
Agência FAPESP
Os oceanos estão cheios de vida, sejam elas grandes, pequenas ou microscópicas. E são essas últimas, de longe, as mais presentes, especialmente os vírus. Mas, apesar de representarem a mais comum entidade biológica no ambiente marinho, ainda não foi feito um levantamento global dos tipos de vírus marinhos ou de sua distribuição.
Um novo estudo procurou avaliar o cenário para o mais comum desses vírus, os bacteriófagos, que atacam bactérias. Apesar das reduzidas dimensões, são microrganismos extremamente abundantes. Em um único balde de água do mar há um número maior desses organismos do que o de humanos no planeta.
O resultado de tamanha presença é um enorme impacto ecológico. Em artigo publicado na PLoS Biology, o grupo liderado por Florent Angly, do Departamento de Biologia da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, detalha os resultados de um levantamento sobre a diversidade de bacteriófagos em amostras de água recolhidas durante dez anos em 68 locais de quatro regiões oceânicas: Golfo do México, Mar de Sargasso, costa da Colúmbia Britânica e Oceano Ártico.
Os pesquisadores analisaram características genéticas, a diversidade e a distribuição geográfica das amostras. A diversidade foi a maior surpresa, ao verificarem que 91% das seqüências de DNA dos vírus não estavam presentes em bancos de dados genéticos.
Ao estudar a distribuição dos bacteriófagos, os cientistas descobriram uma relação entre distância geográfica e distância genética das espécies, que sugere variações entre os conjuntos de vírus de uma região para outra. As amostras do litoral canadense apresentaram a maior diversidade genética entre as analisadas, resultado consistente com o ambiente mais rico em nutrientes. As demais amostras apontaram que, quanto menor a latitude, maior era a diversidade de espécies.
A partir dos resultados obtidos, os pesquisadores estimaram que os oceanos terrestres contenham espécies de vírus na casa das centenas de milhares, sendo que a maior parte está em regiões específicas, que concentram maiores diversidades.
O artigo The marine viromes of four oceanic regions, de Florent Angly e colaboradores, pode ser lido livremente em http://biology.plosjournals.org.
Estudo aponta que apenas saneamento salva o Sinos

O problema da falta de oxigênio do rio do Sinos, que resultou na mortandade de peixes, é causado pelo esgoto doméstico e pelos lixões. Esta é a principal conclusão do trabalho realizado pelo Grupo Temático de Saneamento do Conselho de Infra-estrutura e pelo Conselho de Meio Ambiente da FIERGS divulgado pela entidade.
Conforme o coordenador do Coinfra, Ricardo Portella Nunes, das cargas poluidoras lançadas na bacia, 89% são de esgotos e apenas 11% de resíduos industriais. “Além disso, os resíduos das indústrias são tratados antes de serem despejados e estão dentro dos parâmetros permitidos pela Fepam”, lembrou. Ele destacou que do ano de 2000 para cá já houve novos investimentos das indústrias.
“O percentual deve estar em torno de 5% a 7%”, concluiu.
O estudo apresentado mostra que se as empresas inadimplentes devem arcar com suas responsabilidades e corrigir eventuais falhas, de outra parte não se justifica a tentativa de transferir responsabilidades a todo um setor industrial que vem atendendo, com imenso esforço, e elevados custos aos padrões ambientais estabelecidos.
“A FIERGS não compactua com quem não cumpre a lei. Esta casa é cristalina”, afirmou o coordenador do Codema, Torvaldo Marzolla Filho. O estudo mostra que o Poder Público tem que investir cerca de R$ 500 milhões na área de saneamento para atender a população superior a um milhão de habitantes da Bacia do rio do Sinos, e que para todo o Estado são necessários R$ 2 bilhões.
“As indústrias da região do Vale dos Sinos investem cerca de US$ 18 milhões por ano no tratamento de resíduos”, disse o integrante do GT de Saneamento, Adjalmo Gazen, que apresentou o trabalho. “As prefeituras e o Estado não investem nem 10% deste valor em saneamento”, lembrou. O coordenador do GT Saneamento, Edgar Cândia, explicou que este problema é grave e que continuará acontecendo se algo não for feito. “Não há qualquer projeto para amenizar este problema”, disse ele.
“O fato é que a responsabilidade da indústria frente ao que ocorreu é próximo a zero”, disse Portella Nunes. O fator mais relevante, conforme o estudo, foi a inexistência de um adequado sistema de saneamento básico nas cidades.
Empresas e área pública devem atuar juntos no Sinos
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – FEPAM não diverge do posicionamento da FIERGS, sobre a grave crise ambiental em que se encontram as Bacias Hidrográficas do Rio dos Sinos e Gravataí.
A afirmação é do Diretor Presidente da FEPAM, Antenor Ferrari, ao comentar relatório divulgado pela FIERGS sobre a poluição no Rio do Sinos, segundo o qual a mortandade dos peixes teria ocorrido em função do lançamento de esgotos domésticos sem prévio tratamento.
Para o Diretor Técnico da FEPAM, Biólogo Jackson Muller, a FEPAM emitiu há 40 dias a Portaria nº 87/2006, de 11/10/2006, exatamente por entender a importância da efetiva participação dos municípios na melhoria da qualidade do Rio do Sinos, através de investimentos no setor de saneamento básico, que envolve o tratamento de esgotos, gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos e da drenagem pluvial.
A Portaria nº 87/2006, de 11/10/06 deu prazo de 180 dias para que os 32 municípios da Bacia do Rio do Sinos elaborem Plano de Saneamento, constando metas e cronograma de execução de programas e projetos para tratamento dos problemas associados a poluição do manancial que abastece mais de 1.300.000 habitantes.
A mesma Portaria também determina que as empresas situadas na sub-bacia do arroio Portão reduzam as vazões licenciadas em 30%, como forma de diminuir os impactos dos remanescentes industriais no Sinos, uma vez verificada a baixa vazão do Rio e dos níveis críticos de oxigênio dissolvido naquele trecho.
O DiretorTécnico destaca, ainda, a importância da experiência e competência acumulada pelo setor privado para auxiliar os municípios na implantação de sistemas eficientes de tratamento dos esgotos não tratados, através da apresentação de tecnologias compatíveis com a realidade sócio-econômica-ambiental da bacia do rio dos Sinos.
“A participação ativa da sociedade na busca por soluções em cada um dos municípios envolvidos é de fundamental importância para garantir a recuperação ambiental do Rio do Sinos”, afirma o Biólogo Jackson Muller.
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