Metal limpo

Thiago Romero – Agência FAPESP

Está em operação no Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia no Rio de Janeiro, a Unidade Semi-Piloto de Biolixiviação, que visa à redução de gases poluentes na extração de cobre.

Uma nova tecnologia, desenvolvida pelo Cetem em parceria com a empresa norte-americana Geobiotics, permite a substituição gradativa do processo pirometalúrgico (queima de sulfetos de cobre em altas temperaturas) pelo bio-hidrometalúrgico (lixiviação bacteriana). O ganho é minimizar a emissão de gases poluentes na atmosfera.

Nos moldes convencionais, a extração de cobre é feita a partir de um minério primário localizado no interior de rochas e que ainda não sofreu transformações oxidativas devido à ausência de oxigênio.

“Por meio de uma técnica conhecida como flotação, dois sulfetos que possuem teores distintos de cobre, a calcopirita e a bornita, são extraídos da rocha e separados do resto dos minerais que não são de interesse”, disse Luis Santos Sobral, pesquisador da Coordenação de Processos Metalúrgicos e Ambientais do Cetem, à Agência FAPESP.

O produto final desse processo, o concentrado de flotação de sulfeto de cobre, é enviado para indústrias metalúrgicas para ser transformado, por ação de altas temperaturas acima de 1.000 graus celsius, em cobre metálico impuro (cobre blister).

“O grande problema do processo pirometalúrgico é que, com o refino do cobre blister para a obtenção de cobre eletrolítico, que é o material comercialmente puro, são emitidos na natureza gases que podem conter metais pesados como cádmio, arsênio, mercúrio, bismuto e chumbo”, descreve Sobral.

Processo biológico

Segundo Luis Santos Sobral, a vantagem do processo bio-hidrometalúrgico é que o cobre eletrolítico é retirado do concentrado de flotação por um processo biológico. Bactérias nativas são extraídas do próprio minério e cultivadas em laboratório para que se multipliquem. “As bactérias permitem que os dois sulfetos de interesse, a calcopirita e a bornita, sejam dissolvidos em solução e purificados para a obtenção do cobre eletrolítico”, explica.

O cobre eletrolítico é utilizado, em cabos e fios, para a transmissão de energia elétrica por chegar a ter 99,99% de cobre puro. Sobral afirma que, pelo processo biológico de lixiviação bacteriana, a emissão de poluentes tóxicos deixa de existir, uma vez que não há mais decomposição em altas temperaturas de sulfetos com metais pesados.

Segundo ele, a primeira Unidade de Biolixiviação será implementada na Mineração Caraíba, produtora de cobre no interior da Bahia. O objetivo é substituir, de maneira gradual, toda a planta de produção de cobre eletrolítico da companhia, que atualmente utiliza apenas o processo pirometalúrgico.

“Os dirigentes da Mineração Caraíba devem substituir toda a produção atual pelo processo bio-hidrometalúrgico até dezembro de 2010. Essa produção anual gira em torno de 70 mil toneladas de concentrado de flotação de sulfeto de cobre”, disse o pesquisador do Cetem.

A moda do carbono neutro

A Intermodal, maior feira de comércio exterior, logística e transporte internacional da América Latina, contará com o “Selo Iniciativa Verde – Neutro em Carbono”. A edição 2007 acontecerá entre os dias 24 e 26 de abril, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

A iniciativa consiste num programa que promove a neutralização das emissões de carbono na atmosfera causadas pela realização do evento. Para tanto, serão plantadas 196 árvores de mais de 80 espécies nativas da Mata Atlântica em um grande projeto de reflorestamento que terá início no mês de outubro. O projeto faz parte de uma parceria com a empresa Reclicagem Gestão e Marketing Ambiental.

A Intermodal também está orientando seus participantes sobre como minimizar os impactos ao meio ambiente, com o racionamento de recursos naturais e a otimização de matérias-primas. Com o intuito de divulgar a questão ambiental global e os conceitos de sustentabilidade, em paralelo ao evento será realizado um fórum sócio-ambiental composto por 12 palestras com temas teóricos e práticos para aplicar no dia-a-dia.

“Colaborar para o desenvolvimento sustentável já pode ser considerado um pré-requisito, especialmente, para as empresas que atuam no comércio internacional. Hoje, diversos grupos mundiais já selecionam seus parceiros e fornecedores a partir da condição de ecoeficiência”, explicou o diretor do Grupo Intermodal, Tadeusz Polakiewicz.

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