
Luciano Fernandes estuda o problema das algas invasoras no Paraná. O pesquisador se surpreendeu com uma floração registrada em maio de 2001
Eduardo Geraque, Agência FAPESP
Mais de 2.000 navios atracam a cada ano apenas no porto de Paranaguá, no litoral paranaense. Uma única embarcação pode carregar 130 mil toneladas de água de lastro de um continente para outro, ou quase um terço de seu volume. Como essa água salgada é captada no baía de origem, ela não vem sozinha. Além do sedimento, muitas algas e diversos outros organismos também seguem a bordo.
“No caso do Paraná, temos duas espécies que podem ser consideradas invasoras”, disse Luciano Fernandes, pesquisador do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), à Agência FAPESP. O especialista em algas se refere às espécies Heterosigma akashiwo e Gymnodinium catenatum.
No primeiro caso, a alga protagonizou, em maio de 2001, uma gigantesca floração. “Nunca tinha visto algo do tipo”, explica o pesquisador, que sobrevoou a região da baía de Paranaguá na época. As análises registraram até 3 milhões de células em um único litro de água. “Essas microalgas liberam toxinas que são letais para os peixes”. Situações como essa, explica Fernandes, causam impactos tanto econômicos como ecológicos.
“Uma das ações imediatas e necessárias é fazer com que os navios troquem a água de lastro em regiões oceânicas. Isso pode ajudar bastante”, diz Fernandes. Isso ocorre, principalmente, por causa da diferença de salinidade que costuma existir entre as regiões mais litorâneas e o alto-mar. Como essa técnica nem sempre resolve o problema (em uma troca até 30% da água antiga pode permanecer a bordo), os pesquisadores tentam desenvolver alternativas.
“Estão sendo estudadas, por exemplo, formas físicas de impedir que os organismos entrem e viajem pelos tanques”, disse o pesquisador da UFPR. Além de filtros, para serem instalados na entrada da água de lastro nos navios, métodos de pressurizar o líquido para que os organismos sejam mortos por esmagamento também estão sendo pensados. “Técnicas com ozônio, para serem aplicadas a bordo, também podem surgir.”
Desde o dia 15/10 entrou em vigor uma determinação da Marinha do Brasil para que navios que atraquem nos portos nacionais sejam vistoriados. As embarcações terão que preencher um formulário em que deverá ser informado se houve ou não troca de água em alto-mar. “Essa é uma medida positiva, sem dúvida. O texto da norma é claro: “As embarcações deverão realizar a troca da água de lastro a pelo menos 200 milhas náuticas da costa e em águas com pelo menos 200 metros de profundidade”.
Segundo o pesquisador do Paraná, nos casos das potenciais invasões por águas de lastro, prevenir é sempre o melhor caminho. “Temos que ter sempre em mente que esse problema é mundial”, diz. Em um determinado momento, calcula Fernandes, cerca de 7.000 espécies estão chegando no porto de Paranaguá por meio das águas usadas para estabilizar os navios.
Prefeitura de Embu denunciada por crime ambiental
Entidades de defesa do meio ambiente estão denunciando a Prefeitura da Estância Turística de Embu (SP)por “promover a destruição de grande área de matas nativas do município, remanescentes de Mata Atlântica em estágio avançado de recuperação, e dos mananciais através de mudança na lei de zoneamento do município.”.
Segundo eles a Prefeitura Municipal de Embu destinou áreas originalmente recomendadas para o desenvolvimento de atividades ecoturísticas e de turismo rural, para a implantação de indústrias e comércio no coração verde do município,
A população do bairro de Itatuba, nas proximidades da região ameaçada pela nova lei de zoneamento do município, já iniciou movimentação para impedir que a determinação da Prefeitura seja consumada. Foram encaminhadas ao Prefeito Geraldo Cruz mais de 6.000 assinaturas solicitando a preservação do meio ambiente da região de Itatuba e adjacências.
Embu é o centro turístico e cultural mais antigo da Grande São Paulo, tendo surgido de uma vila de padres jesuítas no ano de 1554. Suas densas matas oferecem ao visitante possibilidades de contato com a Natureza e com produtores de flores, mel e verduras (turismo rural), a poucos minutos do centro de São Paulo!
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