Tintas menos tóxicas é tendência no mercado da construção

Um estudo apresentado no XI Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, realizado no mês de agosto, em Florianópolis mostra que tintas do mercado de São Paulo apresentam uma série de problemas relacionados aos chamados compostos orgânicos voláteis (VOCs). O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da Escola Politécnica da USP, com apoio financeiro do Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare), da FINEP, e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati).

As tintas que dão acabamento às moradias, escolas, indústrias e hospitais são responsáveis pela emissão de substâncias que alteram a qualidade do ar. Elas também interferem na qualidade do ar de ambientes fechados, provocando a chamada “síndrome dos edifícios doentes”, além de gerar problemas de saúde para o trabalhador. Por isso, um dos desafios da construção do futuro é ter o acabamento feito com tintas menos tóxicas, para o pintor e para o morador, além de menos poluentes.

O trabalho discute o efeito dos compostos orgânicos voláteis para o homem e o ambiente, apresenta regulamentações internacionais para tintas e valores médios de VOCs de tintas látex e esmalte sintéticos mais vendidos no mercado de São Paulo. Também propõe limites de VOC para os produtos vendidos no país.

As análises mostraram que as tintas látex e esmaltes sintéticos contêm uma mistura de solventes, alguns com mais de 60 substâncias. São ingredientes que prejudicam a qualidade do ar no interior de edifícios e causam riscos à saúde. No caso dos esmaltes sintéticos, nenhuma das tintas ensaiadas está em conformidade com os valores sugeridos pela Diretiva da União Européia para 2010. Três dos principais fabricantes avaliados possuem teores superiores ao valor recomendados para 2007.

As tintas látex são menos problemáticas. O estudo mostra que possuem teores de VOC bem inferiores aos índices máximos sugeridos pela Diretiva Européia para o ano de 2010, para tintas semi-brilho e interior.

De acordo com o trabalho, as regulamentações internacionais classificam as tintas e fixam limites de VOCs com base em diferentes critérios, dificultando uma análise comparativa. Mas a pesquisa possibilitou o estudo de 30 amostras de tintas látex e esmalte sintético vendidos em São Paulo. Foi usada como referência a proposta de regulamentação européia, pela semelhança com a realidade brasileira na classificação em tintas de interior e exterior, com base água/solvente. Foram analisadas características químicas de tintas usadas em São Paulo e a composição de seus compostos orgânicos voláteis, com emissões determinadas quantitativamente e caracterizadas qualitativamente.

Saiba Mais:

Limites

Agências de proteção ambiental dos EUA, Canadá e Comunidade Européia impuseram restrições quanto ao volume máximo de compostos voláteis emitidos em tintas, como uma estratégia de prevenir o impacto ambiental. Essa ação tem influenciado na inovação e produtos das indústrias de tintas, inclusive no Brasil.

Tintas amigáveis

A obtenção de “tintas amigáveis” tem sido uma das principais linhas de pesquisa, e já está levando a mudanças na formulação, produção e aplicação desses produtos. Os estudos buscam tintas sem odor e com menor teor de VOC ou isentas desse tipo de emissão, com elevado teor de sólidos, redução da quantidade de solventes aromáticos e substituição de pigmentos a base de metais pesados.

Mais informações :

Professora Kai Uemoto: kai.uemoto@poli.usp.br

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