De norte a sul do continente a demanda por informações sobre a água e a gestão dos recursos hídricos saiu das salas dos pesquisadores, ganhou as ruas, entrou nas salas de aulas e ganha também o seu espaço nas redações dos jornais e revistas, emissoras de rádio e televisão e das assessorias de imprensa.
Hoje virou moda e está “in” dizer que a empresa, o shopping center ou a montadora de automóveis estão economizando água e fazendo a recirculação deste insumo.
Por isso a demanda por informação e conhecimento crescem a cada dia. E foi com vistas a atender um público tão específico quanto importante para a disseminação das boas práticas, e dos conhecimento sobre os instrumentos, a tecnologia e a legislação que regem a gestão dos recursos hídricos que foi formatada a Iniciativa Water Reach. A idéia foi em um primeiro momento passar informações e exercícios visando a levar a questão da gestão dos recursos hídricos para o dia-a-dia das redações. Em uma segunda etapa a proposta é promover também a capacitação dos especialistas para que se familiarizem com os instrumentos e a linguagem da Comunicação.
O projeto está sendo executado através de uma plataforma da internet para cerca de 70 profissionais da Comunicação e alguns especialistas da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Panamá, México, Honduras, Equador, Guatemala e Nicarágua, com vistas a prepará-los para a participação no VI Diálogo Interamericano de Recursos Hídricos que acontecerá na Guatemala, de 12 a 17 de agosto.
O projeto está sendo desenvolvido pela Rede Interamericana de Recursos Hídricos – RIRH, Rede Latino-Americana de Capacitação em Gestão Integrada de Recursos Hídricos – LA-WETNET e a Rede Latino-Americana de Comunicadores Ambientais – REDCALC, com o apoio do Governo da Guatemala e da Revista Aguaonline .
A água como insumo básico da agricultura e como fonte de geração de energia são dois dos temas que estarão em análise no VI Diálogo Interamericano de Recursos Hídricos. O evento, que será um dos principais fóruns continentais sobre recursos hídricos, acontece em um momento em que se ampliam os debates sobre a crise de água no mundo. É bom lembrar que somente para produzir 1 quilo de carne são utilizados 13.500 litros de água. Especialistas estimam que uma típica dieta de um dia de uma pessoa nos Estados Unidos (EUA) requer 5.400 litros de água em forma de evapotranspiração. Já uma dieta vegetariana consome 2.600 litros de água por dia.
Outro dado significativo sobre a importância da água é que atualmente 31% da área de cereais do mundo são irrigadas e produzem 42% de toda a produção mundial de grãos. Por regiões os percentuais de áreas irrigadas são: Sul da Ásia: 50%; Oriente próximo: 75% Leste da Ásia: 58%.
Um recente informe elaborado pelo governo dos Estados Unidos (EUA) destaca 10 pontos do planeta onde a luta pelo controle das fontes de água doce pode originar conflitos locais em curto prazo. As zonas vizinhas à Cidade do México enfrentam sérios problemas devido à falta de fontes de abastecimento, principalmente porque os lagos que cobriam 4.000 km² nessa região secaram ou estão contaminados. Esta escassez de fontes leva a população a buscar água em lugares cada vez mais distantes, fazendo com que os custos do serviço de abastecimento sejam altíssimos.
Países com problemas
Equador é um dos países latino-americanos com maior quantidade de doenças ocasionadas pela falta de água potável e contaminação dos rios, segundo um informe da Organização Pan-americana da Saúde (OPS).
O estudo indica que 40 % da população não têm acesso à água potável e, como conseqüência disto, as doenças diarréicas chegam a uma média de 190.000 casos ao ano e a cólera apresentam surtos cíclicos. A pesquisa registrou, também, a existência de patologias provocadas pela contaminação dos rios com praguicidas, em regiões agrícolas, mercúrio e cianeto de potássio, em áreas mineiras, cromo, chumbo e enxofre, em zonas industriais, e hidrocarbonetos nos campos petrolíferos. Em geral são doenças neurológicas, respiratórias, digestivas e cancerígenas, que muitas vezes seus sintomas não aparecem de imediato mas a médio e longo prazo.
Reuniões especiais
O D6 servirá também como o espaço de convergência para as reuniões especiais que as redes, organizações e comitês de projetos relacionados com o tema da água se encontrem. Exemplos de reuniões são o Diretório e Pontos Focais da RIRH, pontos focais do Programa Hidrológico Internacional-LAC da Unesco, Organização Meteorológica Mundial e outras organizações. É necessário que os interessados agendem o quanto antes seu compromisso para realizar seus respectivos fóruns, sendo a data-limite de 30 de abril de 2007, devido a restrições de espaço do local do evento e da logística necessária para coordenar com os demais componentes do D6.
Encontros agendados
Sob a coordenação da OEA, os Pontos Focais da Rede Interamericana de Recursos Hídricos se reunirão entre os dias 12 e 13 de agosto. Da mesma forma, o ministro do Meio Ambiente da Guatemala apresentou uma proposta para organizar um “Fórum de Políticas Públicas na Gestão Integrada de Recursos Hídricos”, que busca estabelecer uma estratégia para que o tema da gestão da água seja incluída nos orçamentos nacionais, e dessa forma “sensibilizar” setores de finanças e planejamento nos países para adjudicar recursos para ações específicas direcionadas o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, começando com o tema da água.
Está programada também uma reunião dos Comitês Nacionais do Programa Hidrológico Internacional para América Latina e Caribe, coordenada pela Unesco-PHI, durante o D6, consolidando uma tradição e compromisso desde o Diálogo3.
Dentro da Junta Interamericana de Agricultura (JIA) se realizará uma sessão sobre Água e Agricultura buscando uma visão hemisférica do setor agrícola. Esta visão será finalmente complementada no fórum de Agricultura organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), nos dois primeiros dias prévios ao Diálogo.
A CRRH e Scouts da América Central realizarão um “jamboree” que reunirá 1.000 jovens do escotismo, que discutirão o papel da juventude na gestão da água. Os resultados de suas discussões serão levados às sessões de diálogo .
Mineração e recursos hídricos
Para apresentar o uso da água na atividade minerária e subsidiar a implantação da gestão de recursos hídricos nos processos de lavra e beneficiamento de minérios no âmbito empresarial, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) editaram o livro “A Gestão dos Recursos Hídricos e a Mineração”, lançado no último dia 7, em Belo Horizonte (MG).
O livro reúne trabalhos de mais de 40 profissionais das áreas de mineração e recursos hídricos. Soluções viabilizadas pelas empresas para reduzir o impacto da mineração sobre os recursos hídricos e a desmistificação de premissas equivocadas a respeito dos impactos da mineração sobre a água são apresentadas no trabalho.
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