
O primeiro Sistema Integrado de Reuso dos Efluentes da Dessalinização – criado pela Embrapa Semi-Árido e implementado com investimentos sociais da Fundação Banco do Brasil no Estado de Pernambuco – vira modelo e torna-se política pública para os outros estados do Semi-Árido Brasileiro. O anúncio da reaplicação da tecnologia foi feito no dia 28 de abril, pela ministra do Meio Ambiente Marina Silva, em Atalho, durante a cerimônia de entrega do sistema aprimorado e ampliado à comunidade.
O Sistema Integrado, além de produzir água potável, reaproveita o sal proveniente da dessalinização para a criação de tilápias (peixes de água doce que se reproduzem até mesmo no mar) e no cultivo de uma planta conhecida como erva-sal, utilizada na alimentação de caprinos e ovinos. Os peixes são comercializados pela comunidade e o dinheiro da venda é usado para manter o próprio sistema. A tecnologia evita ainda a contaminação do solo e do lençol freático.
O sistema é inovador porque traz benefícios para a comunidade e também para o meio ambiente. Nas regiões castigadas pela seca, o uso de dessalinizadores para purificar a água retirada de poços, com alto teor de sal, é muito comum. Entretanto, o sistema tradicional provoca um grande impacto ambiental, porque a sobra de sal é, geralmente, depositada a céu aberto, causando degradação no solo – cada litro de água pura, resulta em meio litro de rejeito (água concentrada de sais).
“Muitas comunidades abandonavam os dessalinazadores porque não conseguiam arcar com os custos da manutenção”, explica o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena. “Agora, elas terão condições de gerar renda”, completa. A experiência será reaplicada, inicialmente, em 22 comunidades dos 11 estados do Semi-Árido Brasileiro: Paraíba, Alagoas, Ceará, Piauí, Bahia, Rio Grande do Norte, Sergipe, Maranhão, Pernambuco, Minas Gerais e Espírito Santo.
A Fundação Banco do Brasil destinará R$ 4 milhões para a implantação de 11 unidades demonstrativas do Sistema Integrado, nos estados do Semi-Árido. “Esse é um bom exemplo de tecnologia social, uma solução eficiente, encontrada por uma comunidade, que será levada para muitas outras, a partir do trabalho de uma rede, envolvendo comunidade, governo e iniciativa privada”, afirma Pena.
A ação faz parte do Programa Água Doce, que conta com um investimento da ordem de R$ 13,4 milhões, a partir da parceria entre a Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Fundação Banco do Brasil, Embrapa Semi-Árido, Petrobras, BNDES e Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, dentre outros. O objetivo do programa é democratizar o acesso à água de qualidade e promover a melhoria das condições de vida das populações do semi-árido brasileiro.
Corais inusitados
Agência FAPESP
A acidificação dos oceanos, causada pela maior quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, e a pesca feita cada vez mais em escala industrial, por todos os mares, são os piores inimigos para os corais de águas frias ou de profundidades maiores. A afirmação consta de um estudo publicado pela revista Science.
Segundo o artigo, que faz uma revisão de todas as últimas descobertas sobre esses corais inusitados – o mais comum é encontrar esses ambientes em águas tropicais e rasas –, os dois fatores apontados anteriormente são até mais maléficos para os ecossistemas do que os vazamentos de óleo, por exemplo.
Para Murray Roberts, da Sociedade Escocesa de Ciências Marinhas, e colaboradores os corais das águas frias e também os mais profundos precisam ser muito mais estudados pelos cientistas. A falta de informação que existe sobre eles, em comparação com os similares dos trópicos, é muito grande.
Os corais, lembram os pesquisadores, são importantes por vários motivos. Além de serem um verdadeiro centro de diversidade biológica, eles servem para estudos de biogeografia e de funções biogeológicas. “Além, também, de oferecerem muitas informações paleoclimáticas importantes”, afirmam os cientistas no artigo.
O artigo Reefs of the Deep: The Biology and Geology of Cold-Water Coral Ecosystems pode ser lido no site:
www.sciencemag.org.

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