
Lúcia: importância de mostrar as inovações tecnológicas
Diariamente uma quantidade nada desprezível de resíduos dos decantadores e filtros de pelo menos 7.500 estações de tratamento de água existentes no país é descartada, sem tratamento, em redes de esgoto pluvial ou cloacal, e vai acrescentar aos mananciais sobras de sulfato de alumínio, o principal agente usado para floculação.
Ao lado disto, e com o incremento dos sistemas de tratamento de esgotos, a disposição adequada dos lodos resultantes e o controle dos odores emanados no processo vêm se constituindo em uma dor-de-cabeça para os especialistas da Engenharia Sanitária. As mais recentes alternativas adotadas, as novas tecnologias oferecidas pelas empresas e as pesquisas mais inovadoras serão analisadas durante três dias no 1o. Encontro sobre Inovações Tecnológicas no Saneamento – Lodos e Odores que a seção gaúcha da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-RS) estará promovendo, de 17 a 19 de abril, em Porto Alegre, com o apoio de diversas entidades e da Revista Aguaonline.
Conforme a engenheira química Maria Lúcia Coelho da Silva, da Comissão Organizadora do evento, o objetivo é analisar e discutir as inovações tecnológicas no saneamento, com ênfase na questão da minimização, tratamento e utilização de lodos e nas tecnologias diponïveis para solução dos problemas de odores nos sistemas de tratamento de esgotos.
“Uma das novidades desse encontro é que estamos oferecendo um espaço para que as companhias e os serviços municipais possam mostrar as suas experiências no controle dos odores e na disposição dos lodos”, explica Maria Lúcia. Ela acrescenta que será também uma oportunidade para que as empresas que dispõem de novas tecnologias e/ou produtos relacionados com estas duas áreas possam mostrá-las as especialistas de todo o Brasil que participarão do encontro.
Entre os temas que serão abordados estão: “Visão Holística dos Projetos de Esgoto com Visão do Futuro; Legislação e Fiscalização: Conflitos e Soluções: o Panorama da Pesquisa de Saneamento no Brasil: as Soluções para o Lodo; Minimização; Tratamento e Aproveitamento e Tecnologias Disponíveis para a Solução do Problema do Lodo.
Programa
É o seguinte o programa do Encontro:
Dia 17.04.2007 – terça-feira
08h30min – 09 horas Credenciamento
09 horas – 09h30min Solenidade de Abertura
09h30min – 10h30min
Painel 1 – Abordagem Holística dos Projetos de Esgoto com Visão de Futuro – Políticas Públicas e as Inovações Tecnológicas para o Saneamento
* Marcos Helano Montenegro – Ministério das Cidades
A Nova Realidade no Tratamento de Esgotos – Os Problemas Gerados com Lodos e Odores
* Lineu Andrade de Almeida – ABES/SP, SABESP
A Inclusão das Soluções dos Problemas de Lodos e Odores no Tratamento de Esgotos
* Eduardo Pacheco Jordão – UFRJ
10h30min – 11 horas Café
11 horas – 12h30min
Tratamento de Lodos e Odores: Técnicas Atuais e Critérios de Projetos
* Edgar Candia – SINAENCO e Adejalmo Figueiredo Gazen
Debates
12h30min – 13h30min Almoço
13h30min – 16 horas
Painel 2 – Legislação e Fiscalização: Conflitos e Soluções
Os Reflexos das Novas Resoluções do CONAMA para Lodos e Odores
* Márcio Rosa Rodrigues de Freitas – CONAMA, IBAMA
O Papel do Ministério Público e os Conflitos Urbanos nas Questões de Saneamento
* Annelise Steigleder – Ministério Público Estadual
A Concepção e Operação das ETEs em Campinas
* Renato Rossetto – Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. – SANASA
O Papel da Saúde e a Fiscalização das Soluções Adotadas
*Salzano Barreto – DVAS/CEVS/SES-RS.
Debates
16 horas – 16h30min Café
16h30min – 17h30min
Palestra – O Panorama da Pesquisa de Saneamento no Brasil: As Soluções para o Lodo
* João Sérgio Cordeiro – UFSCAR
Debates
Dia 18.04.2007 – quarta-feira
09 horas – 10h30min
Painel 3 – Lodos de ETEs: Minimização, Tratamento e Aproveitamento – Visão Geral
*Adrianus Van Handel – UFCG
A Importância da Minimização na Geração
*Luis Olinto Monteggia – IPH UFRGS
Uso do Lodo na Recuperação de Áreas Degradadas
*Ladislau Araújo Skorupa – Embrapa Meio Ambiente
Debates
10h30min – 11 horas Café
11 horas – 12h15min
Painel 4 – Tecnologias Disponíveis para a Solução do Lodo
*Arion Zandoná Filho – Superbac
*Philippe Lorthios – Pena
*Beatriz Stoll Moraes – Seta
Debates
12h15min – 13h30min Almoço
13h30min – 14h30min
Palestra – O Uso Agrícola de Lodo no Brasil – Situação Atual e Perspectivas
*Cleverson Andreoli – SANEPAR.
Debates
14h30min – 15h30min
Painel 5 – Tratamento Combinado de Lixiviados de Aterros Sanitários em ETEs – Visão Geral
*João Alberto Ferreira – UERJ
*A Experiência da CORSAN, Catarina de Luca de Lucena – CORSAN
Debates
15h30min – 16 horas Café
16 horas – 17h30min
Painel 6 – Lodos de ETAs: Visão geral, importância do Tratamento, Minimização e Disposição Adequada do Lodo de ETAs
* Visão Geral do Tratamento de Lodos de ETA, Marinho Emílio Graff e Karla Maria Piepper – CORSAN;
* Minimização como Solução no Lodo de ETA, José Luis Barradas;
* Experiência no Uso de Lodo de ETA para Confecção de Tijolo, Ediane Rosa e Rafael Pinto da Cunha – ULBRA, CORSAN.
Debates
Dia 19.04.2007 – quinta-feira
09 horas – 10h20min
Painel 7 – Experiências com Tratamento de Lodo de ETA e ETE: As Soluções Adotadas no Brasil
* Karla Maria Piepper – CORSAN
* Ângela Biagini Diniz – CAESB
* Carlos Eduardo Borges Pereira – CAESB
* Eduardo Pegorini – SANEPAR
10h20min – 10h35min Café
10h35min – 12h15min
* Keiko Arlete Semura – SABESP
* DMAE
* Gláucia Alves Ferreira Macedo – CEDAE RJ
Debates
12h15min – 13h30min Almoço
13h30min – 14h30min
Palestra – Enfrentamento e Soluções para o Problema de Odores: As Experiências no Brasil
* Odores em ETEs, Paulo Belli Filho – UFSC.
Debates
14h30min – 15h45min
Painel 8 – As Tecnologias Disponíveis para a Solução do Odor
*Arion Zandoná Filho – Superbac
* Eduardo Ruga e Laércio Miguel Richter – Enzilimp/Millenium
*Carlos Ramos – Hidromar
Debates
15h45min – 16 horas Café
16 horas – 18 horas
Painel 9 – Relato de Experiências das Empresas de Saneamento no Enfrentamento do Problema Odor
* José Maria Oliveira – COPASA
* DMAE
* Haroldo Benedito Alves – SANEPAR
* Gilson Luis Merli – Águas de Limeira
* Catarina de Luca de Lucena – CORSAN
* João Guedes – SABESP
*Luiz Fernando Lemos – Residencial Jurerê Internacional
Debates
18 horas Encerramento.
A pesquisa das soluções
Foto: Leitos de secagem no protótipo da UFSCar.
Uma das universidades que vem se dedicando à pesquisa sobre lodos de ETAS é a de São Carlos (UFSCar), em São Paulo. As áreas de resíduos sólidos e de lodo gerado em ETAs tem sido prioritárias e são fatores de integração de diversos setores da universidade.
Uma das pesquisas aborda a questão da remoção de água do lodo gerado nos decantadores através de “leitos de secagem” não convencionais, buscando redução do volume do lodo e estuda a incorporação do material sólido resultante em matrizes de cimento,
Como é descrito no site do Programa de Pesquisa em Saneamento Básico ( Prosab) o objetivo é que a tecnologia desenvolvida para a remoção de água dos lodos gerados em ETAs seja amplamente difundida para aplicação pelos municípios pequenos. A incorporação dos sólidos resultantes desse processo em matrizes de cimento, poderá se tornar uma excelente solução para a disposição adequada desse material, aumentando inclusive a resistência dessas matrizes.
Os possíveis ganhos ambientais também merecem destaque uma vez que existem hoje cerca de 7.500 unidades convencionais de ETAs lançando o lodo produzido nos corpos d’água.

O uso de floculantes orgânicos
Preocupada com a melhoria da qualidade dos mananciais que vêm recebendo há anos os resíduos de sulfato de alumínio das ETAs a sanitarista Beatriz Stoll de Moraes resolveu se dedicar ao estudo dos floculantes orgânicos em sua tese de doutorado no Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Unoversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Com o trabalho em andamento ela já constatou a melhoria da qualidade do lodo sob o ponto de vista ambiental, o que permite uma utilização em usos mais nobres, como adubação, por exemplo.
Ela também ressalta uma importante capacidade do floculante orgânico de complexar metais presentes na água, como zinco e cromo, muito comum em mananciais como o Sinos onde há atividade industrial de curtumes e galvânicas. Este é um fator que se destaca quando a qualidade da água a ser tratada nõa é das melhores.
Reaproveitamento é caminho promissor
Em um outro estudo, desenvolvido por pesquisadores da UNESP, foi analisado o efeito da adição de lodo de estação de tratamento de água (ETA) nas propriedades de material cerâmico estrutural.
Segundo os autores do trabalho, S. R.Teixeira, S. A. de Souza, N. R. de Souza, P. Aléssio e G. T. A. Santo, do Departamento de Física, Química e Biologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT- Universidade Estadual Paulista – UNESP, em Presidente Prudente, SP, o lodo gerado nos decantadores das Estações de Tratamento de Água (ETA) possui composição variada, de acordo com
a região onde ela está localizada, com o mês de coleta e com o coagulante usado. Neste trabalho foram feitas caracterizações, física, química e mineralógica, deste lodo e ensaios tecnológicos em corpos de prova, com a finalidade de avaliar a possibilidade de incorporação deste resíduo em massa cerâmica para produção de tijolos.
Também, foi avaliado o efeito do tipo de floculante usado na ETA, sobre as propriedades dos corpos-de-prova. A análise mineralógica mostrou que estes lodos apresentaram composição parecida com as das argilas usadas pelas cerâmicas. Em geral, a adição destes materiais à massa cerâmica piorou suas propriedades, entretanto, os valores obtidos para as propriedades tecnológicas ainda permaneceram dentro dos valores limites aceitáveis para a produção de tijolos, dependendo da temperatura de queima e da concentração na mistura. O lodo obtido com floculante à base de alumínio, em geral, prejudicou mais as propriedades cerâmicas do que aqueles à base de ferro.
Os resultados finais da pesquisa indicaram que o lodo de ETA pode ser incorporado à massa cerâmica para produzir material cerâmico.
Lodo de ETE ganha espaço na agricultura
O uso do lodo de esgoto está sendo testado em vários grupos de pesquisa, entre eles o da Embrapa Meio Ambiente. segundo ressalta a equipe da Embrapa “a pesquisa com o lodo de esgoto é feita a longo prazo, pois estudos dessa natureza devem ser realizados por pelo menos dez anos e envolver todos os componentes do agroecossistema, como os efeitos na comunidade de organismos do solo, nas propriedades físicas e químicas do solo, na sobrevivência de patógenos humanos, no desenvolvimento das plantas e na contaminação do meio ambiente por possíveis poluentes (metais pesados e outros) que possam existir nos lodos, principalmente para aqueles oriundos de cidades altamente industrializadas”.
Os experimentos, inicialmente com a cultura do milho, na Embrapa Meio Ambiente estão sendo feitos com lodos de esgotos gerados em Franca, SP, cidade que tem esgoto somente doméstico, e de Barueri, SP que trata os esgotos da Grande São Paulo, região extremamente industrializada.
Os experimentos estão sendo realizados em 3 mil m² na área experimental da Unidade em Jaguariúna, SP, e tem a finalidade de avaliar possíveis problemas com a utilização dos lodos. Apesar do valor agronômico do lodo de esgoto ser inquestionável, sua utilização na agricultura deve ser feita de maneira cuidadosa, de modo a não provocar danos ao ambiente, à cultura ou a quem o aplica.
PAG tem espaço educativo online
Encontra-se online no site do Programa do Aquífero Guarani (PAG) – PAG – uma seção educativa especial que, além de oferecer informação sobre as águas subterrâneas em geral e o Sistema Aqüífero Guarani em particular, apresenta um conjunto de recursos didáticos –15 produtos de projetos do Fundo Guarani da Cidadania, desenvolvidos por diferentes ONGs — que incluem materiais para trabalho dentro de sala deaula e fora dela bem como peças de comunicação em espanhol, português e guarani.

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