 a 25 anos, poucos animais conseguem ameaçá-las, com exceção do homem e das baleias.
Com dados do Projeto Tamar
Ficha técnica

ARUANÃ (Chelonia mydas)
Nome Científico: Chelonia mydas
Nomes comuns: aruanã ou tartaruga-verde
Status Internacional: Em Perigo (classificação da IUCN)
Status no Brasil: Vulnerável (lista de espécies ameaçadas do IBAMA)
Distribuição: todos os mares temperados e tropicais do mundo
Habitat: habitualmente em águas costeiras com muita vegetação (áreas de forrageio), ilhas ou baías onde estão protegidas, sendo raramente avistadas em alto-mar
Tamanho: em média 120 cm de comprimento curvilíneo de carapaça
Peso: 160 kg em média, podendo atingir até 300 kg
Casco (carapaça): quatro placas laterais de cor verde ou verde-acinzentado escuro
Cabeça: cabeça pequena com um único par de escamas pré-orbitais e uma mandíbula serrilhada que facilita a alimentação
Nadadeiras: anteriores/dianteiras e posteriores/traseiras com uma unha visível.
Dieta: varia consideravelmente durante o ciclo de vida: até atingirem 30 cm de comprimento, alimentam-se essencialmente de crustáceos, insetos aquáticos, ervas marinhas e algas; acima de 30 cm, comem principalmente algas; é a única tartaruga marinha que é estritamente herbívora em sua fase adulta
Estimativa mundial da população: 203.000 fêmeas em idade reprodutiva.
Fonte: Projeto Tamar – www.tamar.com.br.
Saiba mais

Foto: Tartaruga pente. Projeto Tamar
As tartarugas marinhas podem pertencer a duas famílias: Cheloniidae e Dermochelyidae.
A família Cheloniidae inclui seis espécies de tartarugas marinhas, com carapaça coberta por placas.
A família Dermochelyidae inclui somente a tartaruga-de-couro que, em vez de uma carapaça coberta por placas, possui pele semelhante a couro.
Algumas das espécies encontradas no litoral brasileiro:
GêneroEspécieNome comumCarettaC. carettaCabeçudaCheloniaC. mydasVerdeEretmochelysE. imbricataPenteLepidochelysL. olivaceaOliva
Guia online de meio ambiente para empresas
O Departamento de Meio Ambiente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha disponibilizou um guia eletrônico de consulta de tecnologias dos setores de água, ar, solo, biocombustíveis, energias e serviços para seus 1.500 associados em todo o País.
O objetivo do manual é oferecer informações sobre desenvolvimento sustentável a companhias dos mais diversos segmentos, como montadoras e de autopeças, de construção e engenharia, de eletro-eletrônicos, metalúrgicas, químicas e farmacêuticas, do setor de energia, de máquinas e equipamentos, têxteis, de papel e celulose, entre outros.
Empresas associadas ou não à Câmara Brasil-Alemanha poderão fazer parte desse banco de dados online, e terão a oportunidade de mostrar seus serviços a um público consciente e já envolvido com a questão ambiental. O cadastro é gratuito.
O “Guia Online de Serviços e Equipamentos de Meio Ambiente no Brasil” é um trabalho do Departamento de Meio Ambiente da Câmara Brasil-Alemanha, que tem se destacado entre as entidades binacionais pelas iniciativas nas áreas ambiental, de energias renováveis e biocombustíveis.
Criado há 10 anos, o departamento tem como atribuição principal o incentivo à formação de parcerias entre empresas e instituições alemãs e brasileiras, por meio de fóruns, seminários, cursos, visitas de delegações técnicas, exposições e edição de publicações especializadas.
As informações sobre as empresas serão disponibilizadas exclusivamente aos associados da Câmara Brasil-Alemanha.
Os interessados poderão incluir suas informações por meio do endereço www.ahkbrasil.com.
Legislação
No Brasil, a Portaria do Ibama, nº. 1.522, de 19/12/89, é o instrumento legal que declara as tartarugas marinhas ameaçadas de extinção. A portaria foi redigida com base na lista mundial de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), da qual fazem parte as sete espécies de tartarugas marinhas. As cinco espécies que ocorrem no Brasil também integram a lista brasileira, desde a sua primeira publicação até a mais recente, em 2004.
O Brasil é signatário de vários tratados e acordos internacionais, e ajudou a construir e firmou a Convenção Interamericana para Conservação das Tartarugas Marinhas, um tratado que já conta com 13 países e que trata exclusivamente de medidas de conservação destas espécies e dos habitats dos quais elas dependem.
Fonte: Projeto Tamar.

Conservação e pesquisa
Desde a sua criação, o Projeto TAMAR investe recursos humanos e materiais para adquirir o maior conhecimento possível sobre a biologia das tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, priorizando pesquisas aplicadas que resolvam aspectos práticos para a conservação desses animais.
Nas áreas de desova, 1.100 km de praias são monitorados todas as noites durante os meses de setembro a março, no litoral, e de janeiro a junho, nas ilhas oceânicas, por pescadores contratados pelo TAMAR, chamados tartarugueiros, estagiários e executores das bases. São feitas marcação e biometria das fêmeas, contagem de ninhos e ovos.
A cada temporada, são protegidos cerca de 14 mil ninhos e 650 mil filhotes.
Nas áreas de alimentação, o monitoramento é quase todo realizado no mar, muitas vezes junto às atividades pesqueiras. Os pescadores são orientados a salvar as tartarugas que ficam presas nas redes de espera, cercos e currais.
Fonte: projeto Tamar

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