
Eduardo Geraque, de Curitiba – Agência FAPESP
A vida das comunidades que vivem na reserva do Jalapão, no Estado do Tocantins, mudou bastante na última década. Moradores da comunidade da Mumbuca, por exemplo, que viviam isolados até o fim da década de 1980, agora sentem os efeitos da explosão do turismo na região.
Com a chegada dos turistas, uma das atividades que tem se mostrado mais promissora é o artesanato. O que antes era apenas uma tradição herdada dos índios e transmitida de geração em geração se tornou um serviço para toda a família, e não mais apenas para as mulheres. A produção de roupas, bolsas, porta-lápis, brincos e pulseiras é feita também pelas crianças e pelos homens das comunidades.
“A renda média dessas famílias varia hoje dos R$ 150,00 aos R$ 580,00. Isso, para os padrões da região, é muito considerável”, disse Isabel Figueiredo à Agência FAPESP. A ecóloga e aluna de pós-graduação da Universidade de Brasília (UnB) participa de projetos de etnobotânica na região do Jalapão.
Uma das principais matérias-primas usadas pelos artesãos é o capim dourado, planta bastante abundante em toda a área. “Eles usam feixes concêntricos do capim, tudo costurado com o buriti, que fornece uma espécie de seda”, explica Isabel, que apresentou parte dos resultados de sua pesquisa no 56º Congresso Brasileiro de Botânica, que está sendo realizado em Curitiba.
Para entender o efeito antrópico sobre a exploração do capim (os especialistas ainda estão analisando se são usadas uma ou mais espécies de sempre-viva da família Eriocaulaceae), os pesquisadores estudaram o ciclo de vida do vegetal que vive em um cerrado com bastante água disponível.
“A espécie entra na floração uma vez por ano. Uma planta pode ter até 2 mil sementes e os testes feitos em laboratório mostraram que a taxa de germinação é bastante alta”, explica a pesquisadora.
Se a abundância parece não ser problema para o capim dourado no Jalapão, o aumento do artesanato está causando um processo preocupante no campo. Muitas pessoas que nunca coletaram a espécie estão fazendo isso agora. E, além disso, em momentos equivocados em termos de ciclo produtivo. “A coleta é às vezes feita muito cedo, ainda durante a floração, antes da dispersão das sementes”, conta Isabel.
Os primeiros resultados do estudo mostram que mesmo a preocupação com as coletas precoces pode ser exagerada. “Esse processo não mata a planta e também não atrapalha a dispersão das sementes. Como o interesse não está na flor, e sim no escapo, essas coletas não têm causado alteração significativa, pelo menos até agora.”
Como o capim dourado também não tem um grande interesse para a fauna, mas mostrou apresentar um elevado potencial econômico para as comunidades, o caminho agora é tornar a relação planta e homem sustentável.
“O capim é muito abundante e tem alta importância econômica. Um dos desdobramentos práticos do nosso estudo é que o Instituto da Natureza do Tocantins baixou uma portaria que recomenda que a coleta do capim dourado não ocorra antes do dia 20 de setembro, período do ano considerado como o final da floração”, disse Isabel.
Foto: onde comprar artesanato
IPTU ecológico
O prefeito do Porto Alegre, José Fogaça, e o secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, assinaram no último dia 14, no Salão Nobre da Prefeitura, o Termo de Compromisso do primeiro IPTU Ecológico.
O documento, que isenta as áreas consideradas de interesse ambiental e ecológico, refere-se ao imóvel situado na Avenida Coronel Marcos, 1050. O terreno é formado por vegetação campestre, com mata nativa junto aos córregos que incidem no local e integram as áreas destinadas ao Parque Natural Morro do Osso.
Os critérios que definem as áreas consideradas de interesse ambiental estão no Decreto 14.265/2003. O proprietário deve solicitar à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) o reconhecimento do imóvel, ou parte dele, como sendo de interesse ambiental, anexando a matrícula do imóvel e a planta com a sua localização. Após, a Smam faz uma vistoria para verificar se área é de preservação e, em caso positivo, é elaborado um Termo de Compromisso Ambiental Fiscal (TCAF), assinado pelo proprietário do imóvel, que deve ser averbado no Registro de Imóveis para ser requerido o benefício perante a Fazenda Municipal.
Segundo o secretário Beto Moesch, a implantação do IPTU Ecológico
é um importante instrumento tributário que estimula a preservação, colocando Porto Alegre mais uma vez como pioneira em questões de gestão ambiental.

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