Saneamento e meio ambiente

Rasca Rodrigues

Lendo o jornal nesta semana, um artigo me chamou a atenção. O texto falava de uma pesquisa realizada com quase 12 mil pessoas que elegeram as medidas de saneamento básico como a mais importante conquista médica dos últimos 150 anos.

A pesquisa mostrou que o sistema de coleta e tratamento de esgoto, uma forma de combate às doenças transmitidas pela água, foi a iniciativa mais importante do último século e meio na área médica – superando os antibióticos, a anestesia e a descoberta do DNA! A pesquisa mostra que o melhor ataque ainda é a defesa, prévia.

E o que isso tem a ver com meio ambiente?

Tem muito a ver. Para citar um exemplo: as ligações de esgotos irregulares no Litoral paranaense.

O governo do Estado, através da Sanepar, está fazendo a sua parte investindo R$ 200 milhões em saneamento básico e implantando mais de 176 mil metros de redes coletoras de esgoto nos municípios litorâneos.

Em 2004, a Sanepar também baixou em 88% a taxa de ligação de esgoto –de R$ 121,19 para R$ 14,80 – para facilitar o acesso ao serviço ao maior número de pessoas. O valor ainda pode ser parcelado em até seis vezes e para os inscritos na Tarifa Social da Sanepar, em até 12 vezes.

Apesar de todo este esforço por parte do governo, ainda sofremos quando fortes chuvas atingem nossas praias – como nesta semana em que os pontos impróprios para banho aumentaram significativamente.

Isso acontece porque mesmo com a oferta de redes coletoras, muitos proprietários de imóveis no Litoral paranaense insistem em fazer (ou manter) ligações irregulares de esgoto, despejando quilos de sujeira diretamente nas galerias pluviais – que deveriam ser utilizadas apenas para escoar a água da chuva para o mar.

Com a poluição das galerias, elas acabam levando junto com a água da chuva ‘presentes’ como a bactéria escherichias coli, que indica a presença de coliformes fecais e provocam doenças como cólera, hepatite A e febre tifóide.

Não podemos responsabilizar São Pedro pela qualidade das nossas águas. Podemos responsabilizar estes proprietários que continuam entupindo as galerias, provocando enchentes e direcionando para o mar coisas que deveriam estar no sistema coletor de esgotos ou dentro de fossas sépticas adequadas.

Afirmo com toda a certeza que quando as redes estiverem completamente implantadas e todos os proprietários estiverem com as ligações regulares ou fossas adequadas, a qualidade da água do Paraná será própria para banho nos 96 quilômetros de orla – e não apenas em 9 quilômetros.

Afirmo também que não teremos problemas com as chuvas. Elas carregarão para o mar, apenas mais água. E não doenças que nos fazem precisar das importantes conquistas médicas.

Veja outras matérias sobre este assunto

Nos links abaixo estão disponíveis outras matérias sobre este tema:

Aguaonline 100 – Os números do descaso.

Aguaonline 113 – TCU vê crise de água no Brasil.

Aguaonline 113 Conseqüências econômicas e sociais da crise de recursos hídricos.

Aguaonline 117 – A Poluição que Mata.

Aguaonline 127 – Ambiente-saúde, elos da mesma cadeia.

Aguaonline 134 – As prioridades zero.

Aguaonline 135 – Campanha Água e Saúde.

Aguaonline 162 – Velhos problemas, novas soluções.

Autor

Rasca Rodrigues é Secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná.

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