
Francesca Colombo
Pavia, Itália, 11 de setembro (Terramérica).- Em apenas dez hectares de seu jardim particular, dois ornitólogos, pai e filho, mantêm um paraíso para as borboletas tropicais na província italiana de Pavia. No local, chamado Oásis Sant’Alessio Con Vialone, Harry Salamon e seu herdeiro Giulio protegem esses insetos e outros animais em risco de extinção. Ambos vivem e trabalham ali. Com os assistentes, somam 25 pessoas. Neste jardim se estuda, sobretudo, as borboletas selvagens para ajudá-las a sobreviver, porque são os insetos mais afetados pela contaminação e pelas mudanças da agricultura nos últimos 30 anos.
O cultivo com produtos químicos e substâncias tóxicas destrói as plantas com as quais as borboletas se alimentam, e estas se vêem incapacitadas para voar quilômetros e quilômetros ou mudar facilmente de um jardim a outro, ou de uma floresta a outra. Cerca de 800 animais habitam este jardim, pois, além de borboletas, falcões peregrinos (Falco peregrinus) podem ser vistos voando, ou tucanos (Ramphastos sp.), araras (Ara spp.) e esquilos europeus (Sciurus vulgaris). Os Salamon cuidam deles e às vezes buscam companheiros para que se reproduzam. Hoje mantêm vários projetos de proteção e reinserção destas espécies em seus próprios hábitat.
Desde 1978, colocaram em liberdade 200 cegonhas brancas (Ciconia ciconia) e ajudaram a proteger o cavalo de Przewalski (Equus caballus przewalskii), do qual existiam apenas 53 exemplares no século passado, que hoje chegam a 2.000. “Descobrimos que neste espaço pequeníssimo se pode ter um extraordinário segmento de natureza e várias espécies de animais podem viver de maneira autônoma. Recriamos as plantas e a água; o restante foi feito pelos próprios animais. Compramos alguns na Europa e também recebemos outros que chegam feridos. Tratamos deles, os incluímos no projeto de reprodução e suas crias são libertadas”, explicou Salamon ao Terramérica. Este trabalho começou como um hobby, há 35 anos, quando herdou as terras, e depois se converteu em verdadeira paixão.
“O Oásis Sant’Alessio é um lugar único na Itália e no mundo, porque foi construído a partir do nada, em campos de milho. É uma modalidade intermediária entre zoológico e reserva natural, uma idéia para exportar a outros países”, disse ao Terramérica o zoólogo Armando Gariboldi, ex-diretor da Liga Italiana de Proteção de Pássaros. Embora seja um novo modelo de conservação, tem a limitação do espaço. “Há muitos animais concentrados em pouco terreno”, disse Gariboldi. No Oásis há borboletas tropicais e européias. As primeiras são compradas nos criadouros da Costa Rica, onde habitam 3.000 do gênero diurno e 12 mil do noturno, das 130 mil espécies de todo o mundo. Deste país centro-americano são importadas 1,5 mil borboletas (US$ 0,75 a US$ 5) por mês, na primavera e no outono.
As borboletas tropicais se encontram em um grande jardim, coberto por uma finíssima rede no teto que deixa ver o céu e a claridade. Vermelhas, amarelas, azuis ou laranjas, voam livremente de um lado a outro, sem medo de pousar em turistas ou estudiosos, que chegam de toda a Itália somente para vê-las. Elas se detêm sobre as flores, sugam seu néctar e continuam revoando. A borboleta azul (Morpho menelaus), a mariposa atlas (Attacus atlas) e a olho de coruja (Lepidóptera: Nymphalidae) se reproduzem em um canto do oásis, como se estivessem nas zonas tropicais da América Latina. Ali, em uma espécie de incubadora, com temperatura de 27 graus e 80% de umidade, se transformam em casulo e depois em borboletas. Esta metamorfose dura cinco semanas.
As borboletas tropicais não agitam suas coloridas asas fora deste lugar, porque morreriam longe de seu hábitat. Já as borboletas européias, como a rabo de andorinha (Papilio machaon) ou a branca (Pieris brassicae), que são parte das 276 espécies existentes na Itália, podem ser vistas nos jardins europeus. Os Salamon consideram que o oásis é o ambiente ideal para a reprodução das borboletas, que vivem, em média, 30 dias. Entretanto, Mauro Fasolo, diretor da Faculdade de Biologia Animal da Universidade de Pavia, disse ao Terramérica que, embora o Oásis “seja muito útil para um objetivo didático, sempre é melhor proteger os animais em liberdade, não em cativeiro”.
Os Salamon não recebem nenhuma ajuda do governo. Financiam seu orçamento anual, de aproximadamente US$ 642 mil, cobrando US$ 13 de entrada e alugando como salão de festas o castelo existente no local. Também ajuda o dinheiro de uma herança familiar que está acabando. Agora, devem pensar em como conseguir recursos no futuro. “As borboletas são um recurso que permite viver em harmonia com a natureza sem consumi-la. As ajudamos a crescer neste clima, com nossas plantas, porque é uma maneira de proteger a natureza”, afirmou Salamon.
* A autora é correspondente do Terramérica.
RGS mapeia lavouras de arroz irrigado
Pela primeira vez no Rio Grande do Sul as áreas cultivadas com irrigação serão mapeadas e diagnosticadas, em uma iniciativa inédita do órgão ambiental estadual (Fepam) e o Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia da UFRGS, com vistas ao monitoramento das culturas de arroz no Estado.
Em um período de dois anos, será estabelecido um marco zero para a cultura de arroz no Rio Grande do Sul, considerando a localização e a dimensão das áreas plantadas a partir do ano de 2000. Conforme a geógrafa Lílian Ferraro, do Serviço de Geoprocessamento da Fepam, este trabalho permitirá análise temporal das lavouras de arroz, medindo o avanço e o recuo das áreas utilizadas, considerando critérios ambientas, tais como áreas úmidas, banhados, matas ciliares (Áreas de Preservação Permanente – APP) e entorno das unidades de conservação.
Também será feito o monitoramento das propriedades acima de 500 ha, considerando a área plantada e a área licenciada, bem como a elaboração de análise da área cultivada a ser apresentada para os municípios produtores e por limite de bacia hidrográfica. Além disso, será feito o monitoramento contínuo da incidência das lavouras sobre a APPs e a produção de informações para apoio ao licenciamento de açudes novos.
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