Foto: Divulgação.
Thiago Romero – Agência FAPESP
O Pantanal mato-grossense, maior área úmida continental de água doce do planeta, tem uma localização geográfica de particular relevância. O bioma representa o elo de ligação entre a floresta amazônica ao norte, a Mata Atlântica a sudeste, o Cerrado a leste, o chaco paraguaio a oeste e o bosque seco chiquitano, nas regiões próximas à Bolívia.
“A biodiversidade do Pantanal é extremamente rica e complexa, justamente pelo fato de estar cercado pelos principais ecossistemas da América do Sul”, disse Paulo Robson de Souza, professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), à Agência FAPESP.
Souza é o organizador da recém-lançada coleção Valorizando a Biodiversidade no Ensino de Botânica sobre a flora do Pantanal para servir de apoio a estudantes dos ensinos fundamental e médio. A obra tem cinco componentes: livro, pôster sobre a vegetação local, livro de poemas, cartilha de apoio ao professor e uma série de cartões-postais com imagens de frutos silvestres.
“Com um material que permite abordagens diversificadas, os professores têm oportunidade de trabalhar temas da botânica de forma transversal. O pôster, por exemplo, pode servir de material de apoio em aulas de Geografia por indicar a localização das formações vegetais pantaneiras, como o paratudal, o espinheiral e o carandazal”, disse Souza.
O livro Vegetação do Pantanal, de autoria de Cláudio de Almeida Conceição, também professor da UFMS, é voltado ao público jovem e destaca-se pela linguagem simples e ricas ilustrações.
Mais do que instrumentos visuais para a divulgação da biodiversidade, destaca Souza, os cartões-postais exibem frutos nativos comestíveis como a bocaiúva, o buriti e a guavira, podendo ser usados em disciplinas do curso de nutrição. O livro Síntese de Poesia pode ser usado tanto em aulas de Biologia como de Literatura ou Língua Portuguesa.
“Embora as poesias sigam conceitos da estética literária, as informações são fiéis ao conhecimento científico e podem ser usadas em aulas multidisciplinares com toda a segurança. Apesar de utilizar estilos e formas poéticas como cordéis e moda de viola, não há licença poética”, disse Souza, autor dos versos.
A cartilha Contextualizando a Botânica, de apoio ao professor, tem artigos assinados por pesquisadores sobre técnicas de coleta e de preservação de material botânico, a finalidade biotecnológica dos herbários e a importância das plantas medicinais do Pantanal.
Souza explica que em algumas partes dos textos e fotos a coleção aborda a vegetação do Cerrado. “Em determinadas regiões do Pantanal, não há como distinguir os dois biomas. Se fizéssemos um mapa da vegetação da região, o Pantanal seria uma espécie de queijo suíço no qual os buracos seriam o Cerrado”, disse.
Cerca de 1,2 mil exemplares da coleção foram doados para instituições públicas do Mato Grosso do Sul. Foram distribuídos ainda exemplares para 70 herbários em todos os estados brasileiros e para alguns de outros países da América do Sul.
“Esperamos que essa coleção, além de permitir que estudantes se interessem pela coleta de novas espécies para a formação de novos herbários no país, seja utilizada em sala de aula para acender a centelha do futuro botânico, de maneira que mais profissionais da área sejam formados”, conclui Souza.
A coleção Valorizando a Biodiversidade no Ensino de Botânica teve apoio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect). Os exemplares restantes da tiragem inicial de 2 mil cópias estão sendo comercializados pela Editora UFMS.
Mais informações: www.dbi.ufms.br.
Sigeor vai monitorar recursos hídricos
A Política Nacional de Recursos Hídricos tem agora mais um sistema de monitoramento: o Sigeor (Sistema de Gerenciamento Orientado para os Resultados do Plano Nacional de Recursos Hídricos), que vai acompanhar, avaliar e monitorar os programas e subprogramas do Plano Nacional de Recursos Hídricos.
De forma inédita, a sociedade, o governo e os membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos vão poder controlar, via internet, os resultados dos 13 programas e os 30 subprogramas previstos no plano.
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