Empresários gaúchos pesquisam números do Saneamento

Uma pesquisa em desenvolvimento há mais de um ano buscando retratar a verdadeira situação do saneamento começa a ser finalizada pela Associação Gaúcha de Empresas de Obras de Saneamento (AGEOS), entidade que congrega 68 empresas privadas do setor no Rio Grande do Sul, num projeto denominado RS 100% Água.

A idéia básica foi reunir os dados do setor existentes no Estado, complementar e cruzar com estatísticas de saúde para mostrar a estreita correlação entre a situação do abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto e os índices de saúde (mortalidade infantil e internações hospitalares por doenças de origem hídrica). Segundo o presidente da entidade, engenheiro Pedro Henrique Perna Brönstrup, a proposta é melhorar a qualidade da informação sobre o setor em que os empresários atuam e participar mais ativamente na busca de soluções.

Saneamento e saúde

A existência de estatísticas parciais sobre as condições de saneamento no Rio Grande do Sul – com números referentes somente aos municípios atendidos pela Corsan ou aqueles onde existem autarquias estruturadas, deixando de lado municípios pequenos, recém-emancipados e toda a área rural – foi um dos motivos que levou a AGEOS a buscar as demais informações e tentar mostrar o quanto se gasta para tratar doenças que podem ser evitadas se a população dispuser de bom abastecimento de água e disposição dos esgotos.

Para reunir os dados o Estado foi dividido em 22 regiões e o detalhamento das condições de saneamento desceu ao âmbito dos distritos, de modo a incluir a população rural no levantamento. Também constam dos relatórios – em fase final de elaboração – informações relativas a internações hospitalares e tratamento de doenças infecto-parasitárias, e mortalidade infantil (até 1 ano). “Quando se fala em saúde, as pessoas logo pensam em médico e hospital. É raro alguém citar vacinas e saneamento básico como ações que promovem a qualidade de vida”, explica a engenheira Deisy Andrade, da Beck de Souza Engenharia Ltda., que coordenou a equipe de trabalho.

Outro aspecto importante é a simulação do quanto seria necessário de recursos e que tipo de obra poderia ser feita para dar atendimento em água e esgoto para 100% da população de cada município.

Banco de dados

Esta é, no entanto, uma primeira etapa do projeto pois a idéia é formar um banco de dados que seja continuamente alimentado com informações vindas das próprias prefeituras e distritos. “Queremos também acompanhar as melhorias que forem sendo executadas” diz o presidente da AGEOS, convicto de que à medida em que as informações forem chegando à população, às lideranças das comunidades, aos parlamentares e prefeitos, o saneamento vai voltar a ser valorizado como instrumento essencial para o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida e certamente haverá mais investimentos.

Pedro Brönstrup expressa o desejo de que essa iniciativa possa se expandir para outras regiões do país demonstrando que o empresariado brasileiro tem condições de contribuir para a solução dos problemas do setor. “Queremos inclusive que os organismos internacionais prestem atenção em nós e que sejamos ouvidos para dar a nossa contribuição”, conclui.

Logo que o trabalho for concluído a AGEOS pretende dar ampla divulgação aos dados e disponibilizá-los para as prefeituras e comunidades possibilitando inclusive o aperfeiçoamento e complementação das informações.

Leave a Reply

Your email address will not be published.