
Um estudo realizado pela Market Analysis em oito capitais do país revela que existe um grau importante de sensibilidade, entre os brasileiros, sobre o impacto ambiental das ações humanas, mas ainda falta muito para tal questão ocupar um lugar de relevância em suas preocupações do dia-a-dia. Interrogados sobre quão grave consideram uma série de conseqüências ecológicas da ação do homem, 82% dos brasileiros – em média – julgam como “muito sérios” os fenômenos de contaminação, extinção de espécies, exaustão de recursos energéticos e mudança climática.
Gráfico 1 – Gravidade dos problemas ambientais. (% dos que apontam a opção “é um problema muito sério”)Questão: Qual é a seriedade que você atribui a cada um dos problemas indicados: muita, alguma, pouca ou nenhuma
Fonte: Pesquisa realizada com 800 adultos, face-a-face, nas oito principais capitais do Brasil. Nov-Dez.2005. Market Analysis. Margem de erro= ± 3.46%
Mas daí a considerar que a consciência ambiental atingiu seu ápice vai uma grande distância. Estamos muito longe de uma revolução das massas pela sustentabilidade. A admissão da gravidade desses assuntos permanece desconectada do topo da agenda pública nacional. Crise ambiental simplesmente não está inclusa entre os maiores problemas que o país enfrenta atualmente, na opinião dos brasileiros.
O dado surpreende, já que é crescente a atenção da mídia a tais assuntos. Tomando como referência o número de menções aos assuntos pela mídia nacional, nota-se que o espaço dedicado ao efeito-estufa triplicou nos últimos oito anos, enquanto mais do que duplicaram as matérias sobre poluição da água. Só diminuiu ou permaneceu quase igual o número de notícias publicadas sobre gases poluentes ou espécies em extinção.
Principais problemas do mundo para opinião pública brasileira*
(% de menções espontâneas)
Principais problemas do mundo para opinião pública brasileiraPúblico geral – Junho 2005Público geral – Dez 2005Líderes de Opinião – Dez 2005Insegurança/violência 48% 46,5% 13,9%Aspectos comportamentais (ética) 12% 12% 13%Pobreza 14% 11,8% 20%Desigualdade social 4% 6,1% 23,5%Dsemprego-subemprego 7% 5,9% 10,4%Crise ambiental (ameaças/poluição) 6% 3,6% 13,9%Aids/outros problemas de saúde 8% 11,5% 4,3%Total 100% 100% 100%
Mesmo diante das catástrofes naturais e do esgotamento dos recursos energéticos (e suas conseqüências ambientais) que caracterizaram os últimos anos, menos de 4% (3,6%) dos entrevistados mencionam espontaneamente problemas ambientais como poluição, superpopulação ou mudanças climáticas quando consultados sobre sua visão dos principais problemas do mundo. Apenas entre os formadores de opinião, a posição dos tópicos ambientais é melhor – mesmo assim não chega a ser prioritária.
É verdade que o assunto é preocupante para um em cada oito líderes de opinião (13,9%) e ocupa um lugar de destaque junto à violência, guerra, terrorismo e corrupção, degradação moral, intolerância. Ainda assim, perde para fatores vistos por eles como muito mais sérios globalmente, tais como a desigualdade e a pobreza.
Calamidades naturais ou impacto humano?
Tal como indicado no gráfico 1, a poluição da água nos rios, lagos e oceanos é o problema ambiental é considerado com maior seriedade entre os brasileiros: 93% dos adultos residentes nas grandes cidades julgam o problema como “muito sério”. Dentre todos os itens estudados, o que recebeu o menor índice de gravidade foi o da produção e uso do petróleo, embora uma maioria expressiva dos brasileiros o classifiquem como “muito sério” (60%).
Explorando mais a fundo a lógica subjacente às avaliações que o consumidor no Brasil faz dos problemas ambientais, nota-se a existência de duas dimensões de compreensão do assunto. Uma está relacionada à calamidades naturais, como poluição, desaparecimento dos recursos naturais e mudanças climáticas, e outra aos aspectos diretamente referentes às conseqüências econômicas do impacto humano sobre o ecossistema, o que inclui emissão de gases e limitações e problemas decorrentes do uso do petróleo.
Ou seja, ainda existe um descompasso ou dissociação parcial entre as conseqüências ambientais da ação humana e a preocupação com as necessidades econômicas que dependem do uso de energia.
Essa brecha na consciência ambiental surge como um dos principais entraves à popularização prática de iniciativas pró-sustentabilidade ambiental. Afinal, na medida em que se dissocia espontaneamente a necessidade energética dos desastres ecológicos, existe pouca legitimidade para iniciativas que priorizem uma política ambiental sólida em detrimento de investimentos em outras áreas ou em detrimento do crescimento econômico.
Sobre a Market Analysis
A Market Analysis Brasil tem sua matriz em Florianópolis (SC) e a sede operacional em São Paulo (SP). Desde sua fundação, em 1997, já coordenou mais de 600 projetos em 20 Estados brasileiros, além de cinco países da América Latina, entre os quais estão estudos regulares para clientes como American Express, Merck, Motorola, Unilever e RS Consulting.
Sistema informa sobre meio ambiente
O Ministério do Meio Ambiente lançou na quinta-feira (8), no auditório da Agência Nacional de Águas (ANA), o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima), instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) responsável pela organização, integração, compartilhamento, acesso e disponibilização da informação.
O sistema é baseado no desenvolvimento de ferramentas de acesso à informação, na sistematização da informação ambiental e na integração e interoperação de bancos de dados a partir de uma Arquitetura Orientada a Serviços (SOA), viabilizado pela Coordenação Geral de Tecnologia da Informação e Informática do Ministério do Meio Ambiente. A tecnologia utilizada é baseada no uso prioritário de programas computacionais livres, conforme diretrizes estabelecidas pelo Governo Eletrônico-e-Gov.
Já se encontram integrado ao Portal do Sinima, importantes sistemas de informação desenvolvidos pelo MMA, como o Portal Nacional de Licenciamento Ambiental (PNLA), o Sistema de Bases Compartilhadas de Dados sobre a Amazônia (BCDAM), a Rede Virtual de Informação da Caatinga (RVC), o Sistema de Informações do Rio São Francisco (Sisfran), o Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro e Marinho (Sigercom), o Sistema Brasileiro de Informações sobre Educação Ambiental (Sibea), o Sistema de Informações Ambientais do Mercosul (Siam), entre outras temáticas em constante processo de integração no Sinima.
Integrante do NEJ/RS e RedCalc recebe o 1º Prêmio José Lutzenberger
Porto Alegre, RS – A professora e jornalista Ilza Maria Tourinho Girardi, da FABICO/UFRGS e membro do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS) recebeu nesta quinta-feira (08) o 1º Prêmio José Lutzenberger.
A distinção, que foi entregue também para os ambientalistas Cilon Estivalet, Erzelinda Castelani, Fátima Silveira e John Würdig, tem o objetivo de homenagear pessoas e entidades que preservam espécies da flora nativa do Rio Grande do Sul.
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