Ambientalistas querem o fim da derrubada de florestas

Cresceram nas últimas semanas, em Washington, os protestos contra a política de privilegiar a exportação de madeiras, em países como a Indonésia, onde grande parte dos bosques naturais foram devastados pela exploração e incêndios descontrolados. Embora desde 1991 a política do Banco Mundial tenha sido não financiar mais projetos que poderiam pôr em perigo as reservas florestais, na prática isto não vem acontecendo pois não há exigências mais rigorosas sobre os danos ambientais provocados por muitos dos financiamentos que continuaram a ser concedidos.

Outra informação, divulgada pela organização internacional World Watch Institute, sediada também em Washington, alerta para os perigos que a globalização está trazendo ao planeta e aos seus habitantes. Um deles é o desaparecimento das florestas, transformadas em produtos de exportação numa escalada de US$ 29 bilhões em 1961, para US$ 139 bilhões em 1998. O mesmo aconteceu com a pesca cujo movimento quintuplicou de 1970 a 1997 e a produção de agrotóxicos, que aumentou 900% nesse período. O alerta se estende também à explosão de investimentos em recursos naturais e sua disseminação por todo o planeta. Atualmente mais da metade da produção de todos os componentes da indústria de microcomputadores – que usam produtos químicos como arsênico, benzeno e cromo – está sediada em países em desenvolvimento. A Costa Rica é hoje o principal catalizador do ecoturismo e com isto preserva suas florestas e zonas úmidas e muitos países estão se direcionando para o crescente mercado internacional dos produtos orgânicos, como é o caso do Mexico, como mais de 10.000 fazendas em 15.000 hectares, a maioria delas pequenas propriedades. O Instituto saúda o fato de estar se tornando cada vez maior o número de investidores “tomando o caminho ambiental”.

Floresta e inundações

Outro informação, divulgada pelo Flórida Center para Estudos Ambientais, traz dados contidos em trabalhos de especialistas como Chomitz e Kumari e Ian Calder, sobre a correlação entre inundações e florestas. Segundo os estudos “a literatura científica vê uma relação entre o desmatamento e inundações apenas em nível local – dentro do escoamento de uma bacia de menos do que 50 mil hectares. Ian Calder, autor do livro ‘”A Revolução Azul – o Uso da Terra e o Manejo dos Recursos Hídricos”, também nota que “o manejo de atividades florestais, tais como cultivo, drenagem, construção de estradas e compactação do solo durante a retirada das árvores estão mais relacionadas a efeitos de inundações do que a presença ou ausência das florestas em si”.

O material menciona as inundações na China que mataram mais de 3.650 pessoas e causaram bilhões de dólares de prejuízo, no início deste ano. A mídia internacional e outros culparam o desmatamento e madeireiras por boa parte da destruição. Em resposta, o governo chinês tomou uma forte atitude: parou todo o corte de madeira nas florestas mais antigas da China central e sul, e planeja encerrar a atividade em outras regiões. Os jornais denunciaram que isso poderia deixar cerca de 1 milhão de pessoas sem trabalho. Terá também um efeito grande no mercado mundial de produtos florestais.

Nos artigos que escreveram sobre essa questão esses cientistas põem em dúvida se a destruição de florestas contribui para aumentar as inundações. Calder revê as evidências sobre como as florestas afetam o regime pluvial, o fluxo das águas, erosão, qualidade de água e inundações a partir de uma ampla perspectiva hidrológica e conclui: “Há pouca evidência científica para apoiar relatórios anedóticos de desmatamento causando crescentes inundações”. Ele reconhece que teoricamente as florestas devem reduzir as inundações por permitir que a água se infiltre no solo, no lugar de escorrer imediatamente para os rios. Entretanto, esses efeitos deveriam ser menos significativos para grandes tempestades.

O artigo de Chomitz e Kumari para o Banco Mundial, “O Benefício Doméstico das Florestas Tropicais, uma Revisão Crítica Enfatizando as Funções Hidrológicas” discute essas questões sob uma perspectiva econômica. Eles abordam as mesmas questões de Calder, assim como outros benefícios não madeireiros que as florestas oferecem. No que diz respeito a inundações, concluíram que na drenagem de bacias maiores, o limitado número de estudos disponíveis, usando séries de inundações de grande duração, não mostram conexão entre desmatamento e cheias”.

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