Rota de perigo

Fonte da ilustração: www.unb.br

Cecy Oliveira

Ao contrário do que apontam as tendências mundiais, onde as grandes empresas já dão às questões ambientais o mesmo valor com que visualizam os preços, mercados e matérias-primas, o Brasil parece ter voltado ao século passado quando prevalecia a filosofia do desenvolvimento a qualquer preço.

As recentes ironias presidenciais a respeito da sobrevivência do bagre, na Amazônia, num claro deboche às análises ambientais que impõem restrições às hidrelétricas do Rio Madeira, no norte do país e as claras ameaças de abandono de investimentos por parte de empresas de celulose, no Rio Grande do Sul, são exemplos dessa tendência obsoleta de pressionar governos e órgãos ambientais.

Grande parte dos formadores de opinião e políticos – estes pensando na próxima eleição – ainda acham que o importante é criar indústrias e erguer megaobras não importando o quanto a próxima geração vai pagar por isso.

É certamento uma rota perigosa até mesmo para as empresas envolvidas nestes negócios. Quanto menos se preocuparem com as questões ambientais agora mais caro pagarão em um futuro próximo sendo alijadas dos mercados mundiais. Especialmente com os constantes alertas de documentos de organizações mundiais e de líderes da importância de AlGore e Jacques Chirac. Nunca é demais lembrar as palavras do presidente francês ao comentar os números sobre o aquecimento global: “Diante da urgência, já passou o momento de ações paliativas. Chegou a hora de uma revolução no verdadeiro sentido da palavra: uma revolução das consciências, da economia e da ação pública”.

Pois no Brasil a hora parece ser da revolução ao contrário. As catástrofes comos as secas no Amazonas e as severas estiagens dos últimos três anos do Rio Grande do Sul e a recentíssima mortandade de peixes no Rio dos Sinos parecem ter sido varridas rapidamente dos corações e mentes dos defensores do afrouxamento das regras ambientais.

Tinha razão Herman Daly, ex-presidnete do Banco Mundial (*), quando disse que teorias economicas que funcionavam bem em um mundo vazio já não se adequam a um planeta lotado.

(*) Veja no arquivo anexo as principais teses do economista para que Banco Mundial possa ajudar a promover o desenvolvimento sustentável.

Autora

Cecy Oliveira é editora da Revista Aguaonline.

Opinião do Leitor

Gostei muito da matéria, só mudaria o título para “Rota da Morte Certa”. Quais serão os outros sinais que a natureza deve mandar para percebemos que estamos nos autodestruindo….

Luciano Oliveira.

Creio ser difícil a conscientização brasileira ou mundial acerca das alterações climáticas do planeta, pois isso não “dá dinheiro”. Infelizmente algo só deverá ser feito a partir do momento que a inversão dessa catástrofe ambiental gere lucro imediato ou acabe de vez com toda a vida no planeta. Se nem mesmo os furacões e as “tsunamis” assustaram a maioria dos governantes a ponto de fazerem uma verdadeira revolução, não sei o que poderá motivá-los a tal.

Weriskiney Araújo

Sou totalmente contra esta transposição que favorece somente o Governo (que deve estar levando uma grana preta pra casa), Quando eu era criança, na minha cidade um Prefeito, fez uma divisão de espaço num rio (para dividir a cidade), o quê aconteceu? Secou todo o rio. E, é isso que vai acontecer.

Tem como tirar água da terra…Este “Presidente da República pensa que é DEUS. A Natureza à Deus pertence…. e, não a eles.

Iva Gruner – ivagruner@terra.com.br.

Veja no arquivo anexo as principais teses de Herman Daly

Para refletir

É importante lembrar os alertas mundiais feitos nas últimas semanas especificamente no que se refere aos recursos hídricos:

“Se o modelo de desenvolvimento consumista do planeta não for alterado, até o final do século bilhões de pessoas sofrerão com a escassez de água”.

Um novo PIB

Nada mais significativo sobre a relevância das questões sócioambientais para a economia do que lembrar os esforços mundiais em direção a um novo indicador que possa medir com mais eficiência o desenvolvimento.

Como ressaltou o pesquisador Haroldo de Matos Lemos, do Pnuma no Brasil, em palestra promovida pela ONG Plastivida, na Fiergs, em Porto Alegre, “o PIB é um péssimo indicador para medir o desenvolvimento sustentável”. Ele revela que já existem correntes favoráveis a que sejam criado um novo indicador, nos moldes do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que ao lado do dados econômicos puros acrescenta fatores como expectativa de vida, grau de alafabetização e mortalidade infantil. Ou seja: o grau de desenvolvimento de um país não pode deixar de lado os números que mostram o quanto essas riquezas trabalham a favor da população e da sustentabilidade.

Segundo ele uma reforma tributária deveria taxar mais o que se quer reduzir (a poluição, por exemplo) e incentiver o que quer aumentar (o emprego).

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