Eduardo Geraque, de Águas de Lindóia – Agência Fapesp
Do ponto de vista nacional, 1,2 milhão de toneladas de casca de arroz jogadas fora pelos produtores locais do Rio Grande do Sul podem transformar-se em combustível. Na escala mundial, George W. Bush já declarou que os biocombustíveis vão representar 20% da produção de energia nos Estados Unidos até 2020.
Com exemplos como esse de pano de fundo, além de muitos outros ligados ao universo da química, o grupo de pesquisa liderado por Ayrton Martins, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), resolveu desenvolver formas de extrair energia de diferentes tipos de biomassa. Seja da casca de arroz, da serragem do eucalipto ou do caroço do pêssego, os resultados obtidos até agora, apresentados durante a 29ª Reunião Anual da Química (20/5), revelam que o grupo escolheu um caminho promissor.
“Os bioóleos obtidos por meio da pirólise desses tipos de biomassa podem ser usados como combustível e também na geração de vários tipos de produtos químicos. Os balanços econômico, energético, social e ambiental são altamente positivos”, disse Martins à Agência FAPESP. Segundo ele, o óleo derivado da queima da casca de arroz pode até ser usado no lugar do diesel derivado do petróleo. “Ele pode ser usado em veículos, se alguns cuidados forem tomados, como o uso de aditivos”, explica.
Do ponto de vista prático – o uso da energia da casca arroz como combustível ainda está distante – a primeira experiência deverá começar no Rio Grande do Sul nos próximos meses, explica Martins. “Estamos em negociação com alguns grupos de produtores de arroz. A idéia básica é fazer junto com eles uma espécie de usina elétrica”, informa o pesquisador.
Serão cinco nessa primeira fase que vão gerar 1 tonelada de óleo por hora e de 1 a 2 megawatts de potência no mesmo período. Tanto o calor como o bioóleo são frutos da queima da casca de arroz. “É uma produção pequena ainda, mas suficiente para suprir a necessidade energética dos produtores”, explica.
Além de diminuir os resíduos orgânicos – a casca de arroz demora até cinco anos para ser degradada no meio ambiente – o bioóleo gerado na minirrefinaria poderá ter diversas aplicações, que também estão sendo pesquisadas em Santa Maria. “Esse óleo poderá ser usado tanto bruto como refinado. Ele serve como matéria-prima para a indústria petroquímica, para movimentar motores estacionários e até no lugar do querosene. Sem falar na ativação do carvão mineral usado hoje, por exemplo, na purificação das águas do Lago Guaíba, em Porto Alegre”, conta Martins.
Segundo o pesquisador gaúcho, existem no mundo hoje apenas biorrefinarias em fase de teste, algumas instaladas em países como Canadá, Estados Unidos, Finlândia e Holanda. “Acredito que, tanto no Brasil como no resto do mundo, teremos refinarias processando biomassa em menos de dez anos, ainda mais com o atual preço do barril de petróleo”, aponta.
Veja no arquivo abaixo o Estado da Arte do Aproveitamento da Casca de Arroz
ExpoAidis reunirá produtos e serviços em saneamento
Especialistas internacionais em gestão ambiental de todo o mundo vão participar do 30º Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, que será realizado este ano em Punta Del Este, no Uruguai, de 26 a 29 de novembro, no Conrad Hotel & Casino, simultaneamente à feira EXPO AIDIS 2006. Trata-se do mais importante encontro sobre desenvolvimento, ecoeficiência e saneamento ambiental de todo continente americano.
O evento, promovido pela Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS), em parceria com o capítulo Uruguaio, pretende reunir cerca de 1.200 profissionais de todas as Américas.
Os congressistas debaterão temas como gerenciamento e abastecimento de água potável, coleta, transporte e tratamento de esgotos domésticos e industriais, coleta e destinação de lixo urbano, biodiversidade, utilização dos recursos hídricos, qualidade do ar, eficiência energética no saneamento, drenagem urbana, desenvolvimento sustentável e planificação ambiental, entre outros.
Simultaneamente ao 30º Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, será realizada a mais importante feira do setor, a EXPO AIDIS 2006, que receberá cerca de 5.000 visitantes das Américas do Sul, Central e Norte.
A feira, organizada e gerenciada pela Fagga Eventos, contará com mais de 100 expositores da área de saneamento ambiental e reunirá fabricantes de equipamentos e materiais, representantes industriais e comerciais, prestadores de serviço e entidades atuantes do continente americano para apresentar suas soluções e divulgar informações atualizadas de mercados.
O público, tanto do Congresso quanto da Feira, é formado por profissionais de empresas relacionadas ao meio ambiente, consultores, profissionais atuantes nos setores governamentais relacionados com o saneamento e o meio ambiente, professores e estudantes universitários.
A AIDIS é uma sociedade civil técnico-científica sem fins lucrativos que congrega as principais instituições de profissionais e estudantes de toda a América que se dedicam à preservação ambiental, à saúde e ao saneamento. Alcança trinta e dois países, trinta e dois mil associados e vinte e quatro seções nacionais. Líder em seu setor e com presença ativa nas três Américas e no Caribe, a AIDIS realiza a cada dois anos, desde sua fundação em 1948, o Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental. Sua relação com a OMC (Organização Mundial do Comércio) sempre foi de proximidade, garantindo reconhecimento e representações nas assembléias e comitês executivos da entidade e também na OPS (Organização Panamericana de Saúde).
Indústria automobilística busca adequação ambiental
Empresas e entidades da área automotiva do mundo todo reunidas em um evento global com o objetivo de apresentar, discutir e testar as melhores tecnologias ecologicamente corretas no campo da mobilidade sustentável. Esta é a proposta da sétima edição do Michelin Challenge Bibendum (www.challengebibendum.com), que acontecerá em Paris, de 8 a 12 de junho. A edição deste ano terá a participação de todas as fontes de energia, com destaque para veículos elétricos, híbridos, movidos a célula de energia e até mesmo a hidrogênio.
Considerado um dos principais eventos do mundo para o avanço da indústria automotiva, o Michelin Challenge Bibendum foi criado pelo Grupo Michelin, em 1998. Entre suas principais contribuições está o incentivo à pesquisa e desenvolvimento de novas fontes de energia “limpas”, que evitam o desperdício dos combustíveis minerais – de acordo com a comunidade científica, as reservas mundiais de petróleo devem durar de 50 a 120 anos.
O Michelin Challenge Bibendum 2006 abordará três temas principais: “O desafio energético para o transporte rodoviário de amanhã”, “As tecnologias avançadas a serviço de uma mobilidade rodoviária cada vez mais urbana” e “Tecnologia e segurança”. O evento reunirá veículos das maiores montadoras de três continentes (Europa, América e Ásia).
Além disso, promoverá o encontro de diversos segmentos da indústria automotiva como designers, fornecedores de energia, líderes técnicos, universidades, parceiros industriais, organizações governamentais e não-governamentais.
Como nas edições anteriores, o Michelin Challenge Bibendum 2006 deverá reunir veículos movidos a gasolina, álcool (metanol), gás natural, diesel, célula de combustível (hidrogênio) e ainda protótipos elétricos e híbridos, aperfeiçoados continuamente nos laboratórios das montadoras, que contribuirão para a redução na emissão de monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), entre outros gases nocivos à saúde.
Atualmente, no Brasil, um veículo de passeio emite 0,7 g/km de monóxido de carbono, enquanto há 20 anos um carro zero-quilômetro lançava na atmosfera 54 g/km – números que representam uma redução de 98%. Esse tipo de avanço deve-se ao desenvolvimento de novas tecnologias comprometidas com o meio ambiente. O evento promovido pela Michelin pretende incentivar novas pesquisas que contribuam ainda mais com a proteção do meio ambiente.
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